Regime chinês disfarça colonização de Hong Kong

30/10/2013 16:00 Atualizado: 05/11/2013 14:28

Quando o Partido Comunista Chinês (PCC) quer reforçar seu controle sobre uma área particular na China, ele incentiva um grande número de pessoas que são leais ao PCC a se deslocarem para essa área. Isto é conhecido como “colonização” e é o que tem ocorrido no Tibete, em Xinjiang e agora em Hong Kong.

Cada entidade política no mundo tem seu próprio conjunto de políticas de imigração. Mesmo as grandes cidades da China continental têm autonomia para aprovar imigrantes e receber ou não recém-chegados segundo suas necessidades e possibilidades.

No entanto, alguns lugares na China não têm esses direitos ou autonomia, porque são lugares que o PCC quer colonizar. Por exemplo, quando o PCC queria usar a imigração para controlar o Tibete, eles desconsideraram os direitos dos tibetanos e incentivaram um grande número de chineses han, a maioria étnica na China, a migrarem para o Tibete.

Como a famosa escritora tibetana Woeser apontou, o PCC convidou os chineses han a mudarem sua origem étnica para se tornarem tibetanos e ofereceu duplo registro domiciliar e privilégios aos han. Esta foi uma colonização disfarçada de autonomia. Quando o Dalai Lama pediu que o Tibete e a China fossem separados como “um país, dois sistemas”, seu pedido foi rotulado como “separatismo tibetano”.

Qual é a diferença entre imigração e colonização? O direito de aprovação: a imigração significa que a área em questão possui direitos de aprovação e a colonização significa que eles não têm qualquer direito. A imigração é aberta a aplicação global, enquanto a colonização é restrita por um poder dominador externo.

Na Região Administrativa Especial (RAE) de Hong Kong, o governo não tem direito de conceder licenças de imigração ou de ajustar as quotas de imigrantes. Isso significa que Hong Kong é incapaz de recusar criminosos, como Shi Jun-Long, que cometeu homicídio e incêndio criminoso no Departamento de Imigração.

Patrocinadores de reuniões familiares de imigrantes não-chineses devem documentar a renda dos convidados, que também estão sujeitos a restrições de idade. Os patrocinadores também têm de provar que podem fornecer alojamento adequado para as reuniões. Imigrantes da China, no entanto, estão isentos destas exigências.

Isso mostra que quem vai da China para Hong Kong faz parte da colonização do PCC e que Hong Kong não tem escolha senão se submeter.

No caso do Grupo Yuanhua em 2006, foi revelado que a família do contrabandista Lai Changxing levou 58 pessoas para Hong Kong, inventando uma reunião de família falsa, forjando documentos e dizendo que eram familiares e amigos.

A China revelou esta armação para forçar a repatriação de Lai Changxing para a China continental. Hong Kong nunca teria revelado a falsificação dessas 58 licenças de imigração ou alegado ilegalidade.

Calamidade humanitária

Estes casos são apenas a ponta do iceberg. Houve muitas confissões sobre licenças de imigração ao longo dos anos e parece que os departamentos governamentais em toda a China têm aleatoriamente concedido essas licenças a parentes da classe privilegiada, enquanto as verdadeiras reuniões de família são adiadas.

Como o Departamento de Imigração de Hong Kong não tem direitos de aprovação, alguns novos imigrantes não têm patrocinador em Hong Kong e não têm como se adaptar ou viver lá. Eles vivem em situação de miséria depois de perderem seu registro de residência na China continental. O governo não pode continuar a apoiar esses casos indefinidamente, pois isto já se tornou uma calamidade humanitária.

A colonização de Hong Kong é ainda mais problemática porque há sistemas jurídicos diferentes praticados na China e em Hong Kong e é impossível combinar os dois num futuro previsível. Esta situação incentiva novos imigrantes a esconderem seus ativos na China continental, enquanto lucram com o pagamento dado a pais solteiros de Hong Kong que estão em necessidade extrema.

Estes pagamentos eram originalmente concedidos apenas aos residentes permanentes que viveram em Hong Kong por até sete anos. No entanto, segundo um comunicado de setembro da Secretaria dos Assuntos Internos, 27% das novas famílias de imigrantes que vivem abaixo da linha de pobreza recebem esses pagamentos.

Estes números violam as regras de elegibilidade. Isso não representaria problema se o público de Hong Kong concordasse com a nova política de imigração. No entanto, as pessoas de Hong Kong não estão autorizadas a alterarem sua política imigratória.

A nova política de colonização tem gerado grande descontentamento em Hong Kong. O jornal Diário do Povo, uma mídia porta-voz do PCC, pede que as pessoas de Hong Kong sejam tolerantes com “os novos habitantes de Hong Kong”, mas isso é apenas um disfarce para discriminar outros imigrantes estrangeiros que não façam parte da política colonizadora do regime comunista chinês. No final, as decisões finais sobre imigração deveriam ser tomadas pelo povo de Hong Kong.