Regime chinês critica EUA sobre ataque à Síria

30/08/2013 12:45 Atualizado: 30/08/2013 12:47
O chanceler chinês Wang Yi (centro) no Vietnã; ele disse que a China está de olho na Síria e a mídia estatal alertou os EUA sobre uma intervenção militar, após o uso de armas químicas ser reconhecido (Hoang Dinh Nam/AFP/Getty Images)
O chanceler chinês Wang Yi (centro) no Vietnã; ele disse que a China está de olho na Síria e a mídia estatal alertou os EUA sobre uma intervenção militar, após o uso de armas químicas ser reconhecido (Hoang Dinh Nam/AFP/Getty Images)

Depois que o presidente Obama disse estar considerando ataques aéreos limitados sobre alvos militares ativos do regime sírio, que recentemente foram acusados de usar armas químicas contra civis, a mídia estatal chinesa foi ligeira em advertir: Não tão rápido.

“Este incidente de ‘uso de armas químicas’ não pode ser tratado de forma infundada”, disse o escritor Zhong Sheng no Diário do Povo, uma mídia estatal porta-voz do Partido Comunista Chinês (PCC). “Qualquer ação posterior deve ser sustentada pelos resultados de uma investigação confiável.”

“Certas forças externas estão tentando reunir apoio público para intervir diretamente nos assuntos da Síria”, disse ele. Até o final do artigo, fica claro a que são as forças externas ele se refere.

O autor reconheceu que o uso de armas químicas seria uma violação das convenções internacionais e um “crime grave”. O país deveria se submeter a uma equipe de investigação liderada pelas Nações Unidas e todas as partes devem pacientemente aguardar os resultados, diz o artigo.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse a mídia estatal Xinhua: “A China mantém vigilância estreita sobre a mais recente situação na Síria” e espera ver uma investigação da ONU.

“Nos últimos anos, a China sempre esteve do lado de apoiar ditaduras na região do Oriente Médio”, disse Hu Ping, o editor da uma revista chinesa pró-reforma ‘Primavera de Pequim’, em entrevista por telefone. “Então, eles são contra qualquer interferência”, disse ele.

Hu Ping acrescentou: “Eles não têm outra razão conveniente para se opor à intervenção, então, eles escrevem um artigo com base nesta questão das armas químicas.”

Além de o presidente Obama insinuar um ataque, a ideia de uma intervenção militar direta na Síria tem sido apoiada por outros países. O chanceler britânico William Hague disse que mesmo sem a unidade completa no Conselho de Segurança da ONU, a ação ainda pode ser tomada em resposta ao uso de armas químicas.

O chanceler francês Laurent Fabius disse que havia fortes indícios de que o governo sírio é responsável pelo “massacre químico” e pediu inspeções da ONU imediatamente.

Outro artigo de 18 de agosto no jornal militar Diário do Exército de Liberação Popular, amplamente copiado para outros sites oficiais chineses, foi intitulado “Os VANT [veículos aéreos não tripulados] indisciplinados e fora de controle dos EUA”. O texto não fazia referência à Síria, mas criticou os Estados Unidos por infringir “imprudentemente” e “sem a menor vergonha” a soberania de outros países com seus VANT.

O artigo recente do Diário do Povo comparou as observações dos EUA sobre a Síria com sua invasão do Iraque.

No caso da Síria, a administração Obama disse que pensava em ataques limitados, que não durariam mais de um ou dois dias, com foco nas unidades militares e bases envolvidas nos ataques químicos. Um porta-voz do Departamento de Estado disse que o objetivo não seria derrubar o regime sírio, mas simplesmente desativar sua capacidade de armas químicas.

O líder sírio Bashar al-Assad é acusado de matar 1.300 pessoas com armas químicas, liberadas no leste e sudoeste de Damasco em 21 de agosto.