Regime chinês corteja África com Institutos Confúcio e bolsas de estudo

04/10/2012 11:57 Atualizado: 04/10/2012 11:57
Estátua de Confúcio em Pequim em 2008. (Frederic J. Brown/AFP/Getty Images)

Num movimento que os críticos dizem que se destina a aumentar a influência chinesa na África, o regime chinês planeja distribuir milhares de bolsas de estudos para os residentes do continente, enquanto cria dezenas de Institutos Confúcio, centros educativos que têm sido criticados por promoverem a ideologia do Partido Comunista Chinês (PCC) e sua história revisionista.

O PCC anunciou o “Plano de Talentos Africano” de três anos em julho, que visa a formação de cerca de 30.000 africanos e o oferecimento de 18 mil bolsas de estudo patrocinadas pelo governo, segundo a Xinhua, uma mídia estatal chinesa porta-voz do PCC. O anúncio foi feito pela primeira vez pelo líder chinês Hu Jintao e incluiu uma linha de crédito de 20 bilhões de dólares para os países africanos em investimento de infraestrutura, indústria e agricultura.

A conferência foi realizada recentemente em Stellenbosch, uma cidade da África do Sul, para “traçar o projeto pelo desenvolvimento futuro” de Institutos Confúcio em todo o continente. Xu Lin, o diretor-geral do Instituto Confúcio, proclamou que o PCC fundou 31 de suas escolas em 26 países africanos, com algumas oferecendo graduação nesses países.

Mas por trás da generosidade está um plano para ganhar influência, segundo dissidentes chineses e críticos do regime. Gong Lei, um escritor independente da província de Shandong, disse à emissora NTDTV, “A principal razão do PCC investir na África é que o regime quer seus votos na ONU.”

Votos nas Nações Unidas podem ajudar a bloquear a crítica ao regime chinês e investigações de abusos de direitos humanos na China ou podem ser usados para bloquear os esforços dos Estados Unidos e de outros países para colocarem sanções sobre governos ditatoriais que cometem violência contra seus cidadãos. “Eles querem apoiadores na ONU […] Os gastos são o dinheiro suado do povo chinês trocado por votos. De fato, muitos chineses vivem em terríveis condições, mas o PCC não se importa”, disse Gong Lei.

O PCC tem investido há longo tempo na África, mas, em décadas anteriores, a ênfase foi na luta revolucionária contra as forças imperialistas. Agora, o PCC busca influenciar o continente por meio de iniciativas econômicas e culturais, dizem analistas.

Até 2011, a China foi o maior parceiro comercial da África pelo terceiro ano consecutivo, com um volume total de negócios de cerca de 166 bilhões de dólares, segundo dados da ONU. Chen Deming, o ministro do Comércio da China, disse que cerca de 2.000 empresas chinesas investiram diretamente na África.

As bolsas de estudo e os Institutos Confúcio são realizados no lado cultural da equação, significando que o PCC está “estabelecendo sua imagem” na África, segundo o artista chinês He Guoquan de Guangzhou, que acompanha de perto a política chinesa, numa entrevista com NTD.

Os Institutos Confúcio, que se reportam diretamente ao Ministério da Educação da China, têm escolas nos Estados Unidos e em outros países ocidentais, com 387 institutos e 509 escolas primárias e secundárias em todo o mundo.

Yao Zhe, um professor da Califórnia do Sul, disse ao Epoch Times em 2009, que, em sua experiência, o Instituto Confúcio ensina aos estudantes coisas como “amar o Partido [Comunista] é patriótico”.

No início deste ano, a seção “Crianças” do Instituto Confúcio Online apresentou uma seção sobre a Guerra da Coreia intitulada “A guerra para resistir à agressão dos EUA e ajudar a Coreia”. A seção explicava que a China “esmagou as ambições imperialistas agressivas” e “reforçou o prestígio internacional da China”. A seção foi removida depois que um estudioso trouxe a questão para seus pares numa lista de e-mail.

Frank Cohee, o secretário da Associação de Veteranos da Guerra da Coreia, disse ao Epoch Times que a narrativa do Instituto é um “disparate” e “que é estritamente propaganda”.

Enquanto isso, Institutos Confúcio têm sido muito criticados por internautas chineses em websites de mídia social como um desperdício de dinheiro. Alguns disseram que as escolas devem ser fechadas e que o dinheiro retornado para promover o sistema educacional da China.

Gong Lei observou que o PCC “não tem medo de gastar dinheiro”. Ele acrescentou, “O PCC tem dinheiro. Ele lançou os Jogos Olímpicos, a Exposição Mundial… Ele quer criar uma grande imagem e não se importa em gastar dinheiro.”

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