Regime chinês confisca papel higiênico com caricaturas do líder de Hong Kong

11/02/2015 14:28 Atualizado: 11/02/2015 14:28

Autoridades do sul da China apreenderam cerca de 8 mil rolos de papel higiênico e outros 20 mil pacotes de guardanapos de papel contendo imagens de Leung Chun-ying, o chefe do executivo de Hong Kong, segundo um funcionário do partido político que fez a encomenda.

As peças estavam sendo vendidas em um mercado de Hong Kong para as celebrações do Ano Novo Lunar no final deste mês, disse Lo Kin-hei, vice-presidente do Partido Democrata de Hong Kong.

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A apreensão ocorreu depois que Hong Kong foi abalada por um movimento pró-democracia em que manifestantes exigiam maior liberdade eleitoral do que Pequim está disposta a conceder. Durante os protestos, os manifestantes expressaram sua raiva sobre Leung, chamando-o de marionete de Pequim, e pedindo-lhe que se demitisse.

Nenhuma razão foi dada para o confisco dos bens, disse Lo. “Eu acho que (as autoridades chinesas) não gostam de pessoas zombando de funcionários do governo, especialmente os funcionários de alto escalão, depois desse movimento. Eles tornaram-se mais cautelosos sobre as críticas sobre eles”, disse ele.

Os 4 mil rolos de papel higiênico com a imagem de Leung se esgotaram nos mercados no ano passado, então o partido decidiu encomendar mais este ano de uma fábrica em Shenzhen, acrescenta Lo.

As imagens são caricaturas. Uma delas ilustra duas presas na boca de Leung, e outra tem a palavra “mentira” estampada no verso. O Símbolo da foice-e-martelo do Partido Comunista Chinês também aparece em outros produtos.

O pedido foi feito sob o nome de um amigo para não revelar o partido como o verdadeiro comprador, e todas as comunicações foram feitas por meio do amigo em vez do partido, disse Lo.

Citando a necessidade de proteger o fabricante, Lo se recusou a revelar o nome da fábrica e disse que não tinha informações sobre o paradeiro do dono da fábrica. “Estamos preocupados com o que aconteceu com ele”, disse Lo.

As chamadas para a polícia de Shenzhen, local da fábrica que fica dentro da China continental, não tiveram resposta no sábado, e não havia nenhum relatório oficial sobre qualquer apreensão de papel higiênico.

Lo disse que considera o ato preocupante, pois indica maior repressão das autoridades chinesas sobre a liberdade de expressão, que é garantida na Constituição de Hong Kong.

“Muitos produtos em Hong Kong provêm do continente. Este tipo de brincadeira pode significar que, no futuro, será mais difícil trazer produtos do continente”, disse Lo. “É preocupante para as pessoas de Hong Kong que continuem suprimindo a liberdade. Vamos nos tornar como o continente se esse tipo de brincadeira não for permitida em Hong Kong.”