Autoridades locais tentaram liquidar os protestos recentes na província de Sichuan, quando residentes se reuniam para se manifestar contra a construção de uma grande fábrica petroquímica sobre uma falha geológica.
Localizada em Pengzhou, próxima de Chengdu, a fábrica de 40 bilhões de yuanes pertence à PetroChina, uma gigante estatal do petróleo que planeja produzir 10 milhões de toneladas de óleo refinado, quase 1 milhão de toneladas de etileno por ano, bem como um derivado tóxico chamado paraxileno (PX).
Os moradores têm protestado contra o desenvolvimento por cinco anos e planejavam “andar nas ruas” em protesto para comemorar a manifestação de 4 de maio de 2008, mas o Partido Comunista Chinês (PCC) tinha outros planos.
Num anúncio de 29 de abril, o governo municipal de Chengdu alegou que a PetroChina disse que “a produção não seria permitida até que o projeto tivesse aceitação legal”. No entanto, os moradores não estão convencidos.
Em seguida, as autoridades de Chengdu fizeram uma campanha de porta em porta distribuindo panfletos para “manter a estabilidade” e pedindo aos moradores que assinassem um documento prometendo não participarem de qualquer protesto de direitos humanos. As forças policiais foram mobilizadas para a área.
Um morador local anônimo disse ao Epoch Times que visitou o local da instalação, porque está preocupado com os efeitos sobre a saúde de sua família. “Esta enorme fábrica química está sendo construída num local propenso a terremotos e as pessoas de Sichuan terão de arcar com as consequências, isso é altamente irresponsável. Experimentamos um terremoto em 12 de maio e, agora, cinco anos depois, outro poderoso terremoto em 20 de abril. Todos que vivem aqui se sentem sob enorme pressão.”
Um morador chamado Huang Xiaomin acrescentou que recebeu lembretes e advertências das autoridades. “Eles estabeleceram limites até onde eu posso ir”, disse ele. “Duas horas atrás, eu assinei um documento garantindo que ‘não assistirei ou participarei’ de manifestações. As ruas estão cobertas com notas de advertências.”
Um internauta de Chengdu postou um aviso do governo local no Weibo que também se dirigia às empresas locais: “A todos na vila de Banbianjie, residentes do município de Jitou, farmácias, clínicas e membros das indústrias de impressão: a partir de agora, se alguém for a seu negócio para comprar máscaras ou outros itens em quantidade ou para copiar e imprimir qualquer coisa, especialmente envolvendo ‘saúde pública, projeto petroquímico de Pengzhou, PX’ ou outros termos relacionados, anote o número da identidade do indivíduo e o telefone. Também, por favor, denunciem-no rapidamente à delegacia de polícia ou a um policial na comunidade. Obrigado por sua cooperação!” O anúncio também incluía os números de telefone da delegacia de polícia e da polícia comunitária.
Outro internauta no Weibo comentou: “Isso é sinistro. Nossa empresa recebeu instruções hoje para verificar todos os empregados de Pengzhou e avisá-los para não causarem problemas sobre a fábrica química. Aparentemente, nossa empresa não é a única que recebeu essas instruções, mas muitas outras empresas também. Que tipo de sociedade é essa?”
O empresário local Chen Qian disse ao Epoch Times que a equipe de segurança da comunidade também se juntou aos protestos nos últimos dois dias. “O governo está muito nervoso e em pânico”, disse ele.
Moradores ficaram mais irritados quando a Segurança Pública de Chengdu emitiu uma nota afirmando que todo o sistema de segurança pública da cidade realizará um treinamento de combate para “apoiar as vítimas do terremoto e criar uma Chengdu pacífica”.
“Combate real? Quem é o inimigo?”, perguntou um internauta chinês.
Projeto perigoso
Quando o projeto foi apresentado pela primeira vez em 2008, a revista Semana da Ásia de Hong Kong informou que, além da ameaça potencial de terremotos, as águas residuais da fábrica aumentarão a poluição do rio Tuojiang e gases de escape serão emitidos diretamente na bacia do Chengdu. Conhecida como “a cidade mais habitável da China”, ela se tornaria um lugar tóxico.
A revista entrevistou o ativista ambiental Tan Zuoren, agora preso após chamar a atenção sobre as construções de má qualidade que esmagaram crianças durante o terremoto de Wenchuan em 2008, que disse na época: “Tenho trabalhado pela proteção ambiental por muitos anos e feito um planejamento para o governo municipal de Chengdu. Apenas uma olhada no local da petroquímica de Pengzhou me diz que será terrível. Como pode esta gigante fábrica petroquímica ser construída em Chengdu, uma área onde a água flui a montante e os ventos sopram desfavoravelmente, além de estar numa zona sísmica?”
Um morador anônimo de Chengdu disse ao Epoch Times que o projeto foi proposto quando Li Chuncheng, o ex-vice-secretário do PCC em Sichuan, aliou-se com os monopólios estatais do petróleo e aqueles no poder foram subornados pelo ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang, que também controla a PetroChina. A fonte disse que a fábrica é “um projeto manchado com sangue para aumentar o PIB”.
Li Chuncheng era um ex-agente de Zhou Yongkang que foi detido em dezembro passado por corrupção.
O 4 de maio também é uma data sensível para o PCC, pois significa o início do influente movimento estudantil que gerou demonstrações em Pequim em 1919.
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