Regime chinês tenta prender funcionários do governo que fogem do país

25/07/2014 18:32 Atualizado: 25/07/2014 18:32

O Ministério da Segurança Pública (MSP) da China lançou recentemente uma campanha especial chamada “Caça à Raposa 2014”, que visa a prender criminosos econômicos que fugiram da China, incluindo muitos funcionários corruptos. O destino predileto de membros do alto escalão do Partido Comunista Chinês (PCC) é a América do Norte, segundo um acadêmico especialista.

A campanha começou em 22 de julho e dura até o final deste ano, segundo o MSP. “Um número de suspeitos fugitivos estão envolvidos em crimes de corrupção. Suas prisões estão diretamente relacionadas com o avanço da campanha anticorrupção”, disse Liu Guojin, vice-diretor do MSP e vice-secretário do PCC, numa conferência de imprensa na terça-feira.

Liu indicou que o MSP criará auditorias para cada suspeito criminal e mobilizará as massas para fornecer informações relacionadas aos suspeitos em troca de recompensas.

Funcionários corruptos que fogem da China com grande quantidade de capital se tornaram um problema significante nos últimos anos. O sistema judicial da China prendeu mais de 18 mil funcionários fugitivos suspeitos de crimes financeiros entre 2000-2011, segundo a mídia estatal Diário da Manhã de Xiaoxiang (DMX).

“Entre os funcionários corruptos fugitivos, os que têm identidade mais importante e grande capital fogem principalmente para o Canadá, Estados Unidos e Austrália. Aqueles que são funcionários menores escolhem a América Latina, África, Leste Europeu ou países vizinhos do Sudeste Asiático. Alguns países insulares do Pacífico e alguns da América Central também são populares entre funcionários corruptos”, disse Li Chengyan, professor da Escola de Administração da Universidade de Pequim, ao DMX. Nenhum dado oficial publicado confirmou a análise de Li.

A maior dificuldade da nova campanha é que a China só tem tratados de extradição com 37 países e os Estados Unidos, o Canadá e a maioria dos países da União Europeia não estão entre eles, diz o artigo.

O fenômeno de funcionários públicos em fuga deve aumentar este ano, segundo o Anuário Estatístico do Estado de Direito publicado em fevereiro deste ano pela Academia Chinesa de Ciências Sociais. “As chances de fuga são especialmente elevadas para os funcionários públicos que têm laços estreitos com funcionários fugitivos ou cujo capital já está no estrangeiro”, diz o anuário.

Sob grande pressão da campanha anticorrupção em andamento no país, alguns funcionários chineses subitamente cortaram o contato ou fugiram durante suas viagens de trabalho. Alguns levam os familiares em visita ao exterior, alegam tratamento de saúde ou tiram férias como desculpa para fugir, segundo a mídia estatal Diário do Povo em maio deste ano.

O Diário do Povo diz que muitos dos funcionários fugitivos têm posições de responsabilidade financeira significativa nas finanças do Estado, tributação, transporte, departamentos de terra e assim por diante. A quantidade de dinheiro envolvido em seus casos “frequentemente chega a dezenas ou centenas de milhões de yuanes” (10 milhões de yuanes equivale a 1,6 milhão de dólares).

A maioria dos funcionários corruptos que fogem tem um plano preparado. “Muitos funcionários corruptos se tornaram ‘funcionários nus’ primeiro, ou seja, suas esposas e filhos se mudam para o estrangeiro antes de eles fugirem”, afirmou Liao Ran, diretor do Departamento da Ásia-Pacífico na organização internacional anticorrupção Transparency International, numa entrevista à emissora independente nova-iorquina NTDTV.

“Alguns funcionários investiram e abrem empresas offshore primeiro… e então compactuaram com empresários para transferir o dinheiro para o exterior e fugir”, disse Liao. Mais de 10 províncias na China começaram este ano inspeções minuciosas para descobrir o número de “funcionários nus”, como uma forma de identificar funcionários corruptos.

Apenas a província de Guangdong forneceu um relatório até agora, identificando mais de mil funcionários nus na província. Esses funcionários foram obrigados a trazer seus filhos e cônjuges de volta para a China ou seriam rebaixados; a medida visa a evitar que os funcionários fujam e levem o dinheiro de corrupção para fora da China, informou a imprensa chinesa.