Refugiados somalis em risco de serem esquecidos

15/07/2012 03:00 Atualizado: 15/07/2012 03:00

Meninos somalis coletam água numa poça no extenso complexo de refugiados de Dadaab no Quênia, em outubro de 2011. As organizações humanitárias alertam que as condições permanecem terríveis no maior acampamento de refugiados do mundo. (Tony Karumba/AFP/Getty Images)Com a ajuda humanitária prestes a acabar, as condições dos refugiados somalis no maior acampamento de refugiados do mundo, particularmente das crianças, são cruéis e podem piorar, adverte um consórcio de sete agências assistenciais.

Os jovens, especialmente, estão em risco no campo de refugiados de Dadaab na fronteira com o Quênia. “Há muitos jovens em Dadaab que não podem trabalhar”, disse Alun McDonald, porta-voz da Oxfam na África Oriental ao AlertNet. “Eles têm muitas limitações para alimentar suas famílias.”

Um ano atrás, quando a fome na Somália foi declarada, os doadores e a comunidade internacional correram para ajudar, mas agora o campo está ficando sem fundos enquanto a atenção se desloca para outras questões globais. Agências de ajuda estão pedindo 25 milhões de dólares para continuar a proteger as 465 mil pessoas no campo. Caso contrário, os serviços se esgotarão em dois ou três meses.

“A escassez de financiamento significa que as pessoas que fugiram de sofrimento inimaginável não estão recebendo os cuidados de que precisam”, disse Stephen Vaughan, diretor da CARE no Quênia.

“Se as crianças não vão à escola e se as pessoas não têm abrigos adequados e outros serviços, isto tem o potencial para gerar ainda mais insegurança”, acrescentou ele.

Além disso, mais de 70% das crianças no campo de Dadaab não frequentam a escola, segundo a Oxfam. Mesmo os que estão sendo educados frequentam salas de aula superlotadas, em que apenas um em cada cinco professores tem treinamento formal.

Nigel Tricks, chefe da Oxfam no Quênia, disse no artigo que os campos de refugiados só podem ser uma solução temporária e que uma visão de longo prazo é necessária para solucionar as medidas de curto prazo. Educação, formação profissional e autossuficiência ajudariam com isso.

“No entanto”, disse Tricks, “agora, o mundo tem a obrigação de não virar as costas para Dadaab e as necessidades das pessoas de lá.”

A crise alimentar permanece inalterada desde janeiro na zona rural, urbana e nas comunidades de refugiados. É esperado que chuvas abaixo da média no sul da Somália produzam colheitas insuficientes na próxima colheita, segundo uma atualização de junho da Unidade de Análise Nutricional e Segurança Alimentar para a Somália.

Diante das perspectivas terríveis para as crianças, uma das maiores preocupações é que eles estejam sendo recrutados por organizações terroristas.

Grupos terroristas como a Al-Shabab, recrutam meninos de 8 anos para suas forças e também raptam meninas para cozinhar, limpar ou se casar, segundo um relatório anual de maio da Anistia Internacional.

As explosões de bombas e granadas não são incomuns em Dadaab. O governo do Quênia acusa militantes e terroristas de uma série de crimes envolvendo explosivos.

A Anistia propõe um Tratado de Comércio de Armas para regular o comércio mundial de armas de forma mais rigorosa e para prevenir que grupos armados se rearmem.