Tal como acontece com as gorduras saturadas e o sal, o açúcar é um alimento que deve ser usado com moderação, porque pode ser prejudicial à saúde. Principalmente ao se considerar a relação entre o consumo de açúcar e o aumento do risco de várias doenças, particularmente a obesidade.
Pesquisas sobre os efeitos do açúcar sobre a saúde têm se focado nos refrigerantes. Estas bebidas são particularmente perigosas porque contêm grande quantidade de açúcar, aproximadamente nove colheres de café numa lata de 330 ml, com o agravante de serem ingeridas muito rapidamente.
Este consumo excessivo de açúcar pode causar alterações bioquímicas, especificamente na secreção do hormônio insulina, e pode levar rapidamente a um aumento de peso. Níveis elevados de insulina causados pela ingestão de bebidas com açúcar podem aumentar o risco, em longo prazo, de doenças como a diabetes tipo 2.
Na edição de fevereiro de 2012 do American Journal of Public Health, pesquisadores norte-americanos examinaram a relação entre o consumo de refrigerantes com açúcar e a saúde. Este estudo demonstrou a relação entre o consumo de refrigerantes e a diabetes tipo 2 num grupo de 91 mil mulheres, analisadas durante um período de oito anos. O estudo revelou que as mulheres que consumiam uma ou mais latas de refrigerante por dia, comparadas com as que consumiam menos de uma lata por mês, eram duas vezes mais propensas a desenvolver diabetes tipo 2.
Os pesquisadores do American Journal of Public Health foram mais longe e observaram a relação entre o consumo de refrigerantes e os diferentes fatores nutricionais e de saúde, inclusive entre a ingestão de calorias e a massa corporal. Nestes testes, os resultados dos estudos apresentados pela indústria alimentícia foram separados dos resultados dos estudos independentes.
As informações revelaram que os estudos realizados pela indústria alimentícia constatavam muito menos efeitos negativos sobre a nutrição e a saúde em comparação com as pesquisas independentes. Por exemplo, um estudo independente descobriu haver relação entre o consumo de refrigerantes e a massa corporal, enquanto as pesquisas realizadas pela indústria nada falam sobre isto.
Estes relatórios estão na mesma linha das pesquisas e estudos realizados recentemente pela indústria alimentícia sobre os refrigerantes, bebidas lácteas e sucos de frutas, cujos resultados quanto aos efeitos sobre a saúde são mais favoráveis que os resultados obtidos pelas pesquisas independentes.
A diretora do Centro Rudd para a regulamentação de alimentos e a obesidade da Universidade de Yale, a Dra. Kelly Brownell, afirmou, conforme noticiado pela agência Reuters: “O maior problema neste setor em particular, como também na ciência em geral, é o modo como se chega a um desvio da realidade quando a indústria utiliza estes estudos para fazer propaganda e quando se dirige aos meios de comunicação.” A pesquisa da Dra. Brownell realça a necessidade de tratar com cautela os refrigerantes e também as pesquisas realizadas por quem as produz.