Relatos e um índice de produção em declínio sugerem nuvens à frente
O consumo nacional de eletricidade tem sido sempre um barômetro importante para avaliar a economia; Li Keqiang, o vice-primeiro-ministro da China, disse certa vez que ele olha para o consumo da eletricidade ao invés das estatísticas oficiais, e desde o início deste ano, as coisas não parecem boas: O taxa de aumento do consumo de eletricidade tem se reduzido, atingindo um novo mínimo no mês de abril.
Os números vêm junto com a notícia de que os empregadores nas indústrias de energia, aço e comunicações estão reduzindo sua força de trabalho e que um número de empresas estatais está impondo congelamentos salariais.
Os Departamento Nacional de Energia da China publicou em 14 de maio novos dados que mostram que o consumo total de eletricidade foi inferior a 390 mil giga watt-hora (GWh), um aumento de apenas 3,74% em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa de crescimento tem se reduzido nos últimos dois meses, diminuindo 3,26% em relação a março, e é a mais baixa nos últimos 16 meses.
De abril de 2010 a abril de 2011, o consumo total de eletricidade na China aumentou mais de 11%, e o consumo de eletricidade industrial aumentou 12,1%. De abril de 2011 a abril de 2012, o consumo de eletricidade industrial aumentou apenas 1,55%, uma queda de mais de 10% na taxa de crescimento em relação ao ano anterior. O consumo de eletricidade industrial em março cresceu 3,8% em comparação ao mesmo período do ano passado, que é também uma queda de quase 10% em comparação com a taxa de crescimento de 13,41% em 2011.
O declínio no consumo de eletricidade se junta ao declínio geral na economia do país, segundo economistas e analistas.
Uma leitura preliminar do Índice Gestor de Produção e Compra da China do HSBC, uma medida da atividade no setor manufatureiro, estava em 48,7 para o mês de maio, uma queda em relação ao valor de 49,3 de abril. Este seria o sétimo mês consecutivo em que o índice mostrou contração (valores abaixo de 50 indicam um abrandamento face ao mês anterior, enquanto acima de 50 indica crescimento.)
Chen Xiaonong, um economista norte-americano e ex-editor-chefe dos Estudos Contemporâneos da China, disse numa entrevista ao Epoch Times que a economia chinesa pode estar enfrentando uma recessão. “A economia da China deveria ser voltada ao consumidor, mas foi conduzida numa pista deformada pelo Partido Comunista Chinês (PCC)”, disse ele, acrescentando que, com uma população de 1,3 bilhões, os consumidores da China poderiam facilmente conduzir “uma grande parte do crescimento econômico do país”.
Ao invés disso, a economia veio a depender do mercado de imóveis e investimentos em infraestrutura urbana, disse Cheng. “Uma vez que o imobiliário e a construção de infraestrutura urbana parem, isso significa que a demanda criada pelo governo desaparecerá, então esses empreendimentos [críticos] estão todos desnorteados”, disse ele.
Além da eletricidade, do aço e das comunicações, a pressão de reduzir empregos também ameaça empresas em muitos lugares. Um internauta no fórum online Tianya referiu-se às demissões, aos salários reduzidos, e às horas reduzidas por empresas estatais como informações que não são divulgadas publicamente.
Um usuário com o pseudônimo de “Lótus na chuva” alegou ser parente de um funcionário de uma empresa estatal de energia, que disse que um congelamento salarial estava atualmente em vigor. Números foram fornecidos, embora não tenha sido possível verificar as alegações. Outro internauta apresentou uma história semelhante sobre a indústria estatal de comunicação móvel, referindo-se às demissões e congelamentos salariais.
Proprietários de pequenas e médias empresas também reclamaram que os negócios têm sido baixos, com alguns dizendo que sua situação é pior agora do que durante a crise financeira de 2008. Xiao Wei, proprietário de uma empresa têxtil no Delta do Rio Pérola, disse ao Epoch Times na segunda-feira que dezenas de empresas vizinhas foram fechadas este ano, acrescentando que os problemas econômicos no país têm afetado muitas indústrias próximas.
Outras queixas de empresários em fóruns online se referem à reduzida demanda dos consumidores e às baixas ordens de serviço, enquanto os impostos, custos trabalhistas e custos fixos aumentaram.
Um funcionário administrativo da Companhia Siderúrgica Valin Xiangtan de Hunan disse a um repórter do Epoch Times que atualmente a produção de aço é superior à demanda. A empresa está sob grande pressão para encontrar ordens de serviço, disse o funcionário, acrescentando que toda a indústria está em situação similar.