A comunidade científica de astrobiologia no Brasil ganhou uma rede virtual para integrar pesquisadores de diferentes estados e instituições dessa nova área multidisciplinar do conhecimento, dedicada a estudar a origem, evolução, distribuição e futuro da vida na Terra e, eventualmente, fora dela.
A Rede Brasileira de Astrobiologia (RBA) foi lançada no fim de maio por pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da Universidade de São Paulo (NAP-Astrobio/USP).
Voltada a pesquisadores, professores, estudantes de graduação e de pós-graduação que atuem em pesquisa, ensino ou divulgação da astrobiologia no Brasil ou no exterior, a rede tem entre seus objetivos organizar e aumentar a integração da comunidade científica da área no país.
“A astrobiologia é uma área muito ampla – resultado da interface entre astronomia, biologia, química, geologia e ciências atmosféricas, entre outras disciplinas –, na qual atuam pesquisadores de diversas regiões do Brasil, mas ainda de forma dispersa”, disse Fabio Rodrigues, do NAP-Astrobio e um dos idealizadores do projeto, à Agência FAPESP.
“A meta da RBA é promover a integração entre esses pesquisadores a fim de facilitar a divulgação de ações, como eventos e oportunidades de cooperação em pesquisa. Dessa forma, será possível aumentar o impacto dos estudos feitos no país”, disse.
De acordo com Rodrigues, uma das dificuldades para identificar os pesquisadores atuantes em astrobiologia é que muitos deles estudam temas relacionados a esse campo do conhecimento, mas sem usar a nomenclatura.
Há, por exemplo, pesquisadores que estudam a formação e detecção de moléculas prebióticas (existentes antes do surgimento da vida) em planetas e no meio interestelar mas que não mencionam a astrobiologia nas palavras-chave de seus artigos científicos ou na descrição de linhas de pesquisa em seus currículos disponibilizados na internet.
“Como as pesquisas de interesse em astrobiologia são muito amplas e os pesquisadores utilizam palavras-chave de suas áreas específicas, é muito difícil encontrar quem faz pesquisa em astrobiologia no Brasil em bases como a plataforma Lattes, por exemplo”, avaliou Rodrigues.
A fim de facilitar o processo de identificação e mapeamento da comunidade científica brasileira de astrobiologia, uma das propostas da RBA é servir como banco de dados no qual pesquisadores se cadastram por meio de formulário eletrônico com itens como descrição de artigos e projetos de pesquisa recentes.
O cadastro será analisado pelos organizadores da rede e, se admitido, o pesquisador terá um perfil no sistema, que poderá ser acessado pelos demais usuários cadastrados.
“A ideia é que os pesquisadores de astrobiologia entrem no site da rede para estabelecer contatos com colegas e que essa interação resulte em colaborações em pesquisa e outras iniciativas conjuntas, como promoção de eventos, lançamento de cursos e identificação de novas linhas de pesquisa”, disse Rodrigues.
Segundo ele, o plano é que a rede seja um meio para identificar as principais demandas dos pesquisadores da área e, caso seja observado interesse, o primeiro passo na criação de um órgão formal da comunidade de pesquisa na área no Brasil, como uma Sociedade Brasileira de Astrobiologia.
Cooperação internacional
Para criar a RBA, foi formado um comitê científico composto por cientistas de diversas partes do mundo, muitos com experiência em organizar sociedades e redes de astrobiologia em seus respectivos países. Entre eles estão Lynn Rothschild, pesquisadora da Nasa, a agência espacial norte-americana; Neil Banerjee, presidente da Rede de Astrobiologia do Canadá; Antigona Segura, da Sociedade Mexicana de Astrobiologia; e Worlf Geppert, da Rede Nórdica de Astrobiologia.
O comitê científico terá a missão de avaliar os rumos da RBA e o cumprimento de seus objetivos. “Esses pesquisadores vão nos ajudar a olhar para a RBA e a pensar sobre temas de pesquisa em astrobiologia que devem ser estimulados no Brasil, levando-se em conta as prioridades do país”, disse Rodrigues.
Algumas linhas de pesquisa exploradas por pesquisadores em diversos países são: astroquímica; química prebiótica e origem da vida; formação planetária e exoplanetas; Terra ancestral e primeiros fósseis; ciclos geológicos, atmosféricos e hidrológicos terrestres e em outros planetas; evolução; exploração espacial; e entendimento da vida em ambientes extremos da Terra.
Em dezembro de 2011, pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP promoveram a São Paulo Advanced School of Astrobiology – Making Connections (Spasa 2011), no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) – modalidade de apoio da FAPESP. O evento reuniu 160 pesquisadores, docentes e estudantes do Brasil e do exterior.
Alguns dos resultados indiretos da Escola foi a publicação, em outubro de 2012, de uma edição especialdo International Journal of Astrobiology dedicada a artigos baseados nas conferências proferidas no evento.
Os cantatos feitos no encontro possibilitaram que, agora, o NAP-Astrobio também se tornasse membro associado do Nasa Astrobiology Institute. Além do Instituto de Astrobiologia da Nasa, o NAP-Astrobio também é membro internacional da European Astrobiology Networks Association.
“Isso tudo nos dá a possibilidade de expandir e tornar a RBA também membro internacional de redes de astrobiologia de outros países”, disse Rodrigues.
Publicado originalmente na Agência FAPESP.
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