Rede Brasileira de Astrobiologia é lançada

07/06/2013 09:00 Atualizado: 06/08/2013 17:07
Objetivo da rede virtual, organizada por pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da USP, é aumentar a integração da comunidade científica da área no país (Nasa)
Objetivo da rede virtual, organizada por pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da USP, é aumentar a integração da comunidade científica da área no país (Nasa)

A comunidade científica de astrobiologia no Brasil ganhou uma rede virtual para integrar pesquisadores de diferentes estados e instituições dessa nova área multidisciplinar do conhecimento, dedicada a estudar a origem, evolução, distribuição e futuro da vida na Terra e, eventualmente, fora dela.

Rede Brasileira de Astrobiologia (RBA) foi lançada no fim de maio por pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da Universidade de São Paulo (NAP-Astrobio/USP).

Voltada a pesquisadores, professores, estudantes de graduação e de pós-graduação que atuem em pesquisa, ensino ou divulgação da astrobiologia no Brasil ou no exterior, a rede tem entre seus objetivos organizar e aumentar a integração da comunidade científica da área no país.

“A astrobiologia é uma área muito ampla – resultado da interface entre astronomia, biologia, química, geologia e ciências atmosféricas, entre outras disciplinas –, na qual atuam pesquisadores de diversas regiões do Brasil, mas ainda de forma dispersa”, disse Fabio Rodrigues, do NAP-Astrobio e um dos idealizadores do projeto, à Agência FAPESP.

“A meta da RBA é promover a integração entre esses pesquisadores a fim de facilitar a divulgação de ações, como eventos e oportunidades de cooperação em pesquisa. Dessa forma, será possível aumentar o impacto dos estudos feitos no país”, disse.

De acordo com Rodrigues, uma das dificuldades para identificar os pesquisadores atuantes em astrobiologia é que muitos deles estudam temas relacionados a esse campo do conhecimento, mas sem usar a nomenclatura.

Há, por exemplo, pesquisadores que estudam a formação e detecção de moléculas prebióticas (existentes antes do surgimento da vida) em planetas e no meio interestelar mas que não mencionam a astrobiologia nas palavras-chave de seus artigos científicos ou na descrição de linhas de pesquisa em seus currículos disponibilizados na internet.

“Como as pesquisas de interesse em astrobiologia são muito amplas e os pesquisadores utilizam palavras-chave de suas áreas específicas, é muito difícil encontrar quem faz pesquisa em astrobiologia no Brasil em bases como a plataforma Lattes, por exemplo”, avaliou Rodrigues.

A fim de facilitar o processo de identificação e mapeamento da comunidade científica brasileira de astrobiologia, uma das propostas da RBA é servir como banco de dados no qual pesquisadores se cadastram por meio de formulário eletrônico com itens como descrição de artigos e projetos de pesquisa recentes.

O cadastro será analisado pelos organizadores da rede e, se admitido, o pesquisador terá um perfil no sistema, que poderá ser acessado pelos demais usuários cadastrados.

“A ideia é que os pesquisadores de astrobiologia entrem no site da rede para estabelecer contatos com colegas e que essa interação resulte em colaborações em pesquisa e outras iniciativas conjuntas, como promoção de eventos, lançamento de cursos e identificação de novas linhas de pesquisa”, disse Rodrigues.

Segundo ele, o plano é que a rede seja um meio para identificar as principais demandas dos pesquisadores da área e, caso seja observado interesse, o primeiro passo na criação de um órgão formal da comunidade de pesquisa na área no Brasil, como uma Sociedade Brasileira de Astrobiologia.

Cooperação internacional

Para criar a RBA, foi formado um comitê científico composto por cientistas de diversas partes do mundo, muitos com experiência em organizar sociedades e redes de astrobiologia em seus respectivos países. Entre eles estão Lynn Rothschild, pesquisadora da Nasa, a agência espacial norte-americana; Neil Banerjee, presidente da Rede de Astrobiologia do Canadá; Antigona Segura, da Sociedade Mexicana de Astrobiologia; e Worlf Geppert, da Rede Nórdica de Astrobiologia.

O comitê científico terá a missão de avaliar os rumos da RBA e o cumprimento de seus objetivos. “Esses pesquisadores vão nos ajudar a olhar para a RBA e a pensar sobre temas de pesquisa em astrobiologia que devem ser estimulados no Brasil, levando-se em conta as prioridades do país”, disse Rodrigues.

Algumas linhas de pesquisa exploradas por pesquisadores em diversos países são: astroquímica; química prebiótica e origem da vida; formação planetária e exoplanetas; Terra ancestral e primeiros fósseis; ciclos geológicos, atmosféricos e hidrológicos terrestres e em outros planetas; evolução; exploração espacial; e entendimento da vida em ambientes extremos da Terra.

Em dezembro de 2011, pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP promoveram a São Paulo Advanced School of Astrobiology – Making Connections (Spasa 2011), no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) – modalidade de apoio da FAPESP. O evento reuniu 160 pesquisadores, docentes e estudantes do Brasil e do exterior.

Alguns dos resultados indiretos da Escola foi a publicação, em outubro de 2012, de uma edição especialdo International Journal of Astrobiology dedicada a artigos baseados nas conferências proferidas no evento.

Os cantatos feitos no encontro possibilitaram que, agora, o NAP-Astrobio também se tornasse membro associado do Nasa Astrobiology Institute. Além do Instituto de Astrobiologia da Nasa, o NAP-Astrobio também é membro internacional da European Astrobiology Networks Association.

“Isso tudo nos dá a possibilidade de expandir e tornar a RBA também membro internacional de redes de astrobiologia de outros países”, disse Rodrigues.

Publicado originalmente na Agência FAPESP.

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