Os recursos naturais para a saúde estão disponíveis praticamente em todos os lugares. Da água ao uso das ervas, do uso da respiração à ginástica, da auto-percepção aos banhos medicinais e desintoxicações, enfim. Praticamente tudo no mundo pode ser utilizado como recurso terapêutico para a saúde e a cura.
O problema principal é que não entendemos nem o que é a saúde e nem o que são as doenças. E devido a isso, temos uma visão muito obtusa, que apenas se limita a corrigir os estados superficiais das doenças, mantendo os estados desequilibrados e doentes em níveis mais profundos, mas sempre existentes.
Como já dissemos em outros artigos, a causa verdadeira e essencial de qualquer doença é a nossa mente, que, devido a estados psicológicos conflituosos – agudos e intensos, ou crônicos e desgastantes – interfere de forma crucial nas funções do corpo.
Na verdade, curar-se não significa deixar de ter um sintoma depois de tomar um remédio, mas voltar a ter uma função saudável e plena no sistema, órgão ou estrutura orgânica que estava afetada. Além disso, se a função orgânica está alterada por sentimentos (medo, tensão, ansiedade, raiva, mágoa, angústia, entre outros), a menos que esses sejam conhecidos e curados interiormente, a função nunca melhorará realmente e, por isso, não voltará a ser saudável.
Então, saúde significa: estado saudável, capaz, pleno, equilibrado e natural de um indivíduo ou de uma estrutura ou função orgânica. Doença significa: desequilíbrio, incapacidade, deficiência, ou estado anti-natural de um indivíduo ou de uma estrutura ou função orgânica. E cura significa o retorno ao estado de saúde integral.
Na verdade, o termo ‘cura’ significa, etmologicamente: ‘cuidar, zelar’, e, de fato, só é possível curar algo quando esse é cuidado. Então, toda vez que surge uma doença, um mal-estar, uma dor, o caminho correto é dar atenção ao distúrbio, tentando compreendê-lo, e cuidar da mente ou do corpo (ou de ambos) com carinho e inteligência: a saúde é muito mais do que uma pílula; é um estado de plenitude, felicidade e bem-estar.
Agora, vamos ver os recursos e remédios naturais que temos em casa. Lembramos que essas dicas não substituem os tratamentos que podem ser feitos por médicos, naturopatas, naturólogos, terapeutas naturalistas e outros.
Água: Podemos usá-la em pedilúvios (banho nas pernas e nos pés), compressas, banhos revitalizantes, descongestionantes e afins. Seus efeitos são simplesmente extraordinários. Hoje, falaremos apenas sobre o pedilúvio. Em breve, teremos um artigo completo sobre o uso terapêutico da água. Para antecipadamente conhecer mais e ter excelentes recursos consulte o livro: Cura pela Água, de Louis Kuhne.
Pedilúvios: Os pedilúvios são excelentes para acalmar mentes ansiosas, relaxar os ombros e o pescoço, descongestionar a cabeça e para insônia. Coloque água quente (pode ser do chuveiro) num balde largo e mergulhe as pernas até 20cm acima do tornozelo. Esteja vestido normalmente com roupas folgadas e descanse assim por 15 minutos. Não leia e nem faça atividades mentais (não use Ipod, lap-top, TV etc); se quiser, ouça música clássica ou suave. Faça longe das refeições ou espere 2 horas depois de comer para fazê-lo. Pode ser feito algumas vezes ao dia, ou somente antes de dormir. É muito benéfico se feito por vários dias. As pessoas que têm insuficiência cardíaca, pressão baixa ou varizes não devem fazer o pedilúvio quente; devem fazer o pedilúvio alternado: colocar água fresca da torneira no balde e colocar as pernas por 1 minuto. Depois tirar da água fria e colocar num balde com água quente e deixar as pernas por 3 minutos. Depois mais 1 minuto na água fria e assim por diante. Fazer essas trocas por um período de cerca de 20 minutos. Além dos benefícios do pedilúvio quente, esse pedilúvio alternado melhora a circulação sanguínea e a saúde dos vasos das pernas.
Ervas e substâncias naturais
Própolis: É uma das substâncias mais estudadas hoje em dia, devido às suas extensas e notáveis propriedades. É produzida e utilizada pelas abelhas para a vedação e, especialmente, para a proteção da colmeia contra a entrada de qualquer microrganismo patogênico. É um poderoso antibiótico natural de amplo expectro, que combate vírus, bactérias, protozoários, fungos (micoses) e outros. Estimula e reforça o sistema imunológico e fortalece organismo até mesmo contra o surgimento de tumores. Combate gengivites e até a formação de cáries. É também antisséptica, cicatrizante e antinflamatória: é excelente para cortes e feridas infeccionadas. Existem vários tipos de própolis e somente no Brasil pelo menos 12 tipos já foram estudados e classificados, segundo suas propriedades terapêuticas e composição química. Seu uso é simples e seus efeitos são rápidos. Usualmente, o própolis é vendido em extrato alcoólico, mas existe também em solução glicólica, extrato seco em cápsulas, em sprays, em pomadas para uso externo etc. É muito utilizada em infecções respiratórias (gripes, sinusites, otites, faringites e laringites etc), e atua em praticamente todos os tipos de infecções, pois substitui com grande eficácia os antibióticos sintéticos. Normalmente, toma-se cerca de 30 gotas diluídas em meio copo de água, 3 vezes ao dia, em qualquer tipo de infecção, sempre por um período mínimo de 7 dias.
Limão: O mais comum e indicado é o limão Tahiti. É excelente para calor interno, inflamações em geral e o combate às febres. Desinflama o estômago, os intestinos e o fígado; melhora ou mesmo cura gastrites e alguns tipos de úlceras do aparelho digestivo (ao contrário da laranja e do abacaxi, que pioram). Melhora o excesso de calor no sangue, alcaliniza o sangue, revigora o sistema vascular e fortalece os vasos sanguíneos. Aumenta a imunidade e combate vários tipos de infecções. Fortalece o fígado. A forma mais simples de uso é tomar em jejum, pela manhã, 1 limão espremido, sem açúcar e aos goles. Espere de meia hora a 40 minutos para comer algo. Também pode-se começar com meio limão e ir aumentando a quantidade até chegar a vários limões. Se a quantidade superar a 3 limões, espere 1 hora para comer. Existe uma tratamento chamado a cura pelo limão, no qual a pessoa começa tomando 1 limão no primeiro dia e termina tomando 10 limões no décimo dia, para daí decrescer nos outros 9 dias até chegar a 1 limão e depois parar. É um tratamento radical e difícil, mas que cura pessoas de alguns severos problemas de saúde. Leia o livro: A cura pelo limão, alho, cebola e o mocotó, de Oberdan Masucci. Ed. Brasilivros.
Alho: Um antibiótico natural de amplo espectro e pode ser utilizado em vários tipos de infecções, como nas infecções respiratórias, urinárias, gástricas, intestinais, em otites infecciosas etc. É também bom para o excesso de colesterol não saudável e para hipertensão arterial leve. Até para os animais é excelente: para o combate de pulgas, de parasitas intestinais, carrapatos e para prevenir doenças infecciosas. Cru e bem picado, pode ser acrescentado na comida dos animais diariamente (meio dente picado 2 vezes ao dia para cada 20 quilos de peso), ou, caso o animal não queira comer, pode ser misturado com requeijão ou qualquer comida apetitosa para o animal. O alho provoca maior acidez gástrica e portanto não deve ser usado pelas pessoas que têm gastrite ou úlceras no aparelho digestivo. Uso: amasse bem meio dente de alho e despeje meio copo de água em cima. Misture bem, coe e tome 3x ao dia, por um período médio de 7 a 14 dias, para as infecções agudas. Tome sempre após as refeições. Existe o óleo de alho, em cápsulas (inclusive na forma desodorizada – sem cheiro), que tem também um ótimo efeito. Tome 1 cápsula 3 vezes ao dia, por 7 a 14 dias para as infecções, e por 30 dias para reduzir o colesterol e a hipertensão leve. Para reduzir ainda mais o colesterol, podemos deixar de molho, por 1 noite, meio copo de berinjela crua picada, com meio dente de alho picado, coar pela manhã e tomar todos os dias, por 45 dias.
Cravo-da-Índia: É analgésico, bactericida, antivirótico e antifúngico, combate os parasitas intestinais etc. Além disso é um tônico orgânico, melhorando as funções do baço (fortalecendo a digestão e diminuindo a diarreia crônica) e dos rins (melhorando o frio interno, diminuindo a urina clara e abundante, auxiliando na melhora da impotência masculina e da infertilidade feminina). É anticoagulante. Para dor e infecção dentárias pode-se pingar óleo de cravo sobre o dente afetado enquanto aguarda-se o tratamento odontológico. O óleo de cravo é um excelente fungicida: combate micoses nos pés e em outras regiões. Para as micoses nos pés, aplica-se o óleo diariamente nas regiões afetadas, e além disso, deve-se usar sapato aberto ou sandálias durante todo o tratamento. Enxugar bem entre os dedos é fundamental. Deixe os calçados no sol sempre que possível. Evitar o consumo de açúcar e de álcool. (Pode-se tomar cápsulas de alho – 3 vezes ao dia, de 21 a 30 dias, como coadjuvante no tratamento das micoses). Mas, sendo um óleo poderoso, tem que ser aplicado com cuidado, e o local onde foi aplicado não pode ser exposto ao sol enquanto o óleo não for retirado. O chá pode ser feito com vários cravos (um punhado) em 1 xícara de água e tomado 3 vezes ao dia, para os casos de digestão fraca ou estômago pesado (junto com o chá de gengibre e de erva-doce), impotência e frigidez. Não usar durante a gravidez.
Gengibre: Expulsa o frio que penetrou no organismo (após uma chuva, um vento frio etc), é um eficiente anti-tussígeno (combate a tosse) e tira o frio dos pulmões; aquece e estimula a circulação (é muito bom para dores articulares que pioram pelo frio e pela umidade), desobstrui os vasos sanguíneos (combate a aterosclerose, é anticoagulante e antitrombótico); na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) diz-se que aquece o baço; estimula a digestão e controla o vômito (junto com o chá de cravo-da-Índia); é um poderoso antitóxico (no caso de comermos comidas estragadas ou carne estragada); combate as fermentações e os gases intestinais. Pode ser comido cru, em fatias finas, temperado com um pouco de mel e limão ou ao natural. Pode ser feito na forma de chá: pique um pedaço do tamanho do seu polegar (com casca é melhor, se você tomou friagem ou ficou sob o ar-condicionado) e coloque para ferver por 3 a 5 minutos com 1 xícara e meia de água. Tome 1 xícara 3x ao dia, por 2 ou 3 dias nos casos de resfriamento, e por cerca de 30 dias para as dores articulares e doenças crônicas. É um bom coadjuvante no tratamento da aterosclerose. Pode-se agregar o cravo-da-Índia ao chá, e também tomar cápsulas de acerola (desobstruem os vasos e combatem a angina), consumir alho e cebolas cruas, tomar suco de uva-roxa natural e lecitina de soja. Todas essas substâncias têm efeitos comprovados no auxílio ao combate da aterosclerose. O gengibre pode ser usado como recurso imediato se você comeu alimentos estragados (especialmente carne): tome um chá forte de gengibre ou coma vários pedaços dele. E, claro, vá ao pronto-socorro, assim que possível. Na gravidez usar moderadamente.
Canela: Aquece o sistema circulatório e impulsiona o sangue. Tira o frio profundo do organismo e aquece os órgãos (especialmente os rins) e as extremidades (mãos e pés). Facilita a menstruação e diminui os coágulos, e, em casos de pessoas com baixa energia e frio nos órgãos internos, melhora as cólicas menstruais e a fraqueza orgânica. Em casos onde a pessoa resfriou-se fortemente (ficou exposta horas ao vento-frio ou à chuva, ou nadando na água fria por longo tempo, ou ficou sob a neve forte etc) é muito útil tomar o chá de canela bem quente. Uma associação poderosa para combater friagem e resfriamento severo é tomar um chá combinado de canela e gengibre. Coloque o gengibre picado (com casca) para ferver, junto com alguns pedaços de canela em pau, por 3 a 5 minutos. Coe e tome algumas vezes ao dia. Não usar o chá de canela durante a gravidez.
Falso-boldo ou Boldo-brasileiro: Chamado Coleus barbatus, Plectranthus barbatus etc. É aquele pequeno arbusto de folhas verde-escuras, meio aveludadas, que as pessoas têm no jardim ou em vasos, do qual se faz um chá ou suco amargo para ressacas, cólicas, má digestão etc. Seu uso terapêutico está indicado para: má digestão, azia, fígado congestionado e cólica hepática, estimula a produção e a liberação de bile pela vesícula, para ansiedade e hipertensão leve, etc. Mas, se usado em grandes quantidades pode irritar o estômago, e por isso também não deve ser usado por quem tem gastrite ou deve ser usado com muita cautela. Pilar bem duas folhas frescas, despejar um copo de água, mexer bem, coar e tomar.
Erva-doce: Tem efeito digestivo (aquece o estômago) e carminativo (elimina os gases). É excelente para as cólicas abdominais, contração e dor nos testículos, dor nas virilhas, porque aquece e relaxa a musculatura. Bom para as cólicas infantis (pode-se associar com chá de hortelã). Também é muito bom para estimular a produção de leite da mãe durante o aleitamento.
Folha-da-Fortuna (Kalanchoe pinnata): Existe em muito quintais e canteiros por todo Brasil. Tem folhas denteadas, carnudas e, em geral firmes. Tem inúmeras propriedades: é analgésica, antiinflamatória, antialérgica, cicatrizante, bactericida etc. Seus usos mais comuns são em: contusões, cortes, feridas, abcessos, queimaduras, picadas de insetos, erisipela, irritação ou inflamação dos olhos (Pode-se extrair o sumo das folhas e pingar diretamente nos olhos. Mas, nesses casos, procure um oftalmologista imediatamente), febres, gastrites, úlceras do aparelho digestivo, estomatites, aftas, etc. Para uso interno, basta pilar bem algumas folhas e usar o sumo diretamente, ou diluir em água filtrada e tomar. Em uso externo, machucar as folhas e fazer compressas no local.
Alecrim: É uma erva tônica e estimulante leve. Fortalece e dinamiza a circulação sanguínea, melhora a memória, é antidepressiva, anti-estresse, antirreumática e antifadiga. Boa para os que estão cansados física e mentalmente (melhor ainda junto com chá de lavanda, hortelã e camomila). Facilita a digestão, combate gases e é antisséptica.
Hortelã: É um erva refrescante por excelência, e portanto é um antitérmico suave. Alivia o fígado e a vesícula congestionados. Combate os gases e a má-digestão. Muito boa para o nervosismo e o cansaço mental (junto com chá de alecrim e lavanda). Relaxa a musculatura e alivia os espasmos musculares (boa para cãibras e espasmos gastrointestinais): junto com o chá de erva-doce é excelente para espasmos e cólicas abdominais (digestivas, intestinais e menstruais). É uma erva boa como expectorante (para catarro nos pulmões) e funciona muito bem junto com o gengibre, o guaco e o eucalipto para diversos distúrbios respiratórios. É antisséptica e junto com o alho combate infecções de diversos tipos: gastrointestinais, respiratórias, sinusites, otites, etc.
Capim-limão: O capim-limão é aquele de folhas finas e compridas, parecendo um mato bem viçoso. Muitas pessoas confundem o capim-limão (Cymbopogom citratus) com a melissa (Melissa officinalis), que é uma planta de folhas parecidas com as da hortelã, mas com uma textura mais áspera. A confusão não é casual, porque as duas têm odores semelhantes e princípios químicos e propriedades semelhantes. O capim-limão tem propriedades relaxantes e sedativas: combate a histeria, o nervosismo, a ansiedade e a insônia e tem leve efeito anti-hipertensivo. Também alivia dores e espasmos musculares e combate a febre. Facilita a digestão e combate os gases. Assim como a erva-doce, também estimula a produção de leite nas mães que amamentam. Não deve ser tomado em altas doses ou muito concentrado, porque pode ter um efeito sedativo e hipotensivo intenso, provocando moleza, pressão baixa e até desmaio. Usar com cautela e de forma suave na gravidez.
Alberto Giovanni Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social
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