Reconstruindo a China – Renúncias ao Partido Comunista não param

16/12/2014 16:47 Atualizado: 16/12/2014 16:47

Há dez anos, este jornal publicou uma série editorial ‘sem censura’ que examinou minuciosamente o Partido Comunista Chinês, o regime político que vem governando a China desde 1949.

A série, intitulada ‘Nove Comentários sobre o Partido Comunista’, discute objetivamente a trajetória do Partido Comunista Chinês (PCC), suas escolhas políticas e as consequências disso para o povo chinês e para o mundo, destacando as dezenas de milhões de mortes não naturais, além da destruição da cultura tradicional e da base moral da China, decorrentes das ações e das políticas do regime.

Em 3 de dezembro, em Washington DC, o Epoch Times, em parceria com o Centro Tuidang – uma organização que fornece uma plataforma que encoraja o povo chinês a renunciar ao Partido Comunista – organizou um fórum no Capitólio para discutir os ‘Nove Comentários’ e seu impacto na China na última década.

John Nania, o editor-chefe do Epoch Times, abordou uma série de equívocos sobre o regime chinês, incluindo o argumento de que a China não é mais comunista ou que ela está se tornando mais livre.

“O PCC surgiu para e ainda existe com o único propósito de concentrar todo o poder na China para controlar as pessoas. Ele ainda usa a violência, o terror, o roubo e a fraude para manter seu poder a qualquer custo, mesmo à custa das vidas de seus membros e líderes”, afirmou o editor-chefe.

Nania continuou: “O PCC sente-se ameaçado por aquilo que a América representa. Os Estados Unidos, com todos os seus defeitos, mostra ao mundo que a liberdade e a democracia podem existir numa nação vibrante e poderosa. Nossos valores no Ocidente apoiam a dignidade humana, os direitos e liberdades individuais. Isso assusta o PCC porque ele sabe que seu povo desejará essas liberdades, se ele puder reconhecer que a liberdade é uma opção.”

O diplomata Joseph Rees, ex-embaixador dos EUA no Timor Leste, brincou dizendo que lamentava não ter sido um membro do Partido Comunista Chinês: “Eu não poderei fazer a declaração virtuosa de renúncia [ao Partido Comunista].”

“O PCC descartou as características do marxismo que eram idealistas, mas manteve as outras partes”, disse ele, acrescentando que o Partido agora pratica uma forma de fascismo econômico.

“Nós não somos contra a China, somos a favor da China. Mas precisamos seguir duas cláusulas básicas da economia em nossas relações com regimes totalitários: Em primeiro lugar, aquilo que você subsidia, você recebe mais. Em segundo lugar, o que você penaliza, você obtém menos.”

Isto levou à sugestão de que os Estados Unidos deveriam elaborar políticas de tal forma que quando o Partido Comunista “se comportasse bem, eles conseguiriam coisas boas dos Estados Unidos; e quando eles se comportassem mal, não obteriam boas coisas dos Estados Unidos”.

Wei Jingsheng, um dos mais proeminentes ativistas no estrangeiro a lutar pela democracia na China, discutiu o impacto do controle do Partido sobre os valores morais da China.

“Os comunistas destruíram a cultura tradicional chinesa, mas não forneceram qualquer novo sistema de valores. A ‘nova cultura’, como é chamada pelos comunistas, é escravidão e feudalismo.”

Ele acrescentou: “Na realidade, os ‘Nove Comentários’, os amigos do Falun Gong e os defensores da democracia estão ajudando a reconstruir um sistema virtuoso para a China.”

“Para os mais de 180 milhões de pessoas que se renunciaram ao Partido Comunista, anônima ou publicamente, isso é uma questão de elevação espiritual para eles. É uma chance para eles descobrirem sua consciência.”

Wei Jingsheng continuou: “Chegamos a 180 milhões de pessoas, mas há 1,3 bilhão de chineses. Portanto, temos um longo caminho a percorrer. Não estamos apenas salvando os membros do Partido, mas salvando a alma de cada chinês.”

O congressista texano Steve Stockman compartilhou uma anedota de uma recente viagem à China, que demonstrou a forte e continuada influência dos controles políticos sobre o discurso e o pensamento no país. Ao visitar uma universidade de medicina, ele perguntou quanto tempo era necessário para se tornar um médico na China.

“É uma questão simples. Nos Estados Unidos, alguém responderia: ‘Quatro anos, você necessitará US$ 200 a 300 mil em empréstimos estudantis e você ganhará entre US$ 100 e 200 mil por ano.’ Mas eles tiveram de consultar a pessoa responsável pela propaganda e outros burocratas. Durante 30 a 40 minutos eles discutiram entre si o que eles deveriam me dizer. No final, eles disseram: ‘Sim, nós gostamos de ser médicos.’ Então, minha delegação foi perguntada se isso respondia à minha pergunta. Eu disse: ‘Não.’ Isso foi muito confuso para eles.”

“Eu amo o povo chinês, mas não gosto da opressão chinesa”, disse Stockman. “Essa é uma luta, e é demorada. No processo, você pode se sentir cansado e não desejar prosseguir. Mas há pessoas que assistem esses vídeos online que estão desesperadas e que não podem se manifestar. Você está se manifestando por elas… não porque você quer isso, mas porque é sua obrigação. O silêncio não é uma opção.”

Richard Fisher, analista das forças armadas chinesas, no Centro Internacional de Avaliação e Estratégia, expressou sua gratidão aos autores anônimos dos ‘Nove Comentários’, “o qual reúne a terrível verdade sobre o Partido e fornece a verdadeira razão para os chineses considerarem se eles não merecem algo muito melhor. Só quando os próprios chineses perceberem que merecem mais, eles trabalharão na direção de uma nova era.”

Fisher disse que a política norte-americana em relação à China, há anos, não leva em conta a ameaça que o Partido Comunista representa para o mundo. “Acho que os Estados Unidos estão muito atrasados em começar uma campanha de informação estratégica que destaque tanto as ações ameaçadoras do PCC em relação a seus vizinhos e ao resto do mundo como também as ameaças ao povo chinês.”

Joseph Bosco, membro sênior da Cátedra Sumitro de Estudos do Sudeste Asiático, no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, concordou com a análise de Fisher e alertou sobre os perigos de agressão chinesa contra Taiwan. “Qual o motivo pelo qual as pessoas de Taiwan aceitariam livremente o controle de uma ditadura comunista?”, questionou ele de forma retórica. Ele ressaltou que o regime chinês nunca abriu mão de suas ameaças de um dia usar a força para assimilar Taiwan à República Popular da China. Bosco também se referiu a existências nos Estados Unidos de vários ‘pensamentos utópicos’ a respeito da estabilidade do Partido Comunista Chinês.

Charles Lee, porta-voz do Centro Tuidang, observou que os movimentos comunistas ao redor do mundo mataram pelo menos 100 milhões de pessoas, sendo o Partido Comunista Chinês responsável por 80 milhões desse valor. ‘Tuidang’ é uma palavra chinesa que significa ‘Renunciar ao [ou Sair do] Partido’. “Apesar do rápido desenvolvimento econômico ocorrido nos últimos anos, as pessoas não têm esperança no futuro. Os ricos, especialmente os membros do Partido Comunista, fogem levando suas fortunas e famílias para o exterior, prevendo que o fim está próximo”, disse Charles Lee.

“O Movimento Tuidang não é um movimento político”, disse Lee. “Não porque tenhamos medo de sermos chamados de políticos, mas porque o movimento se concentra numa questão mais fundamental que é a reconstrução da moralidade da sociedade chinesa e em despertar a consciência das pessoas.”