Os EUA estão empilhando acusações contra Li Fangwei, um fugitivo que é um dos principais fornecedores do programa de mísseis balísticos do Irã.
O Departamento de Estado dos EUA anunciou em 29 de abril uma recompensa de 5 milhões de dólares por informações que levem à prisão de Li. O Departamento de Justiça dos EUA também anunciou novas acusações contra Li, incluindo conspiração para cometer lavagem de dinheiro, fraude bancária e fraude eletrônica.
No entanto, Li provavelmente não será julgado por seus crimes. Ele está na China, que não tem um tratado de extradição com os Estados Unidos, e as autoridades chinesas não têm mostrado interesse em prendê-lo.
De acordo com William Triplett, um analista veterano sobre a China e autor de livros, incluindo “Bowing to Beijing” (“Curvando-se à Pequim”, tradução livre), seria difícil para Li operar na China sem vínculos com as autoridades chinesas. “Eu acho muito pouco provável que uma pessoa possa operar [na China] sem ter conexões em Pequim”, disse Triplett numa entrevista por telefone.
O regime chinês foi previamente alertado sobre as atividades de Li. De acordo com um relatório de 2012 do Serviço de Pesquisa do Congresso americano, os Estados Unidos “apresentaram preocupação à China” em pelo menos uma das negociações em que Li esteve envolvido. O relatório não menciona qualquer resposta da China.
O relatório detalha o envolvimento de Li com vendas de materiais bélicos para o Irã, que podem ser usados em mísseis balísticos. Seu nome aparece várias vezes no relatório sobre sanções de proliferação de armas, que também usa outro nome de Li, Karl Lee. Ele foi sancionado em 7 de abril de 2009 pela proliferação de mísseis. Ele foi sancionado novamente por proliferação de armas em 14 de julho de 2010, e novamente em 23 de maio de 2011.
De acordo com Triplett, é provável que Li estivesse atuando como um agente da China no interior. Ele disse: “Você não pode operar [livremente] nesse tipo de atmosfera” de forma alguma. “Esse cara está por cima lá, e ele é grande”, disse Triplett, fazendo referência a relatórios sobre espiões chineses e a um documento do WikiLeaks que detalha a venda de armas da China para o Irã.
Embora Li tenha sido sancionado várias vezes, ele foi capaz de evitar as sanções utilizando uma rede de empresas de fachada sob seu controle, segundo um comunicado de imprensa do Departamento de Justiça americano.
O relatório também observa que “Li Fangwei controla uma grande rede de empresas baseadas no Leste da China”. Mas estas empresas não são apenas de fachada. Li supostamente fez 165 transações ilegais, somando cerca de US$ 8,5 milhões. A Procuradoria dos EUA e o FBI anunciaram ter apreendido cerca de US$ 7 milhões de empresas de fachada de Li.
Embora seja questionável se as autoridades chinesas escolherão ou não extraditar Li, no entanto, segundo Triplett, a recompensa por sua prisão envia uma mensagem. “Isso envia um sinal aos chineses”, disse Triplett. “Isso diz basicamente que você não pode sair limpo de tudo para sempre – e isso deve deixar algumas pessoas nervosas… Temos uma espécie de piada que quando os arquivos de Pequim forem abertos ficaremos surpreendidos com o que veremos”, disse ele.
O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA acrescentou oito das empresas de fachada de Li na Lista de Cidadãos Especialmente Designados e Pessoas Bloqueadas. O Departamento de Comércio também acrescentou nove dos fornecedores de Li baseados na China em sua Lista de Entidades.
Se preso e condenado, Li poderia enfrentar prisão perpétua. Seis das acusações contra ele podem acarretar sentenças de até 20 anos de prisão. Ele também pode pegar até 30 anos pela acusação de conspiração para cometer fraude eletrônica e fraude bancária.