Veículos de artilharia (Howitzers) foram vistos se movendo a leste da maior cidade controlada pelos rebeldes no leste da Ucrânia, mas o governo ucraniano contesta afirmação dos rebeldes de que a retirada de armas pesadas tinha começado.
O plano de paz elaborado numa maratona de negociações realizada em 12 de fevereiro de 2015 tem como objetivo criar uma grande área neutra entre a artilharia dos separatistas e a artilharia das forças ucranianas, como parte dos esforços para acabar com o conflito que já deixou cerca de 5.800 mortos.
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O desacordo sobre a retirada de armas aconteceu durante uma frágil tentativa de se firmar um acordo de paz para a Ucrânia em Paris, na França, entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Ucrânia, Alemanha e França.
Enquanto Eduard Basurin, alto comandante dos rebeldes na região de Donetsk, disse que sua tropa tinha começado uma retirada em grande escala de armas pesadas alinhada com o plano de paz, a alegação não pôde ser verificada. Um site rebelde citou-o dizendo que 100 Howitzers de 122mm seriam retirados.
Michael Bociurkiw, porta-voz da equipe internacional de monitoramento dos combates, disse que não poderia comentar até receber relatórios dos monitores no final do dia. Um militar ucraniano indeferiu o pedido de retirada dos rebeldes e disse que suas forças não iriam retirar as suas armas até que um cessar-fogo fosse concretizado.
Um oficial rebelde na região separatista de Luhansk alegou que forças ucranianas tinham começado uma retirada parcial, mas o porta-voz militar ucraniano, coronel Andriy Lysenko, disse que nenhuma movimentação ucraniana estava em andamento.
Os rebeldes “estão apenas reagrupando suas tropas e estão realinhando seu armamento”, disse ele a repórteres. “Assim que houver um cessar-fogo por dois dias, esse será o sinal para iniciar uma retirada.”
Jornalistas da Associated Press avistaram cerca de uma dúzia de Howitzers deslocando-se na cidade controlada pelos rebeldes de Donetsk até a cidade de Khartsyzk, a 10 quilômetros (seis milhas) a leste da linha de conflito. Seu destino final era desconhecido.
O plano de paz pede que as armas pesadas sejam recuadas de 25 a 70 quilômetros a partir da linha da frente, dependendo do seu calibre.
O suposto cessar-fogo no leste da Ucrânia tem sido interrompido por violações. Na terça-feira (24), o porta-voz militar tenente-coronel Anatoliy Stelmakh disse que os rebeldes bombardearam a cidade de Popasna sete vezes e iniciaram um ataque à aldeia de Luhanske.
Stelmakh também disse que os rebeldes tentaram invadir posições ucranianas perto da aldeia de Shyrokyne ao sul, que fica perto do estratégico porto de Mariupol, no Mar Azov. Preocupações persistem de que os rebeldes pretendam tomar Mariupol para ajudar a estabelecer um corredor terrestre entre a Rússia continental e a Península da Crimeia, que a Rússia anexou em março passado.
A Rússia nega as alegações da Ucrânia e do ocidente de que está fornecendo tropas e equipamentos aos rebeldes com o objetivo de uma guerra em grande escala. O presidente russo, Vladimir Putin, em uma entrevista na segunda-feira para a televisão estatal, disse que “um cenário tão apocalíptico é quase impossível.”
Autoridades ocidentais e a OTAN insistem, porém, que fotos de satélite mostram que equipamento militar russo está no leste da Ucrânia.