Reator sino-paquistanês sugere cooperação em armamento nuclear

26/03/2013 18:57 Atualizado: 26/03/2013 18:57
Uma réplica da montanha Chaghi, onde o Paquistão realizou seu primeiro teste nuclear, em Islamabad, em 24 de julho de 2006 (Farooq Naeema/AFP/Getty Images)

Pequim objetou nesta segunda-feira que um acordo relatado recentemente com o Paquistão para construir uma terceira usina nuclear civil em Chashma fosse uma violação do tratado que o regime comunista assinou com o organismo mundial que regula o comércio nuclear.

As diretrizes do Grupo de Fornecedores Nucleares (NSG) são voluntárias, sem um mecanismo de aplicação, e a China concordou em não mais vender reatores ao Paquistão quando se tornou um membro em 2004. Os Estados Unidos é o chefe atual do grupo rotativo.

Segundo as diretrizes do acordo, a China está autorizada a vender suprimentos nucleares apenas aos países que fazem parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o Paquistão não satisfaz as salvaguardas exigidas pela agência.

A administração Obama esperava bloquear a venda, que tem estado embalada e a espera por alguns anos, pois isso poderia avançar o programa de armas nucleares do Paquistão. Relatórios da inteligência norte-americana citados pelo Washington Free Beacon na sexta-feira sugerem que o regime chinês orientou seus oficiais e os do Paquistão para manterem o contencioso negócio em silêncio e assim permitirem a transição suave da liderança chinesa no início deste mês.

Segundo relatos, a China também orientou os paquistaneses a ficarem quietos sobre a transferência recente em Gwadar, um porto-chave perto do Golfo Pérsico sob controle chinês. As autoridades norte-americanas acreditam que o porto seja usado por navios militares chineses.

O contrato do reator permitirá que a Corporação Nacional Nuclear da China (CNNC), o principal produtor de armas nucleares do regime, construa uma enorme usina de mil megawatts no norte do Paquistão, onde já existem dois reatores chineses.

O CNNC já forneceu tecnologia de armas nucleares ao Paquistão, por exemplo, quando negociou ímãs usados para produzir urânio enriquecido para mísseis na década de 1990.

Um relatório de pesquisa de 13 de fevereiro para o Congresso dos EUA advertiu que o acesso ao combustível utilizado poderia fortalecer o programa de armas nucleares do Paquistão.

“O arsenal nuclear do Paquistão consistiria de cerca de 90-110 ogivas nucleares, embora possa ser maior”, afirma o relatório. “Islamabad está produzindo material físsil, somando-se as instalações de produção relacionadas e implantando veículos adicionais de lançamento de dispositivos nucleares.”

No passado, o Paquistão negociou tecnologia nuclear com a Coreia do Norte, Líbia e Irã, numa onda de proliferação que culminou com a prisão do paquistanês Dr. Abdul Qadeer Khan em 2004.

Para garantir os esforços secretos contra o terrorismo islâmico, o governo dos EUA ainda não protestou publicamente sobre as negociações entre a China e o Paquistão, mas espera-se que contestem o negócio do reator na próxima reunião plenária do NSG em junho, segundo o Washington Free Beacon.

O NSG abriu uma exceção à Índia em 2008, quando as vendas nucleares dos EUA foram autorizadas, conforme garantias específicas da AIEA referentes à Índia. No entanto, os Estados Unidos não apoiaram esta medida quanto ao Paquistão.

A Índia pretende integrar o NSG, mas a China se opõe a medida, segundo um artigo da Reuters na quinta-feira. O regime chinês defendem a adesão do Paquistão.

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