Vamos olhar mais a fundo o que ocorreu com o estado do realismo. O escritor Jean-Jacques Rousseau disse: “O homem nasceu livre, e em todos os lugares ele está acorrentado”. Vamos substituir “homem” por “artista”, e teremos uma declaração que descreve com mais precisão o estado do mundo da arte durante praticamente o século passado inteiro. “O artista nasce livre, e em todos os lugares ele está acorrentado”.
Os artistas têm sido praticamente (se não literalmente) aprisionados. Isso está exposto em todas as manifestações da arte, desde as limitações acorrentadas da “arte conceitual” até o penoso trabalho de “desconstrução”, das “algemas de choque” até a enrascada do “minimalismo”, até o maçante empobrecimento vazio das obras descritas como “abstratas”.
Leia também:
• Realismo: construindo com ímpeto
• Realismo: Revivendo um conhecimento perdido
• Realismo: incomparável expressão de linguagem universal
Todas são correntes que foram “forjadas elo por elo e metro a metro”, dizendo que ensinam composição e design, mas há muito tempo já abandonaram todos os parâmetros das belas artes.
Quando analisamos profundamente, vemos que a maior parte do século passado tem sido uma tentativa em curso para difamar e degradar as reputações e os trabalhos artísticos produzidos durante a era vitoriana e seus correspondentes na Europa e na América.
Infelizmente, eles foram muito bem sucedidos. Mas nos últimos 30 anos, isso começou a mudar.
Eu tendo a pensar em 1980, quando o Museu Metropolitano de Nova York pegou alguns dos seus melhores quadros acadêmicos que estavam armazenados desde a Primeira Guerra Mundial e pendurou-os na nova ala André Meyer, e anunciou a sua decisão para o mundo.
Hilton Kramer, do The New York Times, liderou um ataque jornalístico contra o Museu Metropolitano, criticando-o por se atrever a pendurar William Bouguereau e Jean-Léon Gérôme ao lado de Goya e Manet.
Fiquei ainda mais indignado com as declarações de Kramer do que ele próprio ficou com o que o museu havia feito. Depois de não conseguir levá-los publicar uma resposta aberta, eu tive que pagar por um espaço na seção de domingo do New York Times, para que as pessoas pudessem ler uma resposta com credibilidade.
Ela foi publicada duas vezes, e eu recebi dezenas de cartas de apoio, incluindo uma de Thomas Wolfe, cujas crenças simpatizantes foram expressas em seu livro lendário intitulado “A Palavra Pintada”. Felizmente, o Museu Metropolitano de Nova York honrou o que tinha de mais valioso, e hoje essa seção expandiu-se consideravelmente, embora ainda haja excelentes obras-primas que permanecem desvalorizadas.
Ao longo das últimas três décadas, eu e outros historiadores de arte temos feito um grande esforço de investigação, e encontramos uma enorme preponderância de evidências que provam que as descrições modernistas desta época não são mais do que mentiras e distorções fabricadas, a fim de denegrir toda a tradicional arte realista produzida entre 1850 e 1920.
O romance de Emile Zola, “The Masterpiece”, era uma história fictícia sobre pintores impressionistas sendo maltratados pelos funcionários do Salão de Paris, que era administrado pelos mestres acadêmicos da época. Esta história totalmente inventada, surpreendentemente, começou a ser escrita em textos de história da arte, como se tudo tivesse realmente ocorrido, e até hoje, o coração das narrações modernistas da história da arte entre 1850 e a Primeira Guerra Mundial é baseado neste livro de contos.
Porém, a verdade reprimida deste período é que, durante o século 19, houve uma explosão de atividade artística inigualável, que superava toda a história anterior.
Milhares de artistas, devidamente treinados, desenvolveram uma miríade de novas técnicas e exploraram inúmeros novos temas, estilos e perspectivas que nunca tinham sido feito antes. Eles cobriram quase todos os aspectos da atividade humana. Eles eram o produto da expansão da liberdade e da democracia, e tinham um profundo respeito pelos seres humanos. Eles ajudaram a disseminar a visão crescente de que cada indivíduo era valioso, que todas as pessoas nascem com direitos inalienáveis, especialmente os direitos à vida, à liberdade e à busca pela felicidade.
Esta é a Parte 6 de uma série de 11 partes do discurso proferido por Frederick Ross, no dia 07 de fevereiro de 2014, apresentado no Artists Keynote Address to the Connecticut Society of Portrait Artists. Frederick Ross é presidente e fundador do Art Renewal Center (www.artrenewal.org)
Leia também as outras partes do discurso. Clique aqui!