Os artistas e os escritores do século 19 identificaram, codificaram, protegeram e perpetuaram os grandes valores humanistas e as valorosas descobertas da Idade da Razão, do Iluminismo, do século 18. Os escritores daquela época, como Honoré de Balzac, Victor Hugo, Mark Twain e Charles Dickens, têm sido amplamente elogiados e comemorados. Porém, em forte contrastada, os artistas do mesmo período, comunicando conceitos e valores muito semelhantes, foram impiedosamente ridicularizados e difamados.
Trabalhando juntos, esta geração ajudou a libertar os escravos, proteger o meio ambiente, parar o trabalho infantil, erradicar as condições de trabalho inseguras, garantir às mulheres direitos iguais e direito ao voto, acabar com os monopólios, e proteger e garantir os direitos das minorias.
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E para isso, o retorno, pelo menos para os artistas, tem sido o de rejeição ao seu trabalho, denegação aos seus métodos, mentira sobre o significado de seus temas, e repreensão de as suas realizações. Por quê? Porque eles não lideraram o caminho da pintura de respingo, das telas em branco, ou de tamanho industrial? Por isso, eles foram chamados de “irrelevantes”?
E aqui temos um conceito da distorção dos modernistas. Estes artistas do século 19, que nós amamos, não são considerados “relevantes”. (E se eles não são relevantes, certamente realistas modernos são ainda menos relevantes de acordo com essas normas).
Segundo os modernistas, somente obras e técnicas que descamam todas as antigas definições e parâmetros de belas artes, deveriam ser considerados “relevantes”. Somente aqueles artistas que seguiram o caminho do expressionismo abstrato eram dignos de serem chamados de “relevantes”. Nada poderia estar mais longe da verdade!
À luz do que acabei de explicar, a finalidade da arte é comunicar. É bem-sucedida se explora os aspectos mais profundos da experiência humana, e se é realizada com a poesia, beleza e graça. Se é inábil, desajeitado, e embaraçado, falha e não tem êxito.
Dizer que os acadêmicos eram irrelevantes para as suas épocas, ou para o caminho primordial das artes plásticas através dos tempos, é totalmente errado e incoerente. Eles estavam, de fato, no auge de 500 anos de desenvolvimento da arte em todos os níveis. Os modernistas foram o impedimento para o caminho principal das artes plásticas ao longo da história.
A relevância deve ser entendida em muitos níveis, e, talvez, um dos elementos mais essenciais para compreender a arte de qualquer época, é vê-la em seu contexto histórico.
Compreender o século 19 vai nos mostrar como este se relaciona com o nosso mundo atual. A fim de compreender a relevância de William Bouguereau e outros mestres do século 19, é essencial colocá-los em seu próprio tempo. E o que estava acontecendo na história durante o seu tempo era simplesmente solene. Estou falando de alguns dos eventos mais importantes de toda a história humana.
Os artistas acadêmicos do século 19 não foram apenas “relevantes” para os tempos, e relevantes para o grande segmento da história da arte, mas eles também foram relevantes para a evolução da arte em si, já que esses artistas estavam trabalhando no que seriam consideradas as encruzilhadas mais importantes da história humana.
A história da arte tem sido geralmente precisa em sua descrição de obras de arte a partir do início do Renascimento até cerca de 1840. Em sua maioria, historiadores da arte têm dado grande contribuição ou, pelo menos, atenção razoável. Isso era verdade até chegarmos a meados do século 19.
Por volta de 1848 em diante, todos os critérios normais para julgar, descrever e narrar a história da arte foram atirados para fora da janela por educadores do século 20. Quase todos os livros de arte que têm sido utilizados desde meados do século 20 reescreveram a história do século 19 para atender as necessidades e os preconceitos do mundo da arte “modernista”, que vê toda a história da arte através de uma lente “desconstrutora”, que define como importante, valioso, e relevante apenas as obras que quebraram algumas regras e parâmetros pelos quais as obras de arte foram anteriormente valorizadas e apreciadas.
A história da arte foi vista como uma longa marcha preenchida pelos “avanços” do impressionismo, através de um fluxo de diferentes movimentos que levaram ao abstracionismo, e aliada a um fervor religioso estridente vindo dos seguidores desta “nova história” para ser o maior de todas as formas e estilos de arte. Então, com um pensamento duplo retirado do livro “1984”, de George Orwell, a análise de todas as eras anteriores (anterior ao século 19) foram separadas da história, e agregadas em um contexto próprio.
É como se houvesse uma escrita da história da arte com um conjunto de parâmetros, e, em seguida, uma nova história da arte que se constituiu em destruir a relevância do século 19, atacando os parâmetros que eles usavam para louvar todos os outros séculos anteriores. Na verdade, eles criaram um cisma extremamente ilógico.
Esta é a Parte 7 de uma série de 11 partes do discurso proferido por Frederick Ross, no dia 07 de fevereiro de 2014, apresentado no Artists Keynote Address to the Connecticut Society of Portrait Artists. Frederick Ross é presidente e fundador do Art Renewal Center (www.artrenewal.org)
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