O presidente de Cuba, Raúl Castro, disse neste sábado (20) que seu país e os EUA deram um passo muito importante para regularizar seu relacionamento, mas ainda está faltando o mais crucial: o fim do embargo econômico, que existe há mais de 50 anos. Em discurso na Assembleia Nacional cubana, Castro admitiu que o esforço para extinguir o bloqueio, mesmo que fundamental, será longo e árduo e que precisará, inclusive, da colaboração da comunidade internacional e da sociedade americana, conforme reportagem da Associated Press.
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Ele ainda salientou que, mesmo que a retomada das relações diplomáticas com os Estados Unidos tenha sido um passo importante nesse sentido, não quer dizer que Cuba abandonará o socialismo. Ele disse que o país não está disposto a trocar o sistema político. “Não se deve assumir que para melhorar as relações com os EUA Cuba renuncie aos ideais pelos quais lutou”, afirmou Castro. “Da mesma maneira que nunca sugerimos aos Estados Unidos para que mudem seu sistema político, queremos respeito em relação ao nosso”, discursou Castro.
Cuba foi declarada uma nação socialista em abril de 1961, pouco mais de três meses depois que os EUA acabaram com as relações com a ilha e fecharam sua embaixada. “Foi dado um passo importante, mas ainda falta decidir o fundamental, que é o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba, reforçado nos últimos anos em particular no âmbito das transações financeiras”, enfatizou.
O presidente cubano disse que seu país tem disposição para conversar, com “igualdade e reciprocidade”, sobre todas as questões com os americanos, mas isso quer dizer que também é preciso debater a situação nos EUA. “Estamos fortemente convictos e preocupados sobre o que ocorre nos EUA em matéria de democracia e direitos humanos.”
Raúl Castro comunicou ontem (20) que a próxima conferência do Partido Comunista de Cuba (PCC), único partido político do país, será em abril de 2016, segundo informações do Portal Terra. Segundo ele, antes do encontro, haverá uma extensa e democrática conversa com os militantes comunistas e com o povo cubano sobre a situação dos projetos de renovação econômica do país. O último congresso do PCC foi em abril de 2011, quando Raúl Castro foi eleito primeiro-secretário da organização, substituindo seu irmão Fidel, ausente do poder desde 2006. Na oportunidade, o partido autorizou o projeto para a renovação do modelo econômico do país.
No mesmo discurso, Raúl Castro avisou também que irá à próxima Reunião de Cúpula das Américas, em abril no Panamá. “Confirmo que estarei presente, para manifestar as nossas posições com sinceridade e respeito para com todos os chefes de Estado e de Governo”, declarou.
O discurso de Raúl Castro, no fechamento da sessão semestral da Assembleia Nacional, aconteceu um dia depois de o órgão ratificar, por maioria, o acordo desta semana entre Cuba e os Estados Unidos.
Os dois países retomaram relações diplomáticas depois de mais de 50 anos de rompimento.