Shahkiel Akbar ficou chocado quando abriu um pacote de meias que havia comprado, e encontrou uma carta escrita em chinês.
O funcionário de um call center do bairro de Fenham, na Inglaterra, traduziu a nota para o inglês, e ficou ainda mais chocado quando descobriu que se tratava de um grito por socorro.
A nota diz:
“Meu nome é Ding Tingkun. Eu tenho 39 anos de idade, sou do sexo masculino e resido neste endereço:
Eu fui falsamente acusado de fraude e chantagem, e condenado a três anos de prisão em 28 de junho de 2014.
Isto aconteceu porque eu viajei para Pequim para denunciar casos de corrupção na polícia, e para denunciar os funcionários que estavam abandonando seus deveres para proteger criminosos e gangues.
Apelei sobre a minha sentença e o tribunal a revogou, com base no fato de que os detalhes do meu caso não eram claros e que a evidência era insuficiente.
Estou neste momento retido à força em um centro de detenção do município de Lingbi.
Meu corpo e alma foram submetidos a extrema tortura e danos!
Peço à pessoa que ver isto, que, por favor, entregue a carta ao presidente Xi Jinping, ao premiê Li Keqiang, ou a exponha na mídia!
Obrigado! Minha esposa e eu nos tornamos deficientes devido ao tratamento que recebemos.
Ding Tingkun”
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A carta, encontrada no par de meias pretas de algodão comprado em uma loja Primark, em Newcastle, na Inglaterra, foi provavelmente escrita por uma vítima de torturas realizadas pelos agentes de segurança chineses.
“Eu sabia que era algo sinistro quando eu vi. Eu estava realmente chocado. Eu me sinto responsável agora por ter achado isso. Eu apenas pensei que eu precisava gritar bem alto”, disse Shahkiel Akbar ao site Chronicle.
“Foi um SOS de um homem de 39 anos que vive na China. Pelas palavras que eu consigui traduzir, pode-se ver que ele estava angustiado. Parecia que ele estava arriscando muito para tentar enviar a mensagem para fora. Ele disse que havia sofrido abusos físicos e psicológicos, e que ele foi forçado a fazer essas meias. Pareceu como um verdadeiro fardo para mim. ”
Esta é a segunda nota encontrada recentemente.
Uma série de produtos chineses são feitos por presos que, muitas vezes, são torturados. Porém, a Primark alega que a nota é apenas parte de uma fraude elaborada.
“O nome Primark está sendo usado para ganhar publicidade para a situação deste indivíduo. Nós não encontramos nenhuma ligação entre essa pessoa e qualquer uma de nossas fábricas fornecedoras na China”, disse um porta-voz da Primark em um comunicado ao site Mirror.
“Nós achamos provável que a nota tenha sido adicionada após a produção, e é possível que isso tenha acontecido em trânsito ou em algum porto.”