Raiva cresce no Egito sobre veredito de Mubarak

05/06/2012 03:00 Atualizado: 05/06/2012 03:00

O presidente egípcio deposto Hosni Mubarak é levado para uma ambulância depois da audiência de seu veredito no Cairo em 2 de junho. Um juiz condenou Mubarak à prisão perpétua por envolvimento no assassinato de manifestantes durante a revolta do ano passado contra ele. (STR/AFP/Getty Images)Milhares convergem para a Praça Tahrir no Cairo após a absolvição de seus filhos e principais assessores

Milhares de egípcios ocuparam a Praça Tahrir no Cairo neste fim de semana para protestar contra as absolvições dos filhos do ex-líder Hosni Mubarak e seus assessores.

Hosni Mubarak e o ex-ministro do Interior, Habib al-Adly, foram condenados à prisão perpétua no sábado por seu envolvimento no assassinato de centenas de manifestantes na revolta do ano passado que resultou em sua queda.

Mas os manifestantes ficaram consternados depois que os filhos de Mubarak e vários outros altos assessores foram absolvidos de todas as acusações. O ex-ditador também foi inocentado das acusações de corrupção. “Mubarak tem 80 anos, eu não me importo com seu veredito. Eu me importo mais com as outras pessoas que foram absolvidas”, disse o manifestante Mohamed Ahmed ao Al-Jazeera.

O Human Rights Watch de Nova York disse que as condenações de Mubarak e al-Aldy enviaram uma “mensagem forte” para os futuros líderes do Egito respeitarem os direitos humanos. No entanto, a organização disse que a absolvição de quatro assistentes, “destaca o fracasso da promotoria em investigar completamente a responsabilidade pelo assassinato dos manifestantes” durante o período de revolução em janeiro de 2011. Os absolvidos incluem os ex-chefes da polícia de choque do Egito e de segurança do Cairo.

Alguns manifestantes não convergiram na Praça Tahrir especificamente por causa do veredito, pois temiam que as mesmas pessoas que estavam no poder durante o regime de Mubarak estejam dando as ordens agora.

O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), que tem governado o país desde a queda de Mubarak, recebeu inúmeras críticas dos egípcios, que dizem que o CSFA continuou muitas das mesmas políticas do ex-líder. Oficiais do CSFA disseram que entregariam o poder a um governo civil no final do mês, na sequência dos resultados do segundo turno das eleições presidenciais do país.

Safwat Hegazi, um proeminente líder islâmico com ligações com a Irmandade Muçulmana, cantou com milhares de pessoas em Tahrir, alguns dos quais passaram a noite lá. “Nós não estamos cansados, queremos uma revolução completa”, cantaram eles, de acordo com o jornal Al-Ahram.

Algumas pessoas e organizações políticas exigem que o CSFA entregue o poder a um conselho presidencial composto por oficiais que sejam favoráveis à revolução, mas que não receberam votos suficientes nas eleições de duas semanas atrás. “É muito cedo para dizer se estes ou quaisquer outros são realistas”, disse o analista político Ayman El-Sayad ao Al-Ahram. “A única coisa que todos podemos ter certeza é que quem foi para as ruas está com raiva e sente-se injustiçado, e eles têm todo o direito de se sentir assim”, acrescentou.