Desde o início da manhã de 28 de setembro, quando os organizadores do ‘Ocupar Central com Amor e Paz’ anunciaram o início do movimento pela democracia, dezenas de milhares de cidadãos de Hong Kong se juntaram ao protesto pacífico, desafiando o uso pela polícia de bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
As notícias em Hong Kong até 29 de setembro são:
O governo de Hong Kong anunciou que estava retirando a polícia por volta do meio-dia em 29 de setembro, enquanto dezenas de milhares de cidadãos continuaram a protestar, e os protestos se espalharam do distrito comercial central para o norte e oeste de Hong Kong.
Detenção de manifestantes
Na segunda-feira, a polícia prendeu 89 manifestantes, sendo 70 homens e 19 mulheres entre 16 e 66 anos, sob a acusação de terem entrado ilegalmente em edifícios do governo, reunirem-se ilegalmente, perturbarem a paz, agredirem a polícia e interferirem no trabalho da polícia, segundo a imprensa de Hong Kong.
Escolas fecham
Devido ao bloqueio de várias ruas e à grande mobilização resultante dos protestos, a Secretaria de Educação de Hong Kong anunciou a suspensão das aulas por um dia nas escolas K-12 em Wanchai, nos distritos do norte, leste e centro de Hong Kong.
Mercado de ações em queda
Em 29 de setembro, o índice Hang Seng de Hong Kong caiu 1,9%, e o dólar de Hong Kong teve sua maior queda em 18 meses. Os bancos HSBC e Standard Chartered, sediados em Londres, foram obrigados a fechar suas agências bancárias em Hong Kong quando a agitação política local afetou os mercados financeiros.
Bandeira nacional chinesa hasteada invertida
Na manhã de 29 de setembro um erro raro ocorreu no hasteamento da bandeira nacional chinesa no Centro do Almirantado. A bandeira foi hasteada de cabeça para baixo, o que incentivou ainda mais os protestos em Hong Kong. Os espectadores aplaudiram e assobiaram. O hasteamento de uma bandeira de cabeça para baixo é tradicionalmente um sinal de socorro ou uma forma de protesto.
O Centro do Almirantado está localizado em frente à sede do governo de Hong Kong, onde mais de 60 mil cidadãos se reuniram para apoiar os estudantes que protestavam no domingo. Os manifestantes que estavam na ponte de pedestres próxima do Centro do Almirantado gritavam: “Abaixo com o Partido Comunista Chinês, Leung Chun-ying [o chefe-executivo de Hong Kong] deve renunciar.”
Fogos de artifício do Dia Nacional da China cancelados
Devido aos protestos do Ocupar Central, a exibição de fogos de artifício pelo Dia Nacional da China, que estava marcada para as 20h de 1º de outubro no Porto Vitória, foi cancelada, segundo um anúncio do Departamento de Serviços Recreativos e Culturais na segunda-feira (29).
O anúncio dizia que as principais vias que levam aos pontos de visualização dos fogos podem continuar seriamente obstruídas pelo protesto e a decisão foi tomada considerando as modalidades de transporte público e a segurança pública.
Casa Branca apela para evitar um segundo Massacre da Praça da Paz Celestial
Apoiadores nos Estados Unidos da democracia em Hong Kong também organizaram uma petição no website ‘We the People’ da Casa Branca, apelando ao presidente americano Barack Obama que pressionasse a China para permitir que os cidadãos de Hong Kong possam realizar eleições democráticas e para evitar um segundo Massacre da Praça da Paz Celestial. Em 4 de junho de 1989, milhares de estudantes que protestavam pela democracia na Praça da Paz Celestial em Pequim foram mortos por tropas do regime comunista. Até 18h de 29 de setembro, mais de 191 mil pessoas já haviam assinado a petição.
Celebridades de Hong Kong apoiam o Ocupar Central
Uma série de celebridades de Hong Kong se pronunciou publicamente em apoio ao movimento democrático e condenou a repressão violenta dos manifestantes pacíficos pelo governo.
Por exemplo, Denise Ho Wan-See, uma cantora cantonesa pop de Hong Kong, escreveu num artigo publicado no Apple Daily: “A polícia de choque continua a lançar latas de gás lacrimogêneo sucessivamente nos cidadãos de Hong Kong. Não me lembro quantas vezes já enxuguei minhas lágrimas recentemente. Esta não é a Hong Kong que conhecemos quando crescemos aqui.”
“Tratar cidadãos pacíficos e racionais como gentalha e jogar inúmeras latas de gás lacrimogêneo em pessoas desarmadas é um total desrespeito à segurança dos cidadãos”, escreveu ela. “Eu quero lutar lado a lado com todos. Avance, povo de Hong Kong!”
O cineasta taiwanês Giddens Ko atualizou a imagem de seu Facebook com uma foto pessoal com a cabeça raspada para mostrar sua preocupação com o que está ocorrendo em Hong Kong e para apoiar o Ocupar Central, atraindo mais de 10 mil likes em seis horas. Os três iniciadores do movimento Ocupar Central de Hong Kong e 40 outros rasparam suas cabeças em 9 de setembro para expressar sua determinação na luta pelo sufrágio universal.