Em fevereiro, um caminhão na província de Henan que transportava fogos de artifício num elevado explodiu de repente e deixou um buraco na estrada que provocou o colapso de boa parte da estrutura. O concreto e vergalhões de aço foram rasgados e veículos desavisados caíram 30 metros de altura até o solo, esmagando-se enquanto formavam uma pilha de destroços. Por fim, 13 pessoas morreram e 11 ficaram feridas.
Mas no primeiro relatório sobre o incidente no Diário de Dahe, um jornal oficial na província de Henan, pouca informação sobre as vítimas foi mencionada. Em vez disso, 94,5% da história envolvia “conversas da liderança”, enquanto os nomes dos oficiais do Partido Comunista Chinês (PCC) que estiveram envolvidos (ou não) no resgate e seus cargos e órgãos estatais correspondentes foram citados 44 vezes, segundo uma análise feita pelo site chinês QQ. Sobre os mortos e feridos, houve apenas duas menções.
O povo chinês está agora acostumado com a cadência repetitiva da propaganda oficial, que é apregoada em qualquer ocasião na China, especialmente após “incidentes graves”, como desastres naturais, colapso de pontes e construções, incêndios, etc. Poucos dias atrás, analistas do portal da web QQ revelaram o conteúdo e a composição dessas notícias-propaganda, examinando de perto sua estrutura e vocabulário com resultados surpreendentes.
A análise de 10 incidentes nos últimos seis meses mostra que, em média, há 3,6 menções sobre vítimas nos artigos iniciais em sites do governo e da mídia local, enquanto há 4 vezes mais, uma média de 14,3, menções de nomes de oficiais do PCC e de suas unidades de trabalho. Em média, 71,6% das notícias iniciais são preenchidas louvando as autoridades e seus esforços de resgate, o que o QQ chamou de “conversa da liderança”.
Frases frequentes incluem “implementar as tarefas agora de forma intensa e ordenada”, “vigorosamente iniciar várias tarefas para lidar com as consequências” ou “não poupar esforços para reduzir o número de vítimas”. Isso apareceu repetidamente nas últimas reportagens da mídia estatal Xinhua sobre incidentes na cidade de Xiamen, no ônibus em chamas na província de Fujian, no incêndio de um celeiro na província de Jilin, etc.
Após o incêndio no celeiro de Jilin, por exemplo, o líder chinês Xi Jinping “imediatamente deu diretivas importantes” às autoridades locais, “solicitando a organização de esforços de resgate com todas as nossas forças”. O premiê Li Keqiang, o Politburo, o Conselho de Estado e o Ministério da Segurança Pública foram todos envolvidos de alguma forma nos esforços de resgate e no tratamento médico após o incêndio do ônibus em Xiamen, quando um aposentado desesperado, que teve seus benefícios previdenciários negados, queimou-se fatalmente, deixando 47 outras vítimas.
O site QQ ainda ofereceu aos internautas um parágrafo padrão para “preencher os espaços em branco”, empregando o estilo monótono das reportagens oficiais. O artigo dizia: “Vamos jogar o jogo ‘escrevendo uma circular oficial’!”
“Após o incidente, _______ prestou muita atenção e _______ emitiu uma diretiva importante exigindo que _______ não poupe esforços. Imediatamente, _______ chegou ao local, dirigindo _______ a _______, a fim de rapidamente _______ e organizar _______. _______ trabalhou intensamente e de forma ordenada. _______ está atualmente nos estágios iniciais de uma investigação.”
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