Quais são as perspectivas do Afeganistão, sem tropas americanas

21/02/2014 11:13 Atualizado: 21/02/2014 11:13

Uma década atrás, as estradas eram poucas e não pavimentadas. Celulares eram quase inexistentes, e telefones fixos agraciavam apenas uma minoria. Muita coisa mudou desde que as botas dos EUA pisaram o solo do Afeganistão. Mas talvez isso não seja o suficiente. Num evento recente da New America, especialistas refletiram sobre os vários desafios que permanecerão por muito tempo após a saída “vitoriosa” das tropas americanas este ano – e o papel de mudança que a ‘Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional’ (USAID) desempenhará no pós-retirada.

Com isto em mente, a USAID lançou recentemente uma série de programas para garantir o crescimento de longo prazo no país. No passado, o trabalho da USAID no Afeganistão foi criticado em meio a controvérsias sobre corrupção e desvio de fundos. Para por as coisas nos conformes, Donald Sampler Jr., o recém-empossado administrador-assistente do Escritório de Assuntos do Afeganistão e Paquistão da USAID, iniciou o evento com uma defesa veemente do trabalho da agência no Afeganistão: notando que o Afeganistão sempre foi “importante para os interesses especiais dos Estados Unidos” e que “você não precisa ir ao Afeganistão para encontrar políticos [tentando revirar uma situação]”. Sampler compartilhou sua visão do Afeganistão como uma nação com muitos contratempos, mas que teve progresso considerável após uma década de obscuridade e tumulto.

Essa década começou, é claro, em 2002, quando o país ficou sem um governo funcional após a derrubada do Taliban. O país foi um foco de ataques terroristas e atos espontâneos de violência, enquanto mantinha uma economia tão abalada que deixou muitos com uma visão cínica e pessimista sobre o futuro. Hoje, embora a violência e o conflito persistam, uma nova narrativa surgiu. Sampler apontou para um aumento de 20 anos na expectativa de vida, significante aumento do ingresso de mulheres nas universidades, “participação persistente da comunidade afegã” e a próxima eleição presidencial, como sinais de progresso e indicadores de crescimento sustentável.

Para sustentar o progresso e o crescimento, o Afeganistão também precisará reforçar suas instituições democráticas – especialmente incentivando um sistema de controles e equilíbrios, disseram especialistas. Outros elementos-chave de qualquer plano de longo prazo para a sustentabilidade incluem: agricultura, educação e abertura econômica internacional entre Afeganistão, Paquistão e Índia. Jarrett Blanc, vice-representante-especial para o Afeganistão e Paquistão do Departamento de Estado dos EUA, argumentou que “a transição em si já ocorreu, e… foi bem-sucedida” e que a conflito inicial já passou. Agora, com a USAID “respondendo a um ambiente em mudança” e a “primeira eleição na história contemporânea do Afeganistão, em que o quadro jurídico é [delineado por agricultores]”, se aproximando rapidamente, o verdadeiro desafio recai sobre o povo afegão, argumentou Blanc. Eles devem garantir que seus sistemas de governo permaneçam fortes e coesos.

Os meios de comunicação também desempenharão um papel fundamental no futuro do país. Sampler enfatizou, com uma pitada de acidez, o poder da mídia e a responsabilidade na construção narrativa do país. Notando que o público americano não está “apercebendo-se disso… que o Afeganistão mudou [como país]”, ele defendeu uma abordagem que responda à tendência de histórias negativas que menosprezam todas as outras. “Eu gostaria de falar sobre as mudanças positivas e [encorajo a todos que possam] a serem defensores do novo Afeganistão”, sugeriu ele. “As histórias são precisas, mas parciais.” De fato são.

Os três programas que estão sendo introduzidos pela USAID são os seguintes:

1. Programa de Apoio à Universidade e Desenvolvimento da Força de Trabalho no Afeganistão (5 anos)
2. Projeto de Comércio e Receita do Afeganistão (5 anos)
3. Projeto de Desenvolvimento Agrícola Regional (5 anos)

Para saber mais, visite o website da USAID. Assista também ao vídeo e ao diálogo completos abaixo:

Originalmente publicado pela New America Foundation