Putin encontra líderes do regime chinês em Pequim

08/06/2012 03:00 Atualizado: 08/06/2012 03:00

O presidente russo Vladimir Putin durante uma cerimônia de assinatura com o presidente chinês Hu Jintao em Pequim. (Mark Ralston/Getty Images)Reversão da atitude russa sobre o Falun Gong é visto como um teste da situação política chinesa

O presidente russo Vladimir Putin chegou a Pequim em 5 de junho, acompanhado por vários ministros russos e membros-chave da tecnologia do país, negócios, recursos e setores financeiros. Após conversações com o líder chinês Hu Jintao, Putin disse a repórteres numa conferência de imprensa que vários negócios foram assinados no âmbito da energia, indústria, banco, aviação e fabricação inovadora.

A Rússia é um importante aliado político da República Popular da China, a liderança da Rússia tem por muitos anos procurado lucro na economia crescente da China. O ex-presidente Boris Yeltsin tornou a Rússia uma sólida apoiadora do regime chinês sobre as principais questões políticas durante a era do ex-líder chinês Jiang Zemin. Em resposta, Jiang fez vários acordos nos bastidores que cederam mais de 1 milhão de quilômetros quadrados do território chinês e o ponto de saída do Rio Tumen para a Rússia em 1999.

Após Yeltsin, Putin deu passos similares, e talvez mais determinados. Em 1999, Jiang iniciou a perseguição ao Falun Gong, e a prática de qigong mais popular da China se tornou questão central nas políticas e ações diplomáticas do regime comunista chinês. Sob Putin, vários praticantes do Falun Gong foram presos e deportados para a China, onde enfrentaram a perseguição do regime chinês. Praticantes do Falun Gong foram proibidos de realizar atividades de grande escala na Rússia, e o livro principal da prática espiritual, o Zhuan Falun, e três outros livros relacionados do Falun Gong foram proibidos na Rússia em 2008. Um tribunal de apelações confirmou a proibição russa em 2011 depois de uma batalha legal.

Um evento em Moscou em 27 de maio sugere que o governo russo pode ter mudado sua posição em relação ao Falun Gong. Praticantes do Falun Gong foram convidados a participar de um festival esportivo comemorativo organizado pela Orquestra da Polícia de Moscou. O evento, que contou com mais de 100 mil pessoas, foi realizado na Praça Vermelha em Moscou, ao lado da sede do governo da Rússia, o Kremlin. No evento, os praticantes demonstraram os exercícios do Falun Dafa e realizaram dança tradicional chinesa e música.

Desde a queda em abril de Bo Xilai, um poderoso ex-secretário do Partido Comunista Chinês que foi deposto de todas suas posições, e o lançamento de uma investigação contra o czar da segurança pública chinesa Zhou Yongkang, os boatos foram se espalharam em websites chineses e na mídia estrangeira, sugerindo que a influência de Jiang sobre a política chinesa está chegando ao fim. Se Jiang for derrubado, a perseguição ao Falun Gong provavelmente será encerrada, e o Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) de 1989 seria retratado.

Shi Zangshan, um especialista em China baseado em Washington DC, disse que o governo russo poderia ter mudado sua atitude em relação ao Falun Gong para verificar se a situação política na China realmente mudou. Ele disse que é provável que Putin sentiu a luta interna do poder na China intensificar e viu uma oportunidade de ouro para cortejar a liderança em ascensão. Ao mesmo tempo, Putin pode aproveitar esta oportunidade para negociar mais promoções comerciais com a China, disse Shi.

Putin está a caminho de uma cúpula de segurança regional de dois dias em Shanghai. Rússia, China e ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central participarão no encontro.