O presidente russo Vladimir Putin disse hoje (23) que vai respeitar a escolha dos ucranianos nas eleições presidenciais de domingo (25), apesar de o presidente deposto Viktor Ianukóvitch continuar tecnicamente a ser o chefe de Estado.
“Compreendemos que o povo ucraniano quer que o seu país saia da crise (…) Vamos respeitar a escolha deles”, disse Putin em um fórum econômico em São Petersburgo. “Teria sido melhor fazer um referendo e adotar nova Constituição. Ao abrigo da atual Constituição, Ianukóvitch continua em exercício”, acrescentou.
Em longa intervenção, dominada pela crise na Ucrânia, o presidente russo disse ainda que as sanções impostas à Rússia pela União Europeia e pelos Estados Unidos têm “efeito boomerang” e viram-se contra os países que as impõem. “No mundo moderno, interligado, as sanções econômicas como instrumento de pressão política podem ter um efeito boomerang e, ao final, terem impacto nos negócios e nas economias que as impuseram”.
Putin criticou a tentativa dos Estados Unidos de serem a única potência mundial, lembrando que “o modelo unipolar fracassou”.
Sobre o conflito de gás com a Ucrânia, o presidente russo acusou Kiev de pôr em risco o fornecimento à Europa, ao “abusar da posição de país de trânsito” do produto. Ele defendeu a posição de Moscou em relação a essa questão. “A dívida não só não foi paga, como aumentou. As faturas atuais não são pagas. Onde está o nosso dinheiro?”, perguntou.
As autoridades ucranianas insistem que estão dispostas a pagar cerca de US$ 4 bilhões à Gazprom se o preço do gás russo for reduzido para US$ 268,5 por 1.000 metros cúbicos (m³).
O preço que a Gazprom cobra atualmente a Kiev é US$ 485 por 1.000 m³.