PT convoca militância contra imprensa brasileira

05/11/2014 05:30 Atualizado: 04/11/2014 20:43

Não há a menor dúvida de que os jornalistas brasileiros que cobrem política correm risco em sua profissão. Quando grupos de esquerda foram às ruas no ano passado isto ficou ainda mais claro para todos. Se antes os jornalistas eram ameaçados por autoridades, que intimidavam com legislação, corte de verbas e pediam a cabeça de quem investigava os crimes políticos, a tomada das ruas por grupos de esquerda, notadamente jovens, fez com que víssemos que a esquerda brasileira não tolera a divulgação de notícias que prejudicam o PT. Carros de órgãos de imprensa foram incendiados (Últimosegundo/Manifestantes ateiam fogo em veículo de emissora de tv em São Paulo), jornalistas foram hostilizados e um cinegrafista morreu (Notícias Uol/cotidiano/ultimas-noticias/Morre cinegrafista da Band atingido por explosivo em protesto no Rio).

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Isso só foi um passo adiante na violência sempre constante na militância de esquerda. Em 2013, numa simples festa partidária, uma jornalista da Folha foi xingada de “cadela do PIG” e levou chutes de filiados ao partido (Reaçonaria/Petistas em bando xingam e agridem jornalista). Mais recentemente, em um evento a favor da campanha de Dilma Rousseff, Lula deixou bem claro que os jornalistas eram adversários: no caso, William Bonner e Míriam Leitão, ao que se seguiu um coro de xingamentos à emissora. Na véspera da eleição, integrantes da UJS espalharam lixo na porta da Editora Abril e depredaram tudo o que foi possível (Noblat/O Globo/Aparentemente sóbrio, Lula fala mal da imprensa e cita jornalistas). Na festa da vitória eleitoral do PT, manifestantes seguiram Lula e xingaram não somente William Bonner como toda a Rede Globo. Já depois das eleições o PT inaugura nova ofensiva restringindo anúncios na VEJA (Conversa Afiada/Dilma cancela publicidade na Veja. É pouco!), planejando policiar ainda mais a imprensa e convocando seus partidários “às armas” (O Globo/PT convoca militantes virtuais às armas para combater pedido de impeachment de Dilma).

Diante de tantos fatos preocupantes, raros são os jornalistas que se mostram atentos e críticos a esta radicalização violenta e anti-democrática. Não dá para saber se o silêncio de tantos se deu para proteger o PT e a esquerda de seus erros ou medo de serem estigmatizados como “direitistas” e, portanto, serem os próximos atacados. Caso tenha sido pelo segundo motivo, estão mais do que certos: não é para qualquer um lidar com o partido no poder. E vale lembrar que investigações apontam ligações de um vereador deste partido com o PCC (Veja/Vereador do PT também é citado em inquérito sobre PCC), o que só mostra como a política brasileira se imiscui perigosamente com o mundo do crime.

Há pessoas afirmando que, ao mostrar aqui ainda no sábado como jornalistas da Folha e do Estadão com preferências partidárias usavam reportagens para ridicularizar quem vai contra essas preferências e como colhiam idênticos depoimentos das mesmas pessoas, alguns dos atingidos pela ridicularização dessas reportagens responderam ofendendo ou mesmo ameaçando os jornalistas. Ataques assim costumam ser aceitos nos meios esquerdistas contra o que eles julgam os inimigos (imprensa, oposição, religiosos e quem não vota no PT), jamais entre nós. Felizmente ameaças pela internet são facilmente rastreáveis. Felizmente quem fez estas ameaças, se as fez, não vai às ruas depredar e confrontar a PM, muito menos tem suporte de qualquer partido. Ao que tudo indica, as ameaças, se existiram, são casos isolados e sem consequência prática. Ainda assim, que os dois jornalistas não façam como a Folha de São Paulo, William Bonner, Caco Barcellos e tantos outros acuados pela esquerda: sigam em frente! Localizem estas pessoas, investiguem se realmente correm algum risco e peçam que se retratem. Quando Daniela Lima foi vítima de um crime por filiados ao PT não se teve notícia de ao menos um registro de Boletim de Ocorrência para identificar os agressores. Deixar de registrar crimes é um incentivo a que eles sejam repetidos.

Todos nós eleitores e pessoas interessadas por política devemos gratidão aos jornalistas que investigam e publicam as denúncias necessárias para conter os avanços da criminalidade e do sectarismo na política brasileira. A preocupação justa com o bom ambiente para apuração e integridade desses profissionais não se deve a relações de amizade com as vítimas ou ter as mesmas preferências políticas, mas princípio.

Tudo indica que daqui para frente haverá mais radicalização e intolerância do PT e seus tentáculos. Aqueles que realmente estão preocupados com a liberdade de imprensa e o fim das perseguições políticas são bem vindos e estão perdoados pelas omissões do passado.

Reaçonaria