Nesta semana estamos aprendendo sobre algumas doenças respiratórias importantes, abordando a asma e a bronquite a partir de diferentes perspectivas terapêuticas, como pela medicina tradicional chinesa, pela nutrição e pela biocibernética bucal.
Agora vamos ter uma outra perspectiva, a partir do naturalismo e da psicossomática.
Asma
A asma é uma doença respirátoria crônica com bases alérgicas, que apresenta-se em crises em determinadas épocas do ano (especialmente no tempo frio e seco), mas também ocorre em episódios agudos, devido a estímulos alergênicos (estímulos que podem provocar alergias, como o pó, o pólen, os ácaros, pêlos de animais, corantes alimentícios, camarão, amendoim etc) ou emocionais (como a ansiedade, o medo, a angústia etc).
A asma caracteriza-se por um processo inflamatório crônico dos bronquíolos – pequenas estruturas tubulares por onde entra e sai o ar dos pulmões. Essas estruturas tornam-se inflamadas e contraídas devido a certas condições climáticas, ambientais e emocionais, como descrito acima, causando restrição na passagem do ar e também acúmulo de catarro dentro dos pulmões.
Seus sintomas mais comuns são: sensação de aperto no tórax, dificuldade de respirar, respiração com chiados, tosse e catarro.
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O termo asma deriva do latim asthma, que por sua vez deriva do termo grego ἄσθμα, que significa ofegar, arfar, respirar com dificuldade, já que durante as crises de asma a pessoa respira com muita dificuldade, chegando inclusive a ficar cianótica ou asfixiada em casos mais graves. Por isso, a pessoa precisa de auxílio competente, de modo a evitar situações extremamente desconfortáveis e até graves para a sua saúde.
A asma surge, em geral, durante a infância e tem características alérgicas, normalmente com bases psicossomáticas. É comum que outros membros da família tenham também predisposições alérgicas ou mesmo asma, sendo, por isso, uma doença de características genéticas e/ou de bases psicogênicas (que se originam de certas condições psicológicas das pessoas), ligadas a quadros emocionais familiares complexos.
Tratando a asma
Como dito anteriormente, a asma tem uma característica psicogênica, ou seja, a sua origem é predominantemente emocional: devida a fatores psicológicos conflituosos e quase sempre inconscientes da pessoa.
O indivíduo que tem um perfil asmático tende a ter crises em diversas circunstâncias diferentes, sempre devido a um agente desencadeante, que provocará uma reação exacerbada em suas vias respiratórias, levando aos espasmos brônquicos e à consequente dificulddade de respirar.
Esses agentes normalmente causam irritação diretamente nas vias respiratórias – pó, pêlos de animais, fumaça, perfumes, produtos químicos etc -, ou são produtos e alimentos alergênicos – corantes alimentares, ovos, amendoim, etc -, condições climáticas – frio, secura, mudanças bruscas de temperatura etc -, e condições emocionais – medo, angústia, conflitos psicológicos etc.
Uma das diferenças fundamentais entre um asmático e uma pessoa normal está no fato de que o asmático apresenta uma hipersensibilidade alérgica a uma variedade de elementos – como os descritos acima – que normalmente têm pouco ou nenhum significado para a pessoa saudável.
Mas, o que leva a pessoa a desenvolver esse estado alérgico crônico?
O padrão psicológico do asmático
Em princípio, cada pessoa asmática tem seu próprio padrão de resposta alérgica, condicionado por seus próprios conflitos emocionais latentes inconscientes e, provavelmente, é por isso mesmo que alguns têm alergia a perfumes, outros ao camarão, outros a pêlos de animais e, assim, a uma variedade de substâncias e situações.
Mas, uma característica em comum a todos é o excesso de reação defensiva ao suposto agente alergênico. Ou seja: a reação de defesa do asmático ao que ele supõe perigoso, negativo, conflituoso ou impuro é extremada, levando o seu sistema imunológico a desencadear uma série de eventos muito intensos, que levarão à crise asmática.
E não só o seu sistema imunológico entra em alarme, como determinadas estruturas que intermediam a relação do asmático com o suposto agente agressor – e com todo o complexo emocional imaginário que o asmático projeta nesse agente – também se alteram significativamente.
Ou seja: por exemplo, numa crise asmática desencadeada por pó, não só os bronquíolos do asmático se inflamam e incham (obstruindo a passagem de ar em seu interior), como a musculatura do seu tórax se tensiona e se contrai. É bastante provável que o indivíduo reaja inconscientemente contraindo seus músculos do tórax para tentar “defender-se” do pó que está no ambiente, assim como contrai também seus bronquíolos e tenta combater violentamente o pó que por ventura possa entrar através deles em seus pulmões.
O caso é que o asmático reage tentando evitar a todo custo ser invadido ou tentando expulsar o agente ao qual tem aversão ou que lhe representa um conflito psicológico.
Alguns pesquisadores e profissionais de saúde afirmam que cada elemento alergênico representa um aspecto psicológico do qual o asmático procura se defender, devido às suas projeções emocionais conflituosas.
Assim, por exemplo, a alergia ao leite pode refletir uma relação conflituosa inconsciente com a nutrição materna, que pode ter sido inadequada para aquela pessoa quando era bebe: sua mãe pode ter sido pouco afetiva, ou displicente, ou agressiva ou imatura na relação de cuidado e nutrição afetiva para com o seu filho, e este passa a reagir ao elemento (o leite) que relembra essa relação distorcida com a mãe de forma disfuncional. Por não saber como lidar com esse elemento, devido às cargas emocionais – como raiva, insegurança, mágoas, sensação de abandono etc – que tem associadas a ele, o indivíduo reage descontrolada e violentamente através de descargas psicossomáticas em seu sistema imunológico e em outras estruturas e sistemas orgânicos.
Apesar deste exemplo, as configurações emocionais e as reações a elas associadas são diferentes de indivíduo para indivíduo, necessitando cada caso ser abordado com atenção e carinho para que se descubram os padrões emocionais por trás desses comportamentos asmáticos.
Por isso, as abordagens psicológicas, através de bons profissionais, que auxiliem o autoconhecimento do indivíduo asmático, são essenciais: a terapia floral, a bioenergética, a psicossomática, a psicoterapia e outras são boas formas terapêuticas para ajudar a curar a asma.
Entretanto, é claro que os apoios e tratamentos das condições orgânicas são igualmente fundamentais, porque antes que o indivíduo compreenda e modifique suas reações psicossomáticas, haverá necessidade de controlar suas reações orgânicas exacerbadas, que, de outro modo, podem levá-lo a situações bastante desconfortáveis e até perigosas durante as crises asmáticas.
Tratar da asma, assim como de qualquer outra doença, é ajudar o indivíduo a compreender seus padrões psicológicos e emocionais conflituosos e distorcidos que, de forma inconsciente, se expressam de forma desorganizada e não-saudável em seu organismo.
Bronquite
A bronquite é a inflamação e a contração dos brônquios, e não dos bronquíolos como na asma.
Os brônquios são, grosso modo, os grandes tubos que levam o ar para dentro e para fora dos pulmões. Já os bronquíolos são a continuação final dos brônquios e encontram-se no interior dos pulmões, ligados aos alvéolos pulmonares, que são estruturas parecidas com pequenos cachinhos de uva, onde ocorre, de fato, a troca gasosa (a eliminação do gás carbônico do sangue e a recepção do oxigênio).
A bronquite apresenta sintomas e manifestações semelhantes aos da asma, como aperto no peito, dificuldade de respirar, e, especialmente, tosse (com ou sem catarro). Mas, enquanto a asma é, em geral, devida a estímulos alergênicos, a bronquite é devida a infecções respiratórias (bronquite aguda) ou à degeneração de partes das estruturas respiratórias (bronquite crônica)
A bronquite aguda normalmente surge durante uma forte gripe e deve ser tratada como uma doença respiratória aguda. Dura de 1 a 3 semanas, em média, e seu prognóstico (expectativa sobre a cura), em geral, é bom.
Já a bronquite crônica é uma condição degenerativa do sistema respiratório, causada normalmente pela inalação crônica de substâncias tóxicas, como no tabagismo, por distúrbios emocionais crônicos que afetam os pulmões (tristeza, sensação de abandono e de vulnerabilidade ou outras) e/ou por fraqueza constitucional que se acentua durante o processo de envelhecimento do indivíduo.
Por ser devida a um processo crônico, são necessários anos ou décadas de exposição aos agentes intoxicantes antes de que a pessoas manifeste a bronquite crônica. Por isso, o mais comum é que ela se manifeste nas pessoas acima de 45 anos.
Ao contrário da asma, que pode ir melhorando com crescimento e o amadurecimento do indivíduo, a bronquite crônica tende a piorar com o envelhecimento e responder cada vez menos ao uso de corticóides e de broncodilatadores (as bombinhas usadas na asma e na bronquite), dificultando cada vez mais seriamente a respiração da pessoa.
Tratando a bronquite
• Bronquite aguda
Tratar a bronquite aguda é tratar um distúrbio respiratório transitório, que pode estar associado a uma infecção gripal, a um forte resfriado ou a uma condição emocional passageira, e, para isso, o uso de antibióticos naturais – como a própolis e a equinácea – e de certas ervas medicinais descongestionantes e anti-inflamatórias, como o alcaçuz, o eucalipto, a hortelã, o alecrim, o gengibre e outras, é recomendado.
Os alimentos alergênicos e/ou mucogênicos, como os laticíneos, as bebidas geladas, o açucar, os doces, o amendoim, as nozes e muitos produtos industrializados que contêm corantes e conservantes devem ser evitados até o fim da bronquite. Conheça as principais substâncias e alimentos alergênicos/mucogênicos que devem ser evitados.
A exposição ao ar frio, ao excesso de umidade e à secura deve ser evitada.
Da mesma forma, devemos prestar atenção nas condições emocionais da pessoa e questionarmos quando foi o início da bronquite e quais eram as circunstâncias em que ela estava vivendo quando este processo iniciou-se.
Os conflitos emocionais, a inexpressão de sentimentos, a mágoa, a tristeza, a sensação de abandono e até a raiva e a frustração podem ser a causa primária dessa manifestação; por isso, somente tratar a condição física pode não resolver plenamente o problema. Entretanto, uma vez que o conflito psicológico e as condições emocionais sejam descobertas e compreendidas, o distúrbio orgânico tende a melhorar rapidamente.
Por isso, além de cuidar do processo físico da bronquite, é necessário ajudar a pessoa a entender suas condições emocionais. Pode-se sugerir a ajuda de um terapeuta floral, de uma psicóloga (para uma abordagem rápida) ou de outro terapeuta que ajude-a a tratar suas condições psicossomáticas.
• Bronquite crônica
Dentro da medicina convencional, o prognóstico para a bronquite crônica é ruim e o tratamento se baseia na redução ou na eliminação do agente intoxicante (em geral o cigarro) e, normalmente, no uso de corticóides e de broncodilatadores. Mas, sabe-se que a condição dos tecidos e de certas estruturas respiratórias não retrocede mais, porque os danos foram profundos e definitivos; sendo assim, a bronquite crônica é vista como uma doença degenerativa importante, que pode incapacitar a pessoa, quando avançada.
Algumas terapias e medicinas não convencionais tendem a ter mais sucesso no tratamento da bronquite crônica, porque entendem e apoiam o organismo como um todo e possuem recursos regenerativos, muitas vezes, sui-generis. Mas isso não quer dizer que estruturas profundamente danificadas possam ser recuperadas, mas sim, que a condição geral dos pulmões e do organismo pode ganhar preciosos auxílios, aumentando assim a qualidade de vida do indivíduo (desde que a pessoa realmente mude fundamentalmente o seu modo de viver).
Entretanto, a bronquite crônica é uma doença grave e não pode ser tratada casualmente. Além disso, achar que alguém pode superar as crises sozinho ou com tratamentos parciais é um erro perigoso. É bastante arriscado deixar os tratamentos convencionais e o uso dos broncodilatadores e outros sem antes estar totalmente fora das crises e apoiado totalmente por outros profissionais de saúde competentes que possuam outras estratégias e meios terapêuticos eficientes.
Tratar a bronquite crônica exige uma mudança radical e verdadeira por parte da pessoa, de modo a levar à eliminação definitiva do cigarro (ou do charuto, do cachimbo, da maconha e similares), adotar um modo de vida limpo, saudável e construtivo, o que inclui uma profunda e bela transformação emocional.
Para um processo como esse, o apoio de um profissional de saúde consciencioso, humano e com abordagens técnicas amplas e, se possível, não-agressivas (homeopatia, naturopatia, medicina tradicional chinesa, nutrição funcional, biocibernética bucal, bioenergética, medicina ayurvédica, terapia floral, psicossomática etc) ou até de uma equipe multiprofissional com esse perfil é fundamental.
Em termos emocionais, a bronquite crônica parece estar ligada a uma condição de não-expressão de sentimentos, em especial da angústia, da tristeza e da mágoa, sendo estas profundas e latentes condições emocionais nestes indivíduos. Por isso, é mais do que necessário que a pessoa que tem bronquite crônica conheça-se e tenha auxílio de um profisisonal que a ajude a sanar as suas condições emocionais.
Orientações gerais para tratar as condições de asma e de bronquite
Sem dúvida, antes de tudo, deve-se procurar um profissional que possa fazer um tratamento holístico e integrado – quem sabe, formando uma pequena equipe multidisciplinar com outros profissionais – para tratar tanto as condições psicológicas como as orgânicas. Nesse caso, bons médicos ou terapeutas que usem a medicina tradicional chinesa, ou a homeopatia, a naturopatia, a medicina ayurvédica, a antroposofia, o método self-healing, a microfisioterapia etc são indicados.
Enquanto isso não tem início, seguem algumas orientações gerais:
• Evitar alimentos alergênicos e/ou mucogênicos, como laticíneos, glutamato monossódico, carne de porco, camarão, bebidas geladas, açucar, doces, amendoim, nozes e produtos industrializados que contenham corantes e conservantes;
• Tomar equinácea ou própolis. Tomar 30 gotas de própolis com água, 3x ao dia, após refeições, por 21 dias; ou tomar 30 gotas ou 1 cápsula de equinácea, com água, 2x ao dia, durante 21 dias. A equinácea e a própolis têm funções antibióticas e imunoestimulantes, sendo que a equinácea tem uma qualidade refrescante e a própolis uma qualidade aquecedora;
• Tomar e fazer inalação com o seguinte chá: eucalipto, guaco, alecrim, hortelã e gengibre. Em 1 litro de água ferva 1 colher de sopa cheia de gengibre picado (sem casca) por 5 minutos. Depois, apague o fogo e acrescente 1 colher de sopa das outras ervas, tampe e deixe descansar por 15 a 20 minutos. Coe e tome 1 xícara 3x ao dia, por 21 dias. Também faça inalação com este chá, durante 15 minutos, todas as noites, por 21 dias. Este chá suaviza, limpa e descongestiona os pulmões, auxiliando, inclusive a relaxar a contração dos brônquios;
• Tomar raíz de alcaçuz (Radix glycyrrhizae). Tome 1 cápsula 3x ao dia, por 21 dias. A raíz de alcaçuz desinflama e combate os espasmos do organismo, alivia a tosse e ajuda na eliminação do catarro. Pode-se tomar junto com o chá descrito acima;
• Xarope de mel e abacaxi. Cozinhar em fogo brando, durante cerca de 10 minutos (contando após a fervura), 1/2 xícara de água, 1 xícara de mel e 1 abacaxi inteiro picado (sem o miolo). Deixar esfriar e tomar 1 colher de sopa de 3 a 4x ao dia, por 21 dias. Pode-se usar este xarope sempre que surgirem doenças respiratórias com catarro: o mel e o abacaxi têm propriedades mucolíticas (dissolvem o catarro); além disso, esse xarope alivia a tosse;
• Tomar o fitofloral Ventilian, na forma de 30 gotas, com água, 4x ao dia. Para a bronquite aguda tomar por 21 dias. Para a asma e a bronquite crônica tomar por 60 dias;
• Aprender a fazer exercícios respiratórios terapêuticos com um bom profissional, seja do yoga, da fisioterapia, do qigong medicinal, do método self-healing ou de outros métodos confiáveis.
*As doses acima são indicadas para adultos. Para as crianças de 4 a 11 anos, reduzir as doses à metade. E para as crianças de 2 a 4 anos, reduzir a dose à 1/3. Abaixo de 2 anos deve-se ter um acompanhamento de um médico ou terapeuta experiente, que deve indicar o tratamento diretamente. E em todos os casos citados, sugere-se o acompanhamento de um profissional habilitado.
Normalmente, quando tratada de forma correta, a bronquite aguda é curada em duas ou três semanas. Já a bronquite crônica e a asma são processos crônicos e profundos, que exigem um tratamento complexo e transformador.
Atenção: as crises de bronquite (aguda ou crônica) ou de asma não devem ser vistas como algo simples ou fácil de ser superado; elas devem ser cuidadas com atenção e tratadas com métodos eficazes, porque se tratadas displicentemente ou com métodos ineficazes, podem se acentuar e colocar a pessoa em risco. Ter um apoio de um médico ou de um terapeuta experiente, que indique o tratamento adequado, é fundamental.
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