O ano escolar em Hong Kong começa nesta semana, mas muitos moradores estão a postos, realizando uma semana de grandes protestos sobre uma lei chinesa imposta que eles descrevem como uma tentativa de “lavagem cerebral” em crianças de idade escolar. Espera-se que as demonstrações se expandam na próxima semana nas universidades.
Nos últimos dias, milhares de pessoas se reuniram em frente a prédios do governo na ex-colônia britânica, com alguns fazendo greve de fome contra as chamadas classes de “Educação Nacional e Moral”, que serão forçadas nas crianças.
Os protestos em frente ao prédio Tamar do governo ainda não cederam até quinta-feira, horário local pela manhã, informou a Rádio Televisão de Hong Kong, e as demandas dos manifestantes não mudaram. Os que lideram os protestos, disse a estação, são na maioria adolescentes, mas adultos também participaram.
A polícia estima que 6.300 manifestantes participaram na quarta-feira, com uma menina raspando sua cabeça diante da multidão para mostrar sua determinação em protestar contra o plano educacional.
Na verdade, esses protestos provavelmente ficarão ainda maiores na próxima semana porque os estudantes universitários anunciaram que entrariam em ação, informou o jornal Standard de Hong Kong.
“Queremos expressar nossa profunda indignação e apoiar esses ativistas que encenam comícios contra a implementação da educação nacional no local do Tamar”, disse Wong Chi-siu, um líder da União Estudantil da Universidade Batista de Hong Kong, ao jornal. Ele disse que mais de 1.000 alunos aderirão.
Cerca de oito manifestantes ainda faziam greve de fome na quarta-feira por tempo indeterminado. Alguns têm estado em greve desde a sexta-feira passada.
“Nenhuma discussão pode ser considerada sincera se o governo não engavetar o plano”, disse um manifestante, que não foi identificado, à publicação.
O chefe-executivo Leung Chun-ying se recusou a ceder à luz das exigências dos manifestantes, dizendo que Hong Kong implementará o plano de educação, ainda que tenha enfrentado oposição generalizada.
Carrie Lam, a secretária-chefe da administração de Hong Kong, sugeriu aos manifestantes que participassem de um comitê do governo recém-formado para expor suas queixas, mas disse que o plano de educação não seria dissolvido.
Numa carta publicada há alguns meses, a Secretaria de Educação de Hong Kong disse que “a educação nacional” compreende “20% do conteúdo” que será ensinado aos alunos.
Mas os manifestantes e os que se opõem ao plano dizem que os educadores de Hong Kong estariam ensinando história revisionista divulgada pelo Partido Comunista Chinês, que foi descrita essencialmente como propaganda. O currículo, disseram seus opositores, espelha a educação patriótica ensinada aos estudantes na China continental e promove o Partido Comunista, ela não menciona eventos como o massacre da Praça da Paz Celestial em 1989 e critica a democracia.
Shi Cangshan, um especialista em China que vive em Washington DC, disse ao Epoch Times que os protestos contra o plano de educação equivalem a ser contra o Partido Comunista Chinês.
“Nos últimos dois anos, o regime comunista chinês tem se tornado cada vez mais impopular e sua credibilidade está em declínio”, disse ele. “As opiniões expressas na internet têm criticado esmagadoramente […] as políticas do regime.”
“O movimento antilavagem cerebral de Hong Kong é de extrema importância não só para os residentes de Hong Kong, mas para o povo na China continental.”
Nos últimos meses, protestos deflagraram em Hong Kong sobre o plano nacional de educação, com dezenas de milhares de pessoas marchando no final de julho.
Com reportagem de Lin Zhen & Li Zhen.