Na prefeitura de NY, centenas marcam os 13 anos de perseguição do regime chinês à disciplina espiritual
NOVA YORK – O 14º 20 de julho se passou desde 1999, cada um deles uma lembrança de mais um ano de perseguição ao Falun Gong realizada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) na China.
A prática, uma antiga disciplina espiritual trazida ao público em 1992, prosperou na China na década de 1990, com cerca de 100 milhões de pessoas vindo a praticá-la, segundo estatísticas do governo chinês. Seus princípios básicos são verdade, compaixão e tolerância.
Jiang Zemin, o líder do PCC na época, viu a popularidade do Falun Gong como uma ameaça ao seu controle absoluto e ao regime ateu. Ele ordenou a erradicação do Falun Gong, também chamado Falun Dafa, por qualquer meio necessário.
“Tudo começou no meio da noite. Em 20 de julho, dezenas de milhares de praticantes do Falun Gong foram roubados de suas camas, sequestrados de suas casas e levados para prisões e centros de detenção onde foram forçados a passar por sessões de lavagem cerebral e a renunciarem sua prática do Falun Gong”, disse Liam O ‘Neill, um representante do Centro de Informação do Falun Dafa (CIFD), o centro de imprensa oficial e local de documentação da perseguição.
O’Neill reuniu centenas de praticantes alinhados na Broadway fora da prefeitura de Nova York na sexta-feira para marcar o 13º ano da perseguição. Alto-falantes compartilharam histórias pessoais de perseguição e apelaram por apoio.
“A perseguição ao Falun Gong continua sendo a maior atrocidade moderna contra um grupo com base em suas crenças espirituais”, disse Alan Adler, diretor dos Amigos do Falun Gong, uma organização sem fins lucrativos. “Tem sido uma campanha de terror, aprisionamento, mentiras, tortura e assassinato, uma campanha de pura maldade contra um grupo indefeso de pessoas que não têm aspirações políticas.”
Técnicas de tortura comuns usadas contra praticantes incluem eletrocutá-los com bastões elétricos, queimá-los com ferros, amarrá-los em posições dolorosas por dias, alimentação forçada de soluções salinas através de um tubo plástico inserido violentamente pelo nariz e enfiar varas de bambu sob as unhas, segundo o CIFD. “A violação e tortura sexual de praticantes do Falun Gong detidos também predominam”, diz o website.
Até à data, mais de 3.500 mortes foram documentadas, bem como mais de 63 mil relatos de tortura, diz CIFD. Com o destino de tantos praticantes presos em situação irregular não documentada, estima-se que o número real seja de dezenas de milhares.
Relato pessoal
Wang Jing, que recentemente fugiu para os Estados Unidos, é uma vítima da tortura do regime. Ela contou sua história de ter sido brutalmente agredida pela polícia, quando seu filho tinha 3 anos.
Quando Wang estava na Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em 2000 e desfraldou uma faixa que dizia, “Falun Dafa é bom”, ela sabia que estava arriscando sua vida. Mas ela se beneficiou muito por praticar o Falun Gong e se sentia compelida a fazer algo pelo fim da perseguição, assim, ela se dispôs a apelar.
Wang, bem como outros que se juntaram ao protesto pacífico, foram rapidamente cercados pela polícia que começou a espancá-los. “Levaram-nos um por um e enfiaram-nos em seus carros de polícia”, disse Wang. Uma vez no centro de detenção, a polícia nos trancou numa gaiola de aço.
“Eventualmente, a polícia me retirava da gaiola e me arrastava escada abaixo; eles atingiram violentamente meu rosto até que estivesse cheio de sangue. Na manhã seguinte, porque eu não estava disposta a desistir de minhas crenças no Falun Dafa, a polícia me arrastou para uma sala e me fez vestir uma jaqueta e me torturou durante 3 a 4 horas. Meus braços estavam algemados, o que cortou a pele dos pulsos. Minhas duas mãos ficaram pretas. Quando soltaram minhas mãos, eu já tinha perdido toda a sensação nos braços. Muito tempo se passou antes que eu pudesse senti-los novamente.”
“Durante esse tempo, eu ainda me recusava a desistir de minhas convicções, por isso, eles trouxeram outro policial e me arrastaram para baixo novamente e usaram um bastão para bater na minha cintura e coxas até que ficassem roxo-cinza.”
Ela foi presa por 15 dias antes de ser liberada, mas ao longo dos próximos 2 anos, ela foi detida pela polícia várias vezes, enviada para seções de lavagem cerebral e cada movimento seu era monitorado.
A história de Wang é apenas uma de dezenas de milhares.
Praticantes do Falun Gong respondem por dois terços dos casos de tortura chinesas levados ao relator especial das Nações Unidas sobre a tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, segundo um relatório em 2006.
Há entre 500 mil e 1 milhão de praticantes do Falun Gong em cativeiro na China a todo momento, disse O’Neill.
Colheita de órgãos, evidências crescentes
“A realização medonha dessa perseguição é que o regime aperfeiçoou as técnicas de remoção de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong, matando milhares pelo lucro, com a bênção das autoridades até o nível do Politburo”, disse Alder.
Os praticantes do Falun Gong estão sendo usados como doadores de órgãos numa prática macabra sancionada pelo Estado que anuncia órgãos para venda através de websites de hospitais, disse a Dr. Jing Fang, uma membra dos ‘Médicos Unidos contra a Colheita Forçada de Órgãos’.
“Eu não quero acreditar que isso esteja acontecendo, mas mais e mais provas […] estão aparecendo”, disse ela.
A Dr. Jing disse que o número de centros de transplante na China aumentou de 150 para 600 em 1999, o aumento acentuado coincide exatamente com o início da perseguição.
Uma investigação conduzida pelo advogado de direitos humanos canadense David Matas e Kilgour David, um ex-secretário de Estado canadense para a Ásia-Pacífico, descobriu que de 2001 a 2005, houve 41.500 órgãos transplantados cuja origem não pôde ser confirmada.
“Nossa conclusão é que houve e continua a haver hoje extração em grande escala de órgãos de praticantes do Falun Gong não voluntários”, afirma o relatório de investigação de 2006.
Renunciando ao PCC
Uma mudança política sem precedentes está ocorrendo na China, com mais e mais cidadãos se levantado contra o regime.
Em novembro de 2004, o Epoch Times publicou os “Nove Comentários sobre o Partido Comunista“, uma análise profunda sobre a natureza e história do regime comunista chinês e suas várias campanhas para destruir e controlar seus cidadãos. Do Grande Salto para Frente, que matou de fome cerca de 30 milhões de cidadãos, até a Revolução Cultural e a Praça Tiananmen, o regime comunista é responsável por cerca de 80 milhões de mortes não naturais.
“Logo após a série ser publicada, dezenas de milhares de chineses diariamente começaram a apresentar seus nomes desejando renunciar ao Partido Comunista”, disse Yi Rong, presidente de uma organização global que ajuda chineses a renunciarem ao partido comunista. “Até hoje, 120 milhões de chineses já saíram do Partido Comunista Chinês e de suas organizações afiliadas.”
O’Neill e outros lembram aos transeuntes que os praticantes do Falun Gong não estão interessados no poder político. Eles entendem que uma China livre significa liberdade da opressão. “Depois de renunciar ao regime comunista, muitas pessoas dizem que agora se sentem livres, que finalmente encontraram a paz”, disse O’Neill.
Apoio
O governo dos EUA condenou veementemente a perseguição ao Falun Gong, por exemplo, na Resolução 605 da Câmara.
“Reconhecemos a permanente perseguição aos praticantes do Falun Gong na China no 11º aniversário da campanha do PCC de repressão ao movimento espiritual do Falun Gong e pedimos o fim imediato da campanha de perseguição, intimidação, prisão e tortura dos praticantes”, afirma a resolução de 2010.
Na sexta-feira, Alan N. Maisel, um membro da Assembleia de Nova York, escreveu uma declaração de apoio ao Falun Gong.
“Eu acredito fortemente que todos os valores espirituais devem ser respeitados e que nenhum grupo que venera pacificamente, deve enfrentar a violência”, disse ele. “Eu encorajo o governo chinês a não enxergar os praticantes como uma ameaça a seu partido político, pois o grupo não procura interferir politicamente na nação, ao contrário, eles buscam impactar a saúde e o bem-estar dos seus cidadãos de uma forma positiva.”
O congressista Edolphus Towns do 10º distrito de Nova York pediu pelo fim da perseguição e insistiu que o PCC “defenda e respeite os direitos humanos e religiosos de seu povo”.
“Tenho orgulho de acrescentar meu apoio àqueles que não têm voz e pedir pelo fim da opressão contra os que praticam o Falun Dafa,” disse Towns num comunicado.
“O PCC seria sensato em reconhecer que ao invés de uma ameaça, o Falun Dafa é uma prática de paz e tolerância que pode beneficiar a saúde e o bem-estar das pessoas ao redor do mundo. Eu mesmo e membros do Congresso dos EUA estamos com vocês. Nós o encorajamos a continuarem sua luta pacífica.”