Um protesto maciço, que recentemente resultou no desligamento de um projeto de escoamento de esgoto no leste da China, pode ganhar força nos próximos dias se mais cidadãos participarem, conforme prometido online.
Dezenas de milhares de moradores se reuniram em frente ao prédio do governo municipal de Qidong em 28 de julho para interromperem a construção de uma tubulação de esgoto para uma empresa de fabricação de papel. Moradores disseram que o projeto poluiria o estuário utilizado para a aquicultura em Qidong. Num determinado momento, a multidão enfurecida saqueou o prédio do governo e rasgou a camisa do prefeito da cidade. O protesto acabou tendo êxito depois que a polícia de Qidong anunciou que o governo local cancelaria o projeto.
A empresa já descarregou resíduos no rio Yangtzé em janeiro do ano passado, segundo uma postagem do jornal japonês Asahi Shimbum no Sina Weibo. A mensagem foi excluída mais tarde, após ter sido compartilhada cerca de 3.500 vezes. Essa informação não era muito conhecida até então, segundo os internautas, e os chineses ficaram indignados com o acontecido.
Um ativista postou um mapa mostrando como a água poluída viaja a jusante, desde a fábrica ‘Oji Paper Co.’ na Zona de Desenvolvimento Econômico de Nantong até o reservatório Qingcaosha, que fornece 7,19 milhões de metros cúbicos de água por dia para 40 milhões de residentes em Shanghai.
Vários comentários online indicaram que um novo protesto pode estar no horizonte, “Agora, é melhor do que nunca. Shanghai, Taicang, Haiman e Qidong estão todos incluídos” e “Estou pronto para dar um passeio. Querem ir e apoiar?” Protestos foram convocados em ambos os lados do rio, além do fechamento das empresas acusadas de serem poluidoras.
A Sr. Yu de Qidong disse ao Epoch Times que as pessoas estão despertando com o aumento da degradação ambiental, com mais e mais protestos antipoluição nos últimos anos. Moradores da região do delta do rio Yangtzé devem cooperar e lutar por seus direitos com protestos ainda maiores e proteger nosso meio ambiente, disse ele.
O Sr. Wang, um morador de Shanghai, disse ao Epoch Times que o projeto é simplesmente uma transferência de resíduos dos países desenvolvidos para um país em desenvolvimento à custa dos meios de subsistência dos residentes locais e do ambiente ecológico. Em troca, os únicos benefícios são os feitos políticos e o autointeresse.
Para evitar qualquer risco, as autoridades do Partido Comunista Chinês (PCC) em Qidong mobilizaram um grande número de veículos militares de áreas próximas, segundo fotos fornecidas pela população local ao Epoch Times. A Sra. Huang, residente de Qidong, disse ao Epoch Times que vários veículos militares de Nanjing, Suzhou, Wuxi e outras áreas chegaram à Escola Média de Qidong, ela estima um total de 10 mil militares.
Um morador local disse ao Epoch Times que as tensões em grande parte desapareceram depois que o projeto foi cancelado. Porém, os militares ainda estavam estacionados em frente ao prédio do governo municipal, disse ele.
O protesto em Qidong chocou as autoridades centrais em Pequim, segundo um artigo do ‘United Daily News’ sediado em Taiwan. O artigo disse que os secretários do PCC da província de Jiangsu e da cidade de Nantong viajaram à capital para esclarecerem o incidente aos líderes centrais.
Embora as autoridades locais tenham prometido cancelar o projeto, a empresa japonesa Oji Paper Co., cuja tubulação estava no centro da tempestade, retomou a construção em 29 de julho, segundo a mídia japonesa Kyodo News.
Declarações no website da empresa também foram alteradas recentemente. Originalmente, o website disse que o governo de Nantong havia aprovado a descarga de efluentes que poderiam ser tratados no rio Yangtzé e que ele era responsável pela construção da tubulação para o Mar da China Oriental.
No entanto, a referência ao governo de Nantong foi posteriormente excluída. Internautas chineses julgaram que isso foi uma tentativa deliberada de esconder para onde o esgoto estava indo.
Segundo dados da empresa sobre a descarga dos resíduos, a maioria deles são dioxinas, um material tóxico industrial que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA classifica como susceptível de ser cancerígeno.