Professores do município continuam greve após aprovação de carreira com violenta repressão policial
RIO DE JANEIRO – Um mês após o sete de setembro, uma multidão voltou às ruas do Rio de Janeiro, desta vez para protestar pela educação. Cerca de 70 mil pessoas, entre profissionais das redes municipal e estadual, pais e alunos e simpatizantes em geral lotaram o centro do Rio nesta segunda-feira (7), com faixas, cartazes, tambores e tamborins, para reprovar a violência policial das gestões Paes e Cabral. A concentração começou às 17h em frente à Igreja da Candelária.
Convocada através das redes sociais pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe) sob o título ‘Um milhão pela educação’, a passeata durou três horas – mesmo sob a chuva que começou pouco depois – e se deu de forma absolutamente pacífica até às 20h, quando o sindicato usou seu carro de som para celebrar o êxito e dar por encerrada a manifestação, que começou então a dispersar.
Os professores, que continuam em greve, marcharam pela Avenida Rio Branco até a Praça da Cinelândia, onde se localiza a Câmara Municipal, cuja fachada continua ocupada. Na terça-feira passada, a câmara foi palco de violenta repressão policial durante manifestação da categoria contra um plano de carreira, avesso à mesma, que foi aprovado na casa sem a presença de público e com um esquema de segurança especial equivalente ao de adotados em megaeventos.
Diferente dos atos anteriores, que tiveram início em maio e atingiram 1 milhão de pessoas em junho, a falta de policiamento ostensivo foi uma novidade que chamou a atenção dos manifestantes. Eles cantaram “Ai, que coincidência, não tem polícia, não tem violência” e “Não é mole não, a Rio Branco é da Educação”. Eles também sambaram e cantaram em coro “A educação parooou” e “O professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”. O governador Sérgio Cabral afirmou agora à noite à Rádio CBN que a ordem hoje era não reprimir.
Às 20h10, após iniciada a dispersão, um grupo de supostos manifestantes mascarados jogou coquetel molotov dentro da Câmara Municipal através de um dos portões laterais e também pixou na parede frases como “Poder para o povo”, “Fora Cabral” e “Fora Paes”. Em ruas adjacentes, depredaram agências bancárias, lojas, lanchonetes e bicicletários e incendiaram um ônibus. Na sequência, a Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada e utilizou bombas de efeito moral.
O fotógrado do Mídia Ninja Leonardo Coelho flagrou a detenção da manifestante Anne Melo, por alegado desacato, após ela ter respondido a um assédio feito por um soldado do Choque, que a teria chamado de “gostosa”.