Protesto pela educação leva 70 mil ao centro do Rio

07/10/2013 22:08 Atualizado: 13/11/2014 21:48
Professores do município continuam greve após aprovação de carreira com violenta repressão policial
Professores em greve protestam no centro do Rio
Profissionais da educação em greve marcham pela Avenida Rio Branco, no centro do Rio, em 7 de outubro de 2013 (Bruno Menezes/Epoch Times)

RIO DE JANEIRO – Um mês após o sete de setembro, uma multidão voltou às ruas do Rio de Janeiro, desta vez para protestar pela educação. Cerca de 70 mil pessoas, entre profissionais das redes municipal e estadual, pais e alunos e simpatizantes em geral lotaram o centro do Rio nesta segunda-feira (7), com faixas, cartazes, tambores e tamborins, para reprovar a violência policial das gestões Paes e Cabral. A concentração começou às 17h em frente à Igreja da Candelária.

Convocada através das redes sociais pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe) sob o título ‘Um milhão pela educação’, a passeata durou três horas – mesmo sob a chuva que começou pouco depois – e se deu de forma absolutamente pacífica até às 20h, quando o sindicato usou seu carro de som para celebrar o êxito e dar por encerrada a manifestação, que começou então a dispersar.

Os professores, que continuam em greve, marcharam pela Avenida Rio Branco até a Praça da Cinelândia, onde se localiza a Câmara Municipal, cuja fachada continua ocupada. Na terça-feira passada, a câmara foi palco de violenta repressão policial durante manifestação da categoria contra um plano de carreira, avesso à mesma, que foi aprovado na casa sem a presença de público e com um esquema de segurança especial equivalente ao de adotados em megaeventos.

Diferente dos atos anteriores, que tiveram início em maio e atingiram 1 milhão de pessoas em junho, a falta de policiamento ostensivo foi uma novidade que chamou a atenção dos manifestantes. Eles cantaram “Ai, que coincidência, não tem polícia, não tem violência” e “Não é mole não, a Rio Branco é da Educação”. Eles também sambaram e cantaram em coro “A educação parooou” e “O professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”. O governador Sérgio Cabral afirmou agora à noite à Rádio CBN que a ordem hoje era não reprimir.

Às 20h10, após iniciada a dispersão, um grupo de supostos manifestantes mascarados jogou coquetel molotov dentro da Câmara Municipal através de um dos portões laterais e também pixou na parede frases como “Poder para o povo”, “Fora Cabral” e “Fora Paes”. Em ruas adjacentes, depredaram agências bancárias, lojas, lanchonetes e bicicletários e incendiaram um ônibus. Na sequência, a Tropa de Choque da Polícia Militar foi acionada e utilizou bombas de efeito moral.

O fotógrado do Mídia Ninja Leonardo Coelho flagrou a detenção da manifestante Anne Melo, por alegado desacato, após ela ter respondido a um assédio feito por um soldado do Choque, que a teria chamado de “gostosa”.

Manifestante detida após reagir a assédio
“Flagra ninja”: manifestante Anne Melo é detida após reagir a assédio de soldado (Cortesia de Leonardo Coelho/Mídia Ninja)