Não meus caros, este não é mais um artigo sobre as benesses de se diminuir a interferência do Estado na economia, nem uma defesa da venda maciça de empresas estatais para melhorar a vida dos cidadãos em geral e dos consumidores em particular.
Objetivamente, isso é de tal obviedade que apenas desmiolados ainda se atrevem a contestar.
Escrevo para alertar, mais uma vez, que não devemos nos iludir com o que se passa na política nacional.
Não estamos perante um conflito entre Capitalismo e Socialismo em nosso país.
Como já escrevi anteriormente, o Capitalismo nunca deu o ar da graça por estes lados e na esfera política não há ninguém a defendê-lo, por enquanto.
Nunca, nem antes e nem depois do Tratado de Tordesilhas; nem antes e nem depois da chegada da família real portuguesa; nem antes e nem depois do grito do Ipiranga; nem antes e nem depois da proclamação da república; nem antes e nem depois da revolução de 64; e, muito menos, nem antes e nem depois da constituinte, dita democrática e cidadã, de 1988 experimentamos qualquer coisa parecida com o Capitalismo como eu entendo. Toda e qualquer qualquer iniciativa nesse sentido, por mais incipiente ou pujante que possa ter sido, sempre foi aniquilada de forma exemplar e indiscutível.
Fascismo ou Socialismo, Socialismo ou Fascismo, nosso universo ideológico é monótono e unidimensionado. Coletivismo e estatismo prevalecem por aqui como a dengue ou a malária.
E por favor, parem de chamar este modelo de capitalismo de estado. Não seja mais um a usar anticonceitos, desintegrações para definir de forma contraditória e crítica o que já está bem identificado, classificado e nomeado por todos. A expressão “Capitalismo de Estado” mina, corrói o significado dos substantivos que a formam.
Quando o Estado se intromete na economia, seja regulando, taxando ou empreendendo, desaparece o Capitalismo. Quando o Estado deixa de proteger os pilares do Capitalismo, a liberdade individual, o direito à propriedade e o livre mercado, passando a destrui-los, não detém mais aquela identidade inicial que o caracteriza e define, torna-se outra coisa, pode ser entendida apenas como mais uma organização criminosa chefiada por mafiosos, bem ou mal intencionados.
No Brasil de hoje, nos defrontamos com este problema conceitual, agravado ainda por outra questão: achamos que os governantes se equivocam, ao tentarem impor suas ideias socialistas ou fascistas, com a intenção de melhorar a vida da população.
Sim, é certo que eles estão equivocados, mas como eles, nós estamos também.
Eles se equivocam porque suas políticas jamais levarão melhoria de vida ao povo.
Nós nos equivocamos, porque eles simplesmente não tem intenção nenhuma de proporcionar a melhoria de vida da população.
Eles apenas não se importam. Não dão a mínima atenção.
Usam o governo para fins pessoais, para melhorar as suas próprias vidas.
Preocupam-se apenas em usar a população como meio para isso.
E conseguiram!
Há mais de uma década, temos assistido atônitos e passivos, um grupo de proporções gigantescas, de tamanho e estrutura organizacional equivalente a corporações multinacionais, com hierarquia militar, missão e valores claros e definidos, fazer um “takeover”, uma captura hostil, nem sempre ilegal, mas sempre ilegítima, deste empreendimento associativo que detém o monopólio da produção de diversas matérias primas estratégicas, que dita, com minúscias, regras ao mercado e que tem o exclusivo direito de usar a força para intimidar com perseverança seu “clientes”, os cidadãos; e com parcimônia, a concorrência estabelecida, os bandidos comuns.
Vivemos uma história real que se fosse um filme, poderia adotar o título de um clássico: “A classe operária vai ao paraíso”.
Foram décadas de preparação para que a turma toda reunisse conhecimento, poder de articulação, capacidade de convencimento, lastro financeiro e acima de tudo, expertise na utilização de todas as ferramentas de marketing.
Não pode ser mais claro para qualquer pessoa dotada de um mínimo de consciência, que o proletariado de gabinete, aquele que nunca trabalha, veio para se adonar do Estado brasileiro, e veio desta vez para ficar.
Essa elite política, essa elite sindical, sim porque elite nem sempre é sinônimo de cultura e boas maneiras, sustentada pela massa de trabalhadores idiotizados, pela classe intelectual idiotizante e por empresários e socialites sem valor moral respeitável, chegou ao poder e dominou a cena nacional como as ervas daninhas e heras dominam os gramados.
O Partido dos Trabalhadores e a gama de outras agremiações que lhe dão sustentação, há muito deixaram para trás a ideologia, cultivam o fisiologismo corporativo que visa premiar financeiramente seus integrantes.
Distribuem dividendos a rodo, obedecendo firmemente o critério da meritocracia, onde o mais ardiloso , o mais imoral e aquele que possui a maior cara-de-pau, leva mais.
Discussões filosóficas, debates intelectualizados, argumentação retórica, análises de ciência econômica ou política, que se pretenda fazer com essa gente, é pura perda de tempo. É alimentar o jogo de cena.
Que fique claro para todos, onde nós enxergamos o “big government”, o PT e seus sócios vêem o “big business”.
Tentar convencer a população, se valendo de teses utilitaristas, de prognósticos econômicos, ensinamentos históricos ou geopolíticos, é perda de tempo.
A grande discussão é de cunho moral, é sobre o fato de que um bando de perversos malfeitores se adonou do Estado, com o único propósito de lucrar.
Apenas por irrestrito amor ao dinheiro fácil, se utilizam da força das leis, para corromper o sistema, iludir a opinião pública, desarmar a sociedade, confiscar riquezas, violar direitos e conspirar contra a vida e a liberdade de todos.
2014 será um ano de eleições e, antes delas, de Copa do Mundo.
Em 1970, a turma que está atualmente no poder, torcia para que a seleção brasileira não ganhasse a Copa para extinguir o espírito ufanista, promovido pelo governo Médici.
É possível desejar que o Brasil perca uma Copa? Improvável.
No entanto, se isso ocorrer, poderá vir a ser uma grande vitória brasileira no mundo real.
Seria outra tentativa de tirarmos o PT de campo.
Se ainda não o fizemos, por conta da incompetência deles em se tratando de economia, de política, de ética e de gestão pública, que seja então pelo futebol.
Essa seria uma grande jogada contra essa verdadeira corporação que domina o governo.
Seria um poderoso antídoto contra o marketing do “big business” que adota o “big government” para transformá-lo numa franquia, acomodando os maus-caracteres, para saciar sua sede de poder e seu apego pelo dinheiro. Todo poder, qualquer dinheiro, não importa a maneira.