A presidente Dilma Rousseff pediu nesta quarta-feira (3), durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, para que a “guerra” contra o mosquito Aedes Aegypti tenha o engajamento de todos, devido ao crescente número de casos de microcefalia ligados ao vírus zika, que é transmitido pelo mosquito. Dilma iniciou seu discurso na TV pedindo licença para “entrar na casa” dos brasileiros, porque passaria a falar de um assunto “muitíssimo importante”. Ela ressaltou que não falaria da crise política ou econômica.
“Não vou falar sobre política e economia, mas sobre saúde e uma luta urgente que temos que travar. Uma luta que deve unir todos nós. Convoco cada um de vocês para conter a propagação do vírus zika. A batalha exige o engajamento de todos. Não podemos admitir a derrota, porque a vitória depende de nós. Se o mosquito não nascer, o vírus zika não tem como viver.”
Em suas palavras à nação, Dilma afirmou que a partir de 13 de fevereiro, o Brasil contará com 220 mil homens das forças armadas trabalhando no combate a criadouros do inseto por todo o país. Mas alertou que o combate depende de cada um.
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“O mosquito que transmite o vírus zika pode estar no seu vizinho, na sua casa, desde que haja criadouros. Só precisa depositar os ovos em água parada para se propagar. Enquanto não desenvolvermos uma vacina, precisamos combatê-lo. A maneira mais eficaz é destruindo seus criadouros, que em sua maioria estão em residências”, disse a presidente.
O pronunciamento de Dilma e a luta contra o mosquito ocorrem concomitantemente à volta de deputados e senadores aos trabalhos em Brasília (DF), devido ao início do ano legislativo. Em destaque na pauta estão o impeachment da presidente e ações de emergência para conter a crise econômica, entre elas, a volta de impostos. Em seu discurso no Congresso Nacional nesta terça (2), Dilma reiterou que o governo tem colocado todos os recursos financeiros, humanos e tecnológicos necessários “nesta luta em defesa da vida”.
Sem vacina
Conforme lembrou a chefe de Estado, o zika vírus não tem nacionalidade e “começou na África, se espalhou pelo Sudeste da Ásia, pela Oceania e agora está na América Latina. E este foi um processo excepcionalmente rápido, a partir do ano passado”. Dilma lembrou que ainda não há uma vacina, por isso o combate ao inseto é tão importante. Segundo ela, o governo federal está buscando parcerias com laboratórios internacionais para que seja produzida o mais rápido possível a vacina contra o vírus. Afirmou ainda que conversou sobre o assunto nesta semana com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Ela chamou atenção para o fato de que o zika vírus não pode mais ser considerado um “pesadelo distante” porque já se transformou em uma “ameaça real” aos brasileiros, e lembrou que, ao afetar mulheres grávidas, o vírus pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro do feto, provocando a microcefalia. Desde outubro, o Brasil passou a prestar extrema atenção ao aumento do número de crianças nascidas com microcefalia. Nesta semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS), ligada à ONU, decretou situação de emergência em saúde pública internacional em razão do zika vírus.
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Até o começo de fevereiro, 404 casos de má formação ou síndrome no sistema nervoso central de crianças já foram confirmados. Outros 3.670 estão em observação. No pronunciamento, Dilma afirmou às mães que o governo fará de tudo para proteger a população.
“Quero transmitir uma palavra especial de conforto às mulheres, principalmente mães e futuras mamães. Faremos tudo para protegê-las, para apoiar as crianças atingidas pela microcefalia, estamos mobilizando redes de saúde e de assistência e todos os recursos necessários para cuidar de crianças afetadas”, discursou.
Quase um ano longe da TV
A mensagem oficial à nação feita por Dilma Rousseff na noite de quarta-feira (3) foi a primeira em cadeia nacional de rádio e TV desde o dia 8 de março de 2015, quando a presidente falou sobre e para as mulheres, no Dia Internacional da Mulher.
Na ocasião, devido à baixa popularidade da presidente e às denúncias de corrupção por parte de políticos do PT, “panelaços” explodiram contra o pronunciamento em várias capitais e municípios brasileiros. Da mesma forma que aconteceu em falas anteriores da presidente na TV, houve panelaço mais uma vez – esse tipo de manifestação foi registrado em pelo menos seis capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Recife, Goiânia, Curitiba e Porto Alegre.
Na noite desta quarta-feira (3) a presidente foi alvo de nova onda de panelaços durante pronunciamento em cadeia nacional de televisão e rádio sobre o vírus zika. Em São Paulo, manifestações foram registradas nos bairros Vila Mariana, Vila Leopoldina, Tatuapé, Saúde, Pinheiros, Perdizes, Morumbi, Moema, Jardins, Ipiranga, Bela Vista, Higienópolis, Consolação, Campo Belo e Brooklin.
O bairro Bigorrilho, em Curitiba, terra da Operação Lava Jato, também teve panelaço.
Houve protesto também em Brasília, na Asa Norte e na região Sudoeste; em Belo Horizonte, nos bairros Lourdes e Serra; em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, na zona sul da cidade; em Salvador e no Rio de Janeiro.
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