O Laboratório de Arqueologia Romana Provincial (LARP) do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP colocou no ar o projeto Roma 360, um aplicativo que traz o mapa da cidade de Roma, aproximadamente no ano 360 d. C., utilizando a tecnologia 3D. A proposta é ampliar o conhecimento do público em geral sobre essa que é uma das cidades mais importantes da história.
O mapa foi desenhado a partir de modelos do atlas histórico de Willian Shepherd, de 1923. A partir da projeção, é possível visualizar a localização de templos, monumentos e outras estruturas urbanas. É possível ver, por exemplo, áreas de lazer como o Coliseu e o Circo Máximo, ambientes políticos, entre eles o Fórum e a Basílica de Constantino, construções religiosas, e os templos de Vênus e Júpiter. Segundo o idealizador do Roma 360, Alex Martire, a data que dá nome ao projeto foi escolhida “porque quanto mais próximo do fim do Império, mais fácil encontrar vestígios arqueológicos para se basear. Todos os objetos foram baseados naquilo que temos hoje de vestígios”.
O banho, ambiente detalhado à parte, por exemplo, foi construído a partir de vestígios históricos encontrados em livros e na internet, além de diálogos com Alex Almeida, doutorando do grupo e especialista em banhos romanos. Na projeção, é possível navegar pelas diversas termas que constituíam o ambiente. Nas diferentes salas, há pequenos textos explicativos que podem ser visualizados através de cliques em pontos estratégicos. O ambiente pode ser explorado por meio deste link. Para vivenciar a experiência completa, é necessário o uso de óculos anáglifos (com duas lentes de cores diferentes).
A reconstrução da cidade de Roma foi feita a partir de dois softwares, o Autodesk Maya, usado para modelar todos os objetos em 3D, e o Unity, que deu mobilidade ao projeto, rotação, aproximação, através de programação na linguagem Javascript. O próprio programa é capaz de exportá-lo para a linguagem html, resultado que é transferido para o site.
O projeto idealizado por Alex Martire tem ligação com seu doutorado em cyberarqueologia, área que busca usar não só os meios digitais, mas a realidade virtual com a arqueologia. A tese produzirá resultados teóricos, mas também a reconstrução 3D de uma área de mineração no sul de Portugal.
O Roma 360 é um projeto didático, assim como os outros do grupo. A divulgação foi feita por meio do site do LARP, para que todos, inclusive as escolas, possam ter acesso livremente. Não há intenção de transformá-lo em uma maquete. A partir de dezembro, o LARP pretende ampliá-lo para áreas provinciais estudadas pelo grupo de pesquisadores, como Portugal, França e Israel. O objetivo é construir um grande mapa em 3D da área.
Outros projetos do Laboratório
O LARP é um laboratório do MAE que pesquisa arqueologia romana, área cujo estudo é inédito no Brasil. O objetivo do grupo, ao final do projeto, é a publicação de um livro sobre a romanização das províncias, abordando principalmente os temas urbanização, religião, práticas funerárias, economia e tecnologia.
Em novembro, em seu primeiro simpósio, o grupo pretende lançar o projeto Domus, a reconstrução 3D de uma casa de família abastada de Roma. Nesse ambiente, será possível interagir, andar, ler textos interativos e manipular objetos. Textos didáticos também serão apresentados para auxiliar no entendimento dos diversos temas presentes, como religião, lamparinas, cerâmica e arquitetura, e contribuindo com professores e pesquisadores.
Alex Martire também desenvolve junto ao grupo um projeto de realidade aumentada que resultará em um aplicativo para o sistema operacional Android. A partir de um símbolo identificado pela câmera de um dispositivo, o programa projeta na tela textos e imagens em 3D previamente relacionadas. A ideia é usar essa ferramenta nas escolas como forma de auxiliar os alunos e professores no estudo da Roma antiga.
O LARP também trabalha com um Sistema de Informações Geográficas (SIG), que permite a análise, dentre outros tópicos, da distribuição de vestígios arqueológicos na paisagem terrestre. Será disponibilizado também na internet, como resultado dessa metodologia, um mapa com informações recolhidas por GPS por vários pesquisadores a fim de compor projeções temáticas de acordo com as pesquisas desenvolvidas pelos membros.
Esta matéria foi originalmente publicada pela Agência USP