Proibição de leite em pó na China vem com dose de sarcasmo da mídia estatal

08/08/2013 16:19 Atualizado: 08/08/2013 16:19
Em 5 de agosto, o Diário da Manhã do Estreito Oeste de Xiamen exibiu o desenho da Morte esgueirando-se por trás de marcas estrangeiras de leite (DMEO)

Um dia antes de uma ordem de recolher de marcas estrangeiras de leite em pó em 6 de agosto, a mídia estatal chinesa partiu para o ataque, abordando a questão de que leite em pó comprar em termos fortemente nacionalistas.

“Você ainda está se curvando ao leite em pó estrangeiro?”, perguntou a mídia estatal Chengdu Evening News (CEN), enquanto outros jornais da cidade publicaram gráficos de bactérias. Na segunda-feira, o Diário da Manhã do Estreito Oeste de Xiamen ainda mostrou um desenho da Morte esgueirando-se por trás de marcas estrangeiras de leite, segundo a Danwei, uma empresa que analisa a mídia chinesa.

Gu Junren, um professor da Universidade de Shanghai, foi citado pelo CEN dizendo que o leite em pó estrangeiro caiu do seu “altar divino” e que produtos lácteos nacionais devem trabalhar duro para substituí-los.

Um artigo de opinião no jornal estatal Global Times disse que a preferência dos consumidores chineses por bens estrangeiros “é discriminação e significa que o povo chinês estaria se desprezando”.

“Os problemas de controle de qualidade não param nas fronteiras da nação – quem ainda tem fé cega em marcas estrangeiras tem que acordar!”, continuava o artigo. “Nosso governo deve apoiar plenamente a produção nacional e ser o líder no consumo de produtos chineses.”

Um dia depois do recolhimento da fórmula infantil da Fonterra em 6 de agosto, o executivo-chefe da gigante de laticínios da Nova Zelândia disse que o risco de intoxicação havia sido resolvido.

Bactérias em tubulações sujas numa fábrica da Fonterra no distrito rural de Waikato na Nova Zelândia em maio de 2012 apareceram em amostras testadas em março, mas demorou até 31 de julho para o teste indicar a presença da variante da bactéria que pode causar o botulismo, também conhecido como intoxicação alimentar.

Internautas chineses no Sina Weibo, uma plataforma chinesa semelhante ao Twitter, não foram convencidos pela campanha da mídia nacional, com muitos mencionando a própria história da China de casos recorrentes de leite em pó envenenado.

Fórmulas de leite chinês contaminadas mataram seis bebês e adoeceram 300 mil pessoas em 2008, levando os consumidores chineses a voluntariamente pagarem mais por produtos da Nova Zelândia por causa dos elevados padrões de segurança alimentar e da imagem popular do país como um ambiente remoto e preservado.

“Se queremos que o leite em pó chinês seja seguro, o produtor deve ser confiável. Perder tempo tentando fazer o leite em pó de outros países parecerem daninhos não é a maneira de melhorar os padrões nacionais!”, escreveu Sun Haiying, um famoso ator chinês, no Weibo.

“Depois que o governo proibiu o leite em pó da Nova Zelândia hoje, eu observei o estoque de minha loja e verifiquei que vendi mais leite em pó japonês”, comentou Wuyuesanren, o dono de uma loja online com mais de 900 mil seguidores. “Eu entendo agora que ninguém quer dar a seus filhos o leite em pó chinês. O dinheiro deles vai para quem eles apoiam.”

“As palavras ‘leite em pó envenenado’ foram destacadas em todas as manchetes. É como o roto falando do esfarrapado”, disse Yule, um internauta da província de Guangdong. “Se você perguntasse ao povo chinês sobre escolher entre o leite em pó da Nova Zelândia e o chinês, acredito que o da Nova Zelândia seria mais popular. Provavelmente, nós agora nos tornamos imunes a qualquer veneno.”

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