Programa Bolsa Família não garante compra de cesta básica

03/10/2013 18:45 Atualizado: 29/10/2013 20:44

Em 08 de março de 2013 a Presidente Dilma Rousseff anunciou o corte de impostos sobre os itens da cesta básica nos quais ainda incidiam PIS/PASEP. COFINS e IPI. A esperança era que apenas essa medida fosse suficiente para baixar o preço das cestas básicas e ajudar-se no combate à inflação. Porém, ao invés de ficarem mais baratas, as cestas básicas acumulam alta no ano em 15 das 18 capitais pesquisadas pelo Dieese em agosto/2013.

Fonte: DIEESE
Fonte: DIEESE

Os números são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) divulgados em agosto/2013 e baseados na composição da cesta básica definida pelo Decreto Lei nº 399 de 30/04/1938 (conforme imagem abaixo).

Fonte: DIEESE
Fonte: DIEESE

Vale lembrar que mesmo com as desonerações os principais itens da cesta básica continuam com impostos altos. É o caso do arroz (17,24%), feijão (17,24%), pão francês (16,86%), café em pó (19,98%), leite (18,65%), açúcar (32,33%) e óleo (26,05%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). A capital onde a cesta básica está mais cara é São Paulo/SP (R$319,66), sendo o valor da cesta básica mais barata R$233,19, em Aracaju/SE (dados de agosto/2013).

Fonte: DIEESE
Fonte: DIEESE

Ao levar em conta apenas a desoneração a Presidente Dilma se esqueceu do fator concorrência. Ora, se em determinado local há poucos mercados e/ou fornecedores, logo, estes não necessitarão repassar integralmente (ou sequer parcialmente em muitos casos) a redução do imposto ao cliente, pois tem o mercado nas mãos. A falta de concorrência reduz a importância da desoneração. Se a Presidente quisesse mesmo abaixar o preço da cesta básica, teria que também desburocratizar o setor alimentício e cortar subsídios a determinados produtores, em detrimento de outros e do cidadão. Essa “fórmula” de desonerar e cruzar os braços não trás resultado algum.

Além disso, enquanto a cesta básica mais barata é vendida por R$233,19, o valor do Programa Bolsa Família (PBF); que beneficia famílias com renda per capta de até R$70 e/ou entre R$70 e R$140 (dependendo do caso), paga no máximo R$306,00. Ou seja, ao dizer que querem retirar as pessoas da miséria e/ou da linha abaixo da pobreza, o Governo Petista compreende que miserável é aquela família cuja renda per capta não ultrapasse R$140,00. Uma família cuja renda per capta seja de R$150,00 não é miserável? Ou no mínimo abaixo da linha da pobreza?

Não basta a criação dos redutos eleitorais através do Programa Bolsa Família, que garante milhões de votos ao PT em todas as eleições, mas também é necessário enganar o cidadão. Além de darem uma ajuda ínfima, que manterá os filhos dos indivíduos em escolas públicas de péssima qualidade, transformando-os em futuros eleitores necessitados do “benefício”, o PT paga uma “ajuda” mal dá para comprar uma cesta básica.

Olhando a imagem abaixo para conferir os dados que apresentei e comparando com o preço das cestas básicas nas principais capitais, não é difícil chegar a conclusão do golpe que é o PBF. A cesta básica é definida pelo Decreto Lei 399 tendo por base o suficiente para garantir uma nutrição adequada a uma pessoa. Agora, veja na imagem, constatará que só as família com 5 filhos até 15 anos, mais 2 filhos entre 16 e 17 anos e com renda per capta máxima de R$70,00 é que conseguem receber R$306,00 de ‘ajuda’.

Esquema de Benefícios Bolsa Família
Esquema de Benefícios do Bolsa Família

Sabendo que a cesta básica mais barata está R$233,19 e que é suficiente para nutrir uma pessoa, você acha que R$306,00 será suficientes para alimentar uma família de no mínimo 8 pessoas? (O pai pode ter sumido ou morrido, por exemplo).

O Bolsa Família é apenas um programa eleitoreiro e enganador, com o qual não é possível sequer garantir a alimentação minimamente necessária às famílias dessas pessoas. Não é uma ajuda aos pobres e/ou miseráveis, mas uma maneira de mantê-los necessitados e dispostos a trocar inconscientemente seus votos por um “benefício” que manterá a eles e as futuras gerações na mesma condição.

Note-se ainda que se a renda per capta for entre R$70,00 e R$140 o “benefício” máximo é de R$236,00, sendo a cesta básica mais barata R$233,19. Também segundo o IBTP há uma incidência média de 18% a 20% de impostos sobre a cesta básica. Logo, dos R$233,19, no mínimo R$41,98 são dos impostos. Para uma família dessas fará falta R$41,98?

Esquema de Benefícios Bolsa Família
Esquema de Benefícios do Bolsa Família

E piora! A imagem abaixo foi retirada de relatório do próprio Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome e mostra o mapa das concessões do benefício no Brasil em 2011. Eu mesmo somei todas as concessões do quadro e coloquei em uma coluna no final da tabela o resultado. O Estado com mais concessões foi São Paulo, com 247.734 famílias habilitadas a receberem o Bolsa Família, seguido por Bahia com 201.979 e Minas Gerais com 177.168.

Concessão do Bolsa Família por Estado
Concessão do Bolsa Família por Estado

Ou seja, nos Estados onde houve mais famílias habilitadas ao programa para receberem no máximo R$306,00, a cesta básica varia de R$257,54 (Salvador/BA) para R$319,66 (São Paulo/SP). Logo, famílias com renda per capta acima de R$70 e até R$140 receberão no máximo R$236,00, que são insuficientes sequer para comprar uma cesta básica, e aquelas com renda per capta de R$306,00 (que precisarão ter sete filhos) conseguirão comprar uma cesta básica apenas na Bahia e em Minas Gerais (Belho Horizonte – R$290,54). Esses três Estados concentram 32,11% das famílias habilitadas ao PBF em 2011, ou 626.881 de 1.952.247.

Há também a Cesta Básica Aumentada, que inclui diversos outros itens e chega a quase R$400 em São Paulo/SP, mas este texto é produzido tendo por base a cesta básica estabelecida pelo Decreto Lei 399.

Qual a vantagem de receber dinheiro insuficiente até para uma cesta básica, sobre a qual incidem no mínimo 18% de impostos, para sustentar sua família? No que realmente ajuda? Não em eliminar a fome, como aqui provado.

O Bolsa Família é uma farsa desenvolvida para criar um reduto eleitoral necessitado, logo, fiel. Não tira o pobre da miséria, não o alimenta, mantém em escolas sem qualidade e alienado, tudo para que ele e suas próximas gerações continuem pobres, miseráveis e famintos(as).

Esse conteúdo foi originalmente publicado pelo site Instituto Liberal