RIO DE JANEIRO – Professores e funcionários da rede estadual de educação do Rio de Janeiro reunidos em assembleia geral nesta quarta-feira (11) à tarde, decidiram continuar a greve da categoria , que já dura mais de um mês. Às 17h, após a reunião, que começou às 14h30, na sede da Associação Cristã de Moços do Rio de Janeiro (ACM), no bairro da Lapa, eles marcharam até até a Assembleia Legistativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), ocuparam a escadaria e ergueram oito barracas na fachada da casa. Policiais militares com identificação alfanumérica guardam a entrada da Alerj, no centro da cidade, enquanto a Tropa da Choque se posiciona do outro lado da Avenida Primeiro de Março com três carros.
Com faixas, cartazes, apitos, tambores e bradando palavras de ordem como “Cabral ditador”, “É ou não é piada de salão ter dinheiro para empreiteira mas não para saúde e educação” e “Professor lutando também está ensinando”, a categoria exige que o governo atenda a sua pauta de reivindicações. Depois do fracasso da tentativa de diálogo com a Comissão de Educação da Alerj, os profissionais tentarão se encontrar amanhã com o líder do governo André Corrêa (PSD).
Pedestres voltando do trabalho, estudantes, integrantes da ocupação da Câmara Municipal, na Cinelândia, que permanece ocupada, e manifestantes que realizaram mais cedo um protesto em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), ao lado da Alerj, contra a nova lei que proíbe mascarados em atos públicos também se juntaram aos professores na emergente ‘Ocupa Alerj’.
Duas pessoas foram detidas por usar máscaras e enviadas para a 37ª DP, na Ilha do Governador, a 19 km do local. Até o fechamento desta edição a Polícia Militar não informou a razão de terem sido enviados para tão longe nem se as detenções têm por base a nova lei que proíbe o uso de máscaras em protestos, aprovada pela Alerj na terça-feira (10) e sancionada hoje à noite (11) pelo governador Sérgio Cabral sob o número 6.528. A lei somente entra em vigor nesta quinta-feira (12), após ser publicada no Diário Oficial.
Um dos detidos é a advogada Luiza Maranhão. Após presenciar a detenção de um manifestante por usar máscara, mesmo após mostrar o rosto e apresentar documento de identidade, ela protestou: “Se ele está de máscara, então eu também estou”, disse, colocando a máscara do personagem Guy Fawkes.
O pipoqueiro Eduardo Guerrido, que costuma trabalhar na esquina da Avenida Graça Aranha com Rua Evaristo da Veiga, distribuiu pipoca para os ocupantes gratuitamente, com um largo sorriso, segundo ele por agradecimento. Os ocupantes discutem suas pautas e tocam e cantam samba em roda.
O salário base do professor da rede estadual de ensino atualmente é de R$ 1.081, e, ao contrário dos professores da rede municipal, que encerraram a greve nesta terça-feira (10) após ter algumas de suas reivindicações atendidas pelo prefeito Eduardo Paes, os professores do estado não receberam ainda nenhuma resposta concreta por parte do governo estadual.
Por enquanto uma liminar garante a permanência do acampamento na parte externa da Alerj. Nenhum pedido de reintegração de posse foi protocolado até o momento.