Professora de jardim de infância dá lições sobre a perseguição

21/06/2011 00:00 Atualizado: 21/06/2011 00:00

NO TRABALHO: Hu Miaomiao lidera seus alunos de jardim de infância numa canção. Em 26 de junho de 2010 ela foi condenada a um ano num campo de trabalho forçado, onde foi abusada sexualmente. (Cortesia do Minghui.org)

Um ano de abusos em campo de trabalho forçado pode acabar no sábado

Numa foto tirada durante o trabalho no seu Jardim de Infância Miaomiao, Hu Miaomiao, uma mulher de aparência jovem, lidera suas crianças numa canção. Ela é reconhecida por cantar e dançar bem, e tem sido benquista pelo trabalho que faz.

Seu jardim de infância está fechado agora. Em 15 de junho de 2010, a polícia da cidade de Zhangjiako, na província de Hebei, nordeste da China, invadiu sua casa, saqueou e sequestrou Miaomiao quando ela tinha 25 anos de idade.

Como dezenas de milhões de outros chineses, Miaomiao pratica o Falun Gong (também conhecido como Falun Dafa). Antes de sua prisão, ela fazia a prática espiritual composta de cinco exercícios de meditação e estudava seus ensinamentos, que recomendam viver de acordo com os princípios de verdade, compaixão e tolerância.

Miaomiao também contou aos outros o quão bom ela acreditava ser o Falun Gong. Por isto, houve o ataque da polícia a sua casa. Em julho de 1999, o Partido Comunista Chinês (PCCh) decidiu “erradicar” o Falun Gong.

Sem o incômodo de qualquer procedimento legal, Miaomiao foi condenada em 26 de junho de 2010 a um ano no Campo de Trabalhos Forçados para Mulheres de Shijiazhuang, para ser submetida ao que o PCCh chama de “reforma através do trabalho”. Miaomiao sabia o que tal frase poderia significar. Anos antes, sua mãe, que também praticava o Falun Gong, morreu de maus tratos sofridos num campo de trabalho.

Miaomiao foi levada, mas sua família não foi informada do acontecido.

Assim que Miaomiao chegou ao campo de trabalho, ela foi trancada num quarto de armazenamento e algemada a uma cama de ferro. Várias outras detentas cortaram seu cabelo curto. Também selaram sua boca com fita adesiva e bateram em seu rosto com chinelos. O chefe da seção bateu no rosto dela com as mãos. Então, ela foi obrigada a ficar de pé a noite toda.

Depois que Miaomiao foi transferida para uma cela, ela recebeu uma atenção especial. Prisioneiras foram designadas para acompanhar cada movimento dela. Elas batiam nela, obrigavam-na a ficar de pé por longos períodos, xingavam e criticavam-na, e a usavam para fazer suas próprias tarefas, tudo com a supervisão constante dos guardas do campo.

Esta é uma tática comum usada contra os praticantes do Falun Gong. Outros presos são enviados para campos de trabalho para serem punidos. Praticantes do Falun Gong são enviados para lá para serem “transformados” visando desistem de suas crenças.

O regime chinês estabelece incentivos para lidar com os abusos que ocorrem em todo o sistema do campo de trabalho. Os chefes dos campos de trabalho são recompensados pelo número de praticantes transformados, correndo o risco de serem punidos se não atingirem a cota exigida. Eles também passam ordens inquestionáveis aos guardas, que por sua vez recebem promoções se fizerem os praticantes desistirem de suas crenças. Os guardas alistam prisioneiros, que recebem promessas de redução de pena se fizerem parte do trabalho sujo.

Em 28 de agosto de 2010, Miaomiao reclamou um pouco sobre a pesada carga de trabalho exigida dos prisioneiros. Os guardas a trancaram num quarto de confinamento, e enviaram duas viciadas em droga e uma prostituta para torturá-la.

Muitas pessoas ouviram seus gritos naquele dia.

Dentro desta sala, Miaomiao foi espancada e violada com um cabo de vassoura. Os prisioneiros deram joelhadas em sua virilha repetidamente, fraturando seu osso púbico, e também usaram os dedos para torturar suas partes íntimas. Depois do que fizeram com ela, Miaomiao ficou incapaz de andar. Ela não conseguia abrir as pernas ou dobrá-las por causa da dor, e os guardas tiveram de levá-la ao banheiro. Seu útero e vagina sangraram continuamente. Um guarda familiarizado com sua condição disse que Miaomiao nunca seria capaz de ter filhos.

Hu Miaomiao. (Cortesia de Hu Mingliang)

Embora Miaomiao tenha sido ferida e incapacitada de trabalhar, o abuso continuou. Os guardas não queriam que os outros presos vissem a condição em que Miaomiao estava e assim a mantiveram em confinamento solitário por três meses. Ela só foi autorizada a ir ao banheiro duas vezes por dia, quando os presos estavam dormindo ou nos blocos em que as celas estavam vazias.

Quando foi presa, ela usava chinelos de verão. O chefe de seção não permitia que ela usasse meias ou sapatos, mesmo que o tempo esfriasse. Ela não tinha permissão para banhar-se. Refeições, muitas vezes, consistiam de um único pão.

Outros dentro do campo, indignados com o tratamento que Miaomiao recebia, enviaram relatórios sobre o seu caso ao website do Falun Gong, Minghui.org. Estes relatórios forneceram as fontes para este artigo.

Depois que Miaomiao desapareceu, a família continuou procurando por ela, até que finalmente descobriram onde ela foi presa. Porém, mês após mês, depois de seu irmão e pai viajarem de trem para o campo de trabalho, o comandante do campo se recusou a permitir-lhes vê-la.

Finalmente, em 11 de janeiro de 2011, o pai de Miaomiao, Hu Mingliang, sentou-se na sala de reuniões do campo de trabalho. Através do vidro, Hu viu sua filha antes alegre, saudável e vigorosa sendo suportada por outros e andando com dificuldade.

Miaomiao disse ao pai o que havia sofrido e pediu-lhe para mover uma ação judicial em seu nome.

Hu contratou um advogado, que entrou com uma ação. O campo de trabalho se recusou a deixar o advogado ver sua cliente. Hu, em seguida, entrou com uma ação em Pequim nomeando o Ministério da Justiça, o Ministério de Segurança Pública, a Assembleia Popular, a Ouvidoria do Governo Central, e o Supremo Tribunal.

Após regressar a sua casa, vindo de Pequim, a polícia chegou a sua porta e ameaçou-o.

Hu pediu para ver sua filha novamente. Foram tomadas medidas para que ele fosse para o campo em 24 de fevereiro. Quando ele tentou entrar no campo, a polícia local o arrastou para um de seus veículos. Em 26 de fevereiro ele foi levado para outra aldeia e mantido em detenção até 19 de março.

O advogado de Hu, contratado para defender o caso de sua filha, recebeu instruções do próprio escritório de advocacia para deixar o caso de Miaomiao.

No sábado, 25 de junho de 2011, a sentença de um ano de Miaomiao termina. A polícia que a prendeu pode estender sua sentença simplesmente preenchendo um pedaço de papel.