Produzindo móveis com qualidade e sem ‘trabalho escravo’ chinês

18/09/2013 15:59 Atualizado: 18/09/2013 15:59
Companhia acredita que negócios precisam mostrar ‘responsabilidade a outras pessoas’
Ron Barth numa exibição de seu negócio Resource Furniture em Manhattan, Nova York (Joshua Philipp/Epoch Times)
Ron Barth numa exibição de seu negócio Resource Furniture em Manhattan, Nova York (Joshua Philipp/Epoch Times)

Ron Barth inicia um vídeo online e, com um som de música techno ao fundo, um chinês aparece transformando prateleiras em camas, uma ‘parede’ gira para revelar uma cama de casal e mesas compactas se tornam mesas de jantar.

Para o consumidor não informado, o vídeo apresenta um acervo acessível de mobiliário que economiza espaço. Para Barth, esse é um mercado de falsificação com o qual é difícil de competir e uma economia escravista que está marchando rapidamente no Ocidente. “Esses são produtos copiados na China”, diz Barth, observando os móveis feitos para parecerem com os seus. “Eles copiaram tudo.”

‘Resource Furniture’, a empresa que ele fundou com seu sócio Steve Spett, teve origens humildes, mas tornou-se famosa internacionalmente depois que um vídeo de seu mobiliário único se tornar viral online. A Resource Furniture é hoje a maior empresa de móveis que economizam espaço nos Estados Unidos.

No entanto, a fama também trouxe um pouco de atenção indesejada. Um amigo lhe enviou um link para uma loja de venda online com versões falsificadas de seus produtos e ele já encontrou uma loja no Canadá que vendia os móveis falsificados. Barth comentou: “Ele tentava vendê-los a partir de sua casa.”

Para Barth, a preocupação é menos sobre as lojas ilícitas e mais sobre o que está por trás delas. Sua empresa importa produtos de alta qualidade que são peças acabadas uma a uma e com cuidado excepcional. Falsificações chinesas frequentemente mostram sinais de qualidade inferior.

“Todos esses acabamentos individualizados e a qualidade do material especializado sem comprometimentos ou atalhos; isso é algo que um negócio de escala menor como o nosso não pode fazer a partir da China. O nível de controle de qualidade e fiscalização simplesmente não é possível para nós”, diz ele. “Você precisa comprar um grande volume de carga de contêineres. Mas isso não é que queremos fazer, mesmo que fosse viável.”

Ele acredita em cuidar de seus funcionários e apoiar negócios que mantenham um modo de vida decente. Seus fabricantes na empresa de móveis Clei na Itália estão bem de vida, com rendimentos estáveis e com vidas próprias fora do trabalho.

A Resource Furniture e a fábrica italiana contratam pessoas que fazem o trabalho como um ofício – designers cujo artesanato de produto é sua arte. E embora ele esteja consciente de que poderia ganhar muito mais produzindo na China, ele se recusa a fazer negócios com um país onde a fabricação e crimes contra a humanidade podem ser a mesma coisa.

“Eu acho que é uma sociedade de trabalho escravo”, diz Barth. “Eu não me importo se poderia ganhar mais dinheiro participando nisso. Eu tenho que dormir à noite.”

Remuneração digna

Quando a globalização proporciona economias de trabalho escravo com amplo acesso aos mercados de todo o mundo, as economias de trabalho escravo reduzem a qualidade de vida em outros lugares. “Os salários de produção nos EUA são bastante elevados, mas os salários têm realmente caído no país por causa da concorrência estrangeira”, diz Daniel Katz, especialista nos efeitos da terceirização da fabricação.

Katz diz que em algumas partes da indústria automobilística, em particular, os salários na indústria caíram de 35-40 dólares a hora em 1980 para 15-20 dólares a hora agora. Ele diz: “Ainda é um salário justo, mas você não viverá bem com a fabricação nos EUA como viveria antes.”

A questão então se resume a qualidade e a competição. Na fábrica da Foxconn na China, que costumava fabricar produtos da Apple, os trabalhadores tinham de trabalhar 12 horas por dia, 6 dias por semana e viver em dormitórios no local. Katz comenta: “Isso nunca ocorreria nos EUA – este tipo de vida – porque nós realmente temos leis trabalhistas adequadas.”

Entretanto, há espaço para as empresas fabricarem nos Estados Unidos e ainda terem um bom lucro, mas isso vem com algum sacrifício. “Muito disso tem a ver com os acionistas e membros do conselho, porque para eles os lucros são tudo”, diz Katz. Ele observou que, quando uma empresa abre seu capital, ela é muitas vezes pressionada a reduzir custos e aumentar o lucro “e a maneira mais fácil de fazer isso é terceirizando, porque você reduz drasticamente os salários”.

Poder do dólar

Para Barth, o trabalho é mais do que apenas ganhar dinheiro. Para ele, é uma forma de preservar um modo de vida e é algo que determina a qualidade de vida dos outros. Ele diz que, como proprietário de uma empresa, é importante “olhar além da própria sobrevivência” e entender que você tem “algumas responsabilidades pelas outras pessoas”.

Quando ele visita seus fabricantes na Itália, “eles ficam felizes em me ver e eu vou a suas casas para jantar”, diz ele. “Seus fornecedores são saudáveis, eles são saudáveis e todas as pessoas que trabalham para eles ganham dinheiro.”

Ao invés de competir de frente com os produtos baratos que saturam o mercado de móveis, em vez disso, ele decidiu se concentrar em produtos de alta qualidade. Ele diz: “Você não pode competir com os de baixa qualidade”, porque “eles estão comprando em quantidade que é impossível de lidar e produzindo com qualidade mínima.”

Para garantir qualidade, ele se certifica de que seus produtos sejam sólidos e dá garantia por toda a vida com reparo gratuito. Seu mobiliário também é CARB 2, o que significa que é livre de formaldeído que, em parte, produz o “cheiro de mobília nova”. Ele diz: “É como gostaríamos de ser tratados, então, tratamos o cliente da melhor forma possível.”

Ele diz que seu maior obstáculo, como acontece com a maioria das empresas, é o custo dos produtos e do transporte. Ele acredita que poderia vender 10 vezes mais, se terceirizasse para a China. No entanto, pelo bem-estar dos outros, ele resistiu à tentação da fabricação chinesa.

“Eu tenho a oportunidade de fazer uma montanha de dinheiro, mas não quero essa oportunidade”, diz Barth. “Eu quero fazer uma montanha de dinheiro, mas quero fazê-lo de uma forma que eu tenha orgulho do que faço e produzir algo de valor.”