Produção da China sucumbirá até 2015, diz economista

02/06/2012 03:15 Atualizado: 02/06/2012 03:15

Trabalhadores chineses testam placas de circuito numa fábrica em Mianyang, na província de Sichuan, sudoeste da China, em 30 de abril de 2012 (STR/AFP/Getty Images)Um economista de Hong Kong acostumado a fazer pronunciamentos chocantes previu que a indústria manufatureira da China irá “sucumbir completamente” até 2015 e que a economia logo a seguirá.

Larry Lang fez suas últimas observações numa palestra na cidade de Kunming, na província de Yunnan, sudoeste da China, em 19 de maio. “A economia chinesa está enfrentando dois fenômenos distintos, que são exatamente opostos. O mercado imobiliário e o de ações se esfriaram. No entanto, o mercado de bens de luxo, tais como veículos de ponta e objetos de coleção, tem aquecido”, disse ele, de acordo com o Shanghai Securities News.

Ele acrescentou que a economia chinesa está “doente”, e essa doença é a crise enfrentada pelo setor manufatureiro. O setor industrial chinês está “sofrendo de duas doenças”, disse ele, ou seja, o agravamento do investimento e do ambiente de gerenciamento, e capacidade excessiva de produção; consequentemente, o dinheiro originalmente destinado a investir na economia real foi desviado para carros e bens de luxo.

Os três principais segmentos do setor industrial, pesquisa e desenvolvimento, canais de logística e partes componentes principais, são controlados por empresas europeias e norte-americanas. Portanto, a China perdeu o controle do preço dos produtos, o que, inevitavelmente, criou crises, disse Lang na palestra.

Segundo a análise de Lang, os ambientes de investimento e gestão para indústrias manufatureiras na China continuam a se deteriorar, gerando capacidade excessiva de produção. Taxas e tributações pesadas, bem como uma cadeia de capital quebrada, reduziram as margens das indústrias manufatureiras e exacerbaram o ambiente de investimento e gestão como um todo.

Lang disse que a China está realmente enfrentando quatro crises iminentes: desperdício de recursos, capacidade excessiva de produção, crise da dívida, e consumo inadequado. A crise do desperdício de recursos e a de produção excessiva explodirão primeiro, previu ele. “Tantas indústrias com excesso de capacidade inevitavelmente levariam a uma depressão de longo prazo na economia chinesa”, disse ele.

A produção excessiva em várias indústrias acrescenta-se a “21% em aço, 12% em automóveis, 28% em cimento, 60% em aço inoxidável, 60% em pesticidas, 95% em energia fotovoltaica, e 93% em vidro”, disse Lang, citando um relatório da Eastday.com.

O setor bancário também está sofrendo com o peso de dívidas pesadas, e 50 indústrias, lideradas pelo setor imobiliário, também estão ameaçadas pela crise devido a medidas de aperto, disse Lang.

Ele mencionou que num futuro próximo, a dívida do governo local na China será listada ao lado da dívida dos EUA e da Europa, como parte das três grandes crises do mundo. “Isso é horrível. Todos os chineses pagarão um preço doloroso por isso”, disse ele.

Ele blogou em 7 de maio que a economia chinesa está à beira do maior perigo, e que “não é definitivamente uma conversa alarmista”. “Eu quero dizer aos chineses e oficiais, que estão apenas preocupados em salvar as aparências ao invés de resolver questões internas, o quão perigosa e terrível é a situação econômica hoje.”

Lang também escreveu que enfrentar crises não é assustador, “o que é terrível é ignorar a crise e tentar encobri-la. O que é ainda mais assustador é adotar uma abordagem paliativa e, portanto, criar uma crise ainda maior”. “O problema econômico da China hoje não pode ser resolvido pelo atual sistema e métodos econômicos, devemos procurar outras maneiras”, acrescentou ele.

Em outubro do ano passado, Lang disse que o regime estava à beira da falência. Um dos motivos, observou ele, é que o PIB oficial publicado do regime de 9% é fabricado. De acordo com dados de Lang, o PIB da China diminuiu 10%.