Produção afegã de ópio em crescimento

31/05/2012 03:00 Atualizado: 31/05/2012 03:00

Um afegão colhe e recolhe a seiva do ópio do bulbo da planta na área de Mamoond Spin Ghar na província de Nangarhar em 6 de maio. (Noorullah Shirzada/AFP/Getty Images)A agência de drogas das Nações Unidas chamou a atenção do Afeganistão para reduzir sua produção de ópio ilícito, dizendo que não foi feito o suficiente nos últimos anos.

“Há também a necessidade de fazer muito mais”, disse Yury Fedotov, chefe do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), num comunicado após uma reunião com o presidente afegão Hamid Karzai na terça-feira em Cabul.

O Afeganistão produz cerca de 90% das lavouras mundiais de ópio ilícito, usadas para a fabricação de heroína, que é enviado todo o mundo. Em outubro de 2011, o UNODC informou que a produção de ópio do Afeganistão aumentou em 7% em relação ao ano anterior, e que o valor do ópio aumentou 133% comparado com os valores de 2010.

Como uma nação dilacerada pela guerra e empobrecida, boa parte da economia do Afeganistão vem da produção de papoula, totalizando 9% do PIB total, não incluindo os lucros da fabricação e tráfico.

Grande parte das receitas provenientes da produção de ópio financiam grupos militantes, incluindo o Talibã. De acordo com o gabinete de Karzai, lugares onde o controle do governo é forte viram uma queda na produção de ópio, enquanto que as áreas controladas por militantes tiveram uma ascensão da produção. “Devemos construir o compromisso político necessário, bem como ações práticas, para termos sucessos tangíveis contra as redes criminosas que traficam a morte e a miséria”, disse Fedotov.

Num comunicado, o escritório do presidente Karzai disse que o cultivo do ópio, que se tornou comum durante os anos de 1970, causou “dano enorme” ao Afeganistão e sua identidade. “Afegãos levam a culpa, enquanto outros obtêm o benefício”, disse seu gabinete. “O tráfico de drogas e o terrorismo internacional foram intimamente associados e a maioria dos envolvidos no negócio do tráfico não são afegãos”, disse a declaração.

Fedotov e Karzai concordaram que uma “responsabilidade compartilhada” entre o governo local e a ONU é a melhor maneira de lidar com a produção de ópio do país, que contribui para o problema mundial do tráfico de heroína e o consumo de opiáceos ilegais.

Karzai sugeriu que o Afeganistão sozinho não pode lidar com o problema, salientando que um esforço concertado por organizações internacionais e de outros países é necessário. O cultivo da cultura é uma parte integrante da vida de muitas famílias afegãs. A ONU disse que forneceria “meios de subsistência alternativos” às famílias dependentes do cultivo de ópio.

E devido à proliferação do cultivo, o Afeganistão tem um dos maiores índices mundiais de consumo de ópio, com taxa de 2,65%, segundo a ONU. Como resultado, tem havido um aumento de HIV, AIDS e outras doenças entre usuários de drogas no país que utilizam agulhas.

A ONU disse que ajudaria na “redução da demanda de drogas” no Afeganistão enquanto administrando tratamento e medidas de prevenção para o HIV e a AIDS.