Processo de paz Israel-Palestina é renovado

29/07/2013 18:19 Atualizado: 29/07/2013 18:19
O secretário de Estado norte-americano John Kerry (à esquerda) numa conferência de imprensa em Washington DC, ao lado de Martin Indyk, o ex-embaixador dos EUA para Israel (Paul J. Richards/AFP/Getty Images)

O secretário de Estado norte-americano John Kerry anunciou que as negociações de paz entre Israel e os palestinos estão começando. Na segunda-feira, Tzipi Livni, o ministro da justiça, e Hatnua, o líder do partido, se reuniram com o negociador palestino Saeb Erekat em Washington DC.

Formalmente, a solução de dois Estados foi aceita pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, bem como pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. A questão é: Será que as negociações de segunda-feira resultarão num acordo concreto?

O Departamento de Estado dos EUA divulgou um comunicado explicando: “As reuniões em Washington marcarão o início das negociações. Elas servirão como uma oportunidade para desenvolver um plano de trabalho processual de como as partes podem prosseguir com as negociações nos próximos meses.”

A declaração pode indicar expectativas mais baixas, que não eram altas para começar.

Num discurso numa cerimônia de formatura num Colégio de Defesa Nacional em Jerusalém em 24 de julho, Netanyahu falou principalmente da necessidade de segurança de Israel: “A paz é feita somente entre os fortes. Não confiaremos nossa segurança nacional a outros. Israel sempre se defenderá, por si só, contra qualquer ameaça, próxima ou distante.”

A polêmica em Israel sobre o relançamento do processo de paz tem sido expressa em artigos de opinião recentes.

Nidal Foqaha e Gadi Baltiansky, diretores israelenses da Iniciativa de Genebra, escreveram um editorial intitulado “Acordo de paz: Vitória para ambos os lados”, publicado na internet pela publicação israelense Ynet em 26 de julho. O acordo ‘Iniciativa de Genebra’ é o resultado de negociações não formais entre israelenses e palestinos, que ocorreram em Genebra em 2003.

Eles escreveram: “Teoricamente, as condições existentes – reconhecendo o acordo futuro e compreendendo o perigo de suas alternativas – deveriam levar a negociações bem-sucedidas.”

Como resposta a opinião de Foqaha e Baltiansky, Noah Klieger, um jornalista israelense do Ynet e sobrevivente do Holocausto, afirmou num artigo publicado no Ynet: “Negociações de paz com palestinos não resultarão em nada, assim como ocorreu antes.”

Klieger questionou o que faria os palestinos se comprometerem agora, quando eles têm um vento de cauda os impulsionando após as orientações recentes promulgadas pela União Europeia (UE) que negam o financiamento da UE para entidades israelenses que operam além da linha verde (as fronteiras de 1967). As diretrizes sinalizam uma posição da União Europeia contra os assentamentos israelenses além destas fronteiras.

De acordo com uma pesquisa feita pelo Ha’aretzl, um jornal de centro-esquerda israelense, 55% dos israelenses estão dispostos a apoiar um acordo de paz num referendo, 25% estão dispostos a se opor a um acordo de paz com os palestinos.

No lado palestino, o Dr. Khalil Shikaki, do Centro Palestino de Pesquisa Política e de Opinião, compartilhou os resultados de uma pesquisa recente que constatou que a maioria dos palestinos, mais de 60%, está pronta para se comprometer e viver em paz com Israel em troca de um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como sua capital.

No tumulto que surgiu novamente em Israel e na Palestina, entre os que apoiam a solução de dois Estados e aqueles que se opõem a ela, muitos atores políticos não estão otimistas.

Israel se retirou do Sinai e de Gaza no passado, mas os assentamentos lá eram pequenos e relativamente poucas pessoas tiveram de ser evacuadas. A partição de Jerusalém está longe de ser resolvida por um consenso em Israel. Israel não reconheceu os refugiados palestinos como sendo, pelo menos parcialmente, de sua responsabilidade.

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