Prisão negra é fechada na China após protestos

30/04/2014 17:42 Atualizado: 30/04/2014 17:42

Um centro de detenção extralegal na China foi fechado em 28 de abril depois que chamou a atenção nacional e internacional para a detenção de praticantes do Falun Gong. Em seguida, uma série de advogados de direitos humanos viajou ao local na tentativa de resgatar esses praticantes detidos arbitrariamente.

“O Centro Qinglongshan de Lavagem Cerebral foi dissolvido hoje! Todas as pessoas detidas ilegalmente lá foram para casa!”, disse uma nota que foi compartilhada pelo advogado chinês Liu Jinbin e postada no Weibo, uma plataforma online chinesa semelhante ao Twitter.

“Nós nos sacrificamos muito, especialmente os dignos advogados e familiares de diferentes lugares. Isso se tornará parte dos anais da história!”, disse uma postagem escrita por um internauta que foi informado sobre o encerramento do Centro Qinglongshan por prisioneiros libertados, e que foi compartilhada amplamente online, inclusive por meio de vários advogados envolvidos na luta.

O fechamento da instalação ocorreu após meses de esforço de ativistas e advogados de direitos civis de toda a China, que escreveram cartas e viajaram ao local, e em alguns casos acamparam durante a noite e protestaram fazendo greve de fome.

No entanto, Liu Jinbin acrescentou que, embora a instalação tenha sido desativada, sete pessoas envolvidas no caso ainda estavam presas em outro lugar. Mas não se sabe com clareza a identidade desses sete.

O que Liu chamou Centro Qinglongshan de Lavagem Cerebral era formalmente chamado de “Núcleo de Educação Legal”, operado pela Administração Geral de Cultivo da Terra de Jiansanjiang e pelas autoridades de segurança pública locais, na província de Heilongjiang, que faz fronteira com a Rússia.

Em geral, instalações extralegais desse tipo são chamadas popularmente de ‘prisões negras’. Esta instalação foi estabelecida especificamente para encarcerar praticantes do Falun Gong, uma prática espiritual tradicional, e forçá-los a desistir de sua fé, frequentemente por meio de tortura física e mental. O Partido Comunista Chinês (PCC) começou uma perseguição brutal ao Falun Gong em 1999, que envolveu o aprisionamento em massa, tortura generalizada e mortes.

Como resultado de seus esforços para garantir a libertação de três praticantes do Falun Gong detidos na instalação Jiansanjiang, outros sete praticantes, familiares e quatro advogados foram detidos e espancados, segundo testemunhos das vítimas em entrevistas posteriores.

Blogueiros chineses calcularam que eles tiveram no total 24 ossos quebrados, devido aos espancamentos e tortura da polícia local: Tang Jitian teve fraturas em 10 costelas, Jiang Tianyong teve 8 costelas fraturadas, Wang Cheng teve 3 e Zhang Junjie outras 3.

Os advogados foram condenados entre 5 e 15 dias de detenção administrativa pelo Secretaria de Segurança Pública de Jiansanjiang em 22 de março sob a acusação de “usarem religiões heréticas para prejudicar a sociedade”, quando eles protestaram do lado de fora da prisão negra.

A detenção arbitrária, por sua vez, resultou em dezenas de outros ativistas se dirigindo ao Centro, os quais acamparam lá por 10 dias exigindo a soltura dos detidos. A polícia prendeu pelo menos 15 manifestantes.

O fechamento do Centro, embora não anunciado em websites oficiais, tem animado muitos internautas e ativistas. “24 costelas não foram quebradas em vão”, foi um comentário amplamente compartilhado.