Prisão feminina da China tenta mascarar torturas por detrás das paredes

15/02/2016 18:00 Atualizado: 15/02/2016 22:40

A prisão feminina de Jilin, na China, recentemente apresentou um desfile de moda extravagante em que participaram tanto prisioneiras como guardas. Entretanto, a exibição na cadeia de condições aparentemente progressistas não deve ser tomada como um indicador do que realmente se passa dentro destas paredes.

O Epoch Times fez recentemente um artigo sobre uma das prisioneiras, chamada Che Pingping. Dentro destas mesmas paredes, enquanto suas companheiras de cela estão desfilando, ela tem sido sujeita a tortura constante e lavagem cerebral devido às suas crenças.

A diferença é que Che é uma praticante de Falun Gong, uma prática espiritual que tem sido perseguida na China desde julho de 1999. Os adeptos da prática se dedicam a seguir os princípios de verdade, compaixão e tolerância em suas vidas diárias, e praticam cinco exercícios de meditação.

Prisioneiras e guardas prisionais vestidas para um desfile de moda na Prisão Feminina de Jilin, na China, em 3 de fevereiro (Captura de sina.com)
Prisioneiras e guardas prisionais vestidas para um desfile de moda na Prisão Feminina de Jilin, na China, em 3 de fevereiro (Captura de sina.com)

Che foi presa 9 vezes em 14 anos. As últimas informações de membros de sua família indicam que ela estava sendo forçada a se sentar em um banco minúsculo em uma sala sem aquecimento, um tipo de tortura que provoca dor intensa nas costas e nas nádegas.

Nada disto ficou claro para os chineses que clicaram nos links da galeria presente no “Sina Photos”, um site popular na China. A galeria com oito fotografias, que incluem descrições como “música animada, posturas graciosas, trajes em estilos diferentes e um sorriso feliz com confiança: 40 guardas prisionais do sexo feminino e 40 prisioneiras juntas desfilando na passarela”.

Outra foto diz: “Os figurinos são desenhados pela Sra. Ren, que está há 10 anos na prisão. Este é o terceiro ano que a Sra. Ren é a figurinista, e ela vai ser solta este ano. Seu maior desejo agora é fazer um vestido para sua filha que está no colegial.”

O efeito geral do evento é de criar a impressão de que a prisão feminina de Jilin é um lugar humano para o encarceramento da população feminina.

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Inclusive a lei diz: A Lei de Prisão de República Popular da China está listada no site oficial da “Jilin Province Prison Administration Bureau” e a cláusula 14 proíbe a tortura e o abuso de detentos.

Entretanto, estas regras não valem para aqueles que são presos por motivos políticos. Além de Che Pingping, há também o caso de Zhang Jie, uma dona de casa que foi condenada a 6 anos de prisão em 2009 pelo crime de “reunir multidão para perturbar a ordem social”.  Na realidade, ela apenas protestou algumas vezes, pacificamente, em frente aos edifícios oficiais pedindo por justiça. O caso dela foi documentado pelo website de direitos humanos “Chinese Human Rights Defenders”.

Zhang vinha tentando obter uma retificação pela demolição da casa de sua irmã por promotores imobiliários que agem em conluio com autoridades locais.

A prisão feminina de Jilin recusou o pedido de fiança médica de Zhang, apesar de sua má saúde a deixar incapaz de cuidar de si mesma. Após a irmã mais nova de Zhang, Zhang Xiaoyan, entrar com uma ação contra a prisão por conduta ilegal, a moça desapareceu.

Casos como o de Zhang Jie e Che Pingping acontecem no outro lado das prisões da China, e são censurados, em vez de serem exibidos em coloridas fotos de galeria.