Primeiros passos de líder chinês não mostram esperança pela reforma

22/11/2012 14:08 Atualizado: 22/11/2012 14:08
O novo líder chinês Xi Jinping na sessão de abertura do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês em Pequim em 8 de novembro (Feng Li/Getty Images)

Nas semanas que antecederam o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC), o novo líder chinês Xi Jinping disse que a reforma política deveria avançar num ritmo mais rápido.

Agora que Xi Jinping garantiu sua posição como novo líder da China, alguns são da opinião de que ele não é tão proativo como esperado.

He Qinglian, uma proeminente autora e economista chinesa, escreveu em seu blogue a respeito do silêncio de Xi Jinping sobre a questão da reforma política tão logo ele se tornou o novo líder.

“Com base em diversas fontes de informação pública, eu acredito que a maior diferença entre Xi Jinping e Hu Jintao esteja em seus estilos e não em suas direções”, escreveu He Qinglian.

A Sra. He resume sua visão sobre o discurso do líder Xi Jinping (depois de assumir o leme) em três pontos:

Primeiro, Xi Jinping prometeu mais “pão”, sem se comprometer com a democracia.

Enquanto He Qinglian crê que o primeiro discurso de Xi Jinping como novo líder do PCC tenha sido mais sincero do que o discurso dado primeiro por Hu Jintao, o líder que se aposenta, ela pensa que Xi Jinping ficou a desejar por nem sequer abordar a reforma política. Ela caracterizou seu discurso, intitulado “O anseio das pessoas por uma vida melhor é o nosso objetivo”, como um “contrato de pão” que por direito incluiu a educação, emprego, renda, seguro social, saúde e condições de vida. Mas, na opinião da Sra. He, Xi Jinping falhou em não dizer uma única palavra sobre a reforma política.

He Qinglian percebe que a maioria dos chineses está satisfeita com o “contrato de pão”. Ela disse, “Ele compreendeu a natureza humana dos cidadãos. Para 90% do povo chinês, prometer-lhes ‘pão’ é suficiente.”

Segundo, Xi Jinping nunca teve a intenção de dar o poder de volta ao povo.

A Sra. He observou que não há indicação de Xi Jinping acreditar que um grave problema de direitos humanos ainda exista na China. “Comparado com a terceira e quarta gerações de liderança chinesa, Xi Jinping se importa menos ainda com as críticas da comunidade internacional a respeito do status da China sobre os direitos humanos […] o estilo de Xi Jinping é diferente dos de Jiang Zemin e Hu Jintao, ele resistirá com mais força.”

He Qinglian deu exemplos da mentalidade pró-comunista que Xi Jinping demostrou ao longo de sua carreira:

Xi Jinping junto com Zhou Yongkang (quando estava no comando dos preparativos para os Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim) lançou um “Modo de Segurança Olímpico”, uma enorme operação de segurança em Pequim, incluindo 24 horas de monitoramento de dissidentes.

A mídia estrangeira condenou as medidas de segurança. Xi Jinping teria dito, “Isso não tem nada a ver conosco, gostem os outros ou não. Num mundo tão grande, há uma variedade de coisas incríveis. Se tirarmos os pássaros discutindo ferozmente na gaiola, a gaiola não será movimentada com barulho e empolgação.”

Durante sua visita ao México em fevereiro de 2009, Xi Jinping surpreendeu o mundo com observações agressivas sobre observadores externos da China. “Alguns estrangeiros com barriga cheia e nada melhor para fazer se envolvem em apontar o dedo para nós. Primeiro, a China não exporta revolução, segundo, não exporta fome e pobreza, e terceiro, não incomoda vocês. Então, o que há mais para dizer?”

A Sra. He prevê que as tendências antiquadas de Xi Jinping influenciarão sua diplomacia, “Agora, Xi Jinping foi nomeado chefe do PCC, sua ‘declaração dos três nãos’ [acima] deve orientar suas políticas diplomáticas no futuro.”

Terceiro, Xi Jinping fala diretamente, sem medo de dizer “não”.

Como uma escritora que analisa questões chinesas, a Sra. He acredita que é seu dever informar o público sobre a diferença entre fatos e promessas vazias. Ela dá crédito a Xi Jinping por dizer as coisas como são.

Com base em fontes publicadas, a Sra. He concluiu que Xi Jinping raramente disse palavras bonitas, mas impraticáveis. Como um oficial distrital, Xi Jinping disse uma vez, “Não venha com muitos comentários e inovação. O que importa é a ação.”

Em outro exemplo, a Sra. He ressalta que Xi Jinping recusa abertamente qualquer coisa que não queira fazer. Quando Xi Jinping se reuniu com o presidente Obama em março de 2012, o presidente propôs que as duas nações tivessem um solene diálogo militar, para o qual Xi Jinping abruptamente respondeu: “Não.”

No mesmo tom, He Qinglian resume seus três pontos em poucas palavras, “Eu acredito que, se Xi Jinping não mencionar a reforma política, o povo não deve sonhar que ele a esteja planejando; pelo menos, ele nunca manifestou esta intenção. Xi Jinping quer lutar contra a corrupção e acredito que ele seja sincero; no entanto, se ele será bem-sucedido não depende dele, porque ele enfrenta um sistema totalmente corrupto. Se o sistema não for alterado, a corrupção não será eliminada.”

Epoch Times publica em 35 países em 19 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT