O primeiro-ministro vietnamita Nguyen Tan Dung tem criticado abertamente a nova plataforma de petróleo de perfuração em águas profundas da China numa zona marítima disputada e acusou os líderes chineses de ameaçarem a paz na região.
Ele disse que a China enviou navios de perfuração para águas disputadas perto do Vietnã, que foram escoltados por 80 navios armados e aeronaves militares. Ele disse que os navios chineses criaram grande alvoroço com suas mangueiras e jatos d’água e que se chocaram contra navios vietnamitas, ferindo vários passageiros a bordo.
Um funcionário chinês admitiu nesta quinta-feira que navios chineses usaram canhões de água contra navios vietnamitas, mas alegou que navios da Marinha chinesa não estavam presentes, segundo a Associated Press (AP). Yi Xianliang, vice-diretor-geral do Departamento de Assuntos de Fronteira e Oceânicos da China, em seguida acusou os navios vietnamitas de baterem em navios chineses.
O incidente ocorreu em 4 de maio, quando a empresa petrolífera estatal chinesa CNOOC começou a estabelecer uma plataforma de petróleo a 120 milhas náuticas do Vietnã, em águas reivindicadas pelo Vietnã e pela China. Ambos os países teriam enviado navios de guerra para a área e navios chineses teriam se chocado propositalmente contra dois navios vietnamitas.
Um vídeo do incidente foi publicado online. Ele mostra um grande navio chinês armado abalroando e perseguindo um navio da guarda costeira vietnamita. O vídeo mostra um dos passageiros vietnamitas deitado com um ferimento na cabeça e uma imagem do lado danificado do navio vietnamita.
Os navios chineses parecem ser da guarda costeira chinesa, no entanto, eles estavam armados e vinham acompanhados por aviões chineses.
No dia seguinte ao incidente, a China anunciou que continuará a perfuração de petróleo em águas próximas às Ilhas Paracel, território disputado localizado no Mar do Sul da China.
Mais reação
Nguyen Tan Dung acusou a China de violar o direito internacional com sua plataforma de perfuração em águas profundas e disse que as ações da China “foram extremamente perigosas e uma ameaça direta à paz, à estabilidade e à segurança, especialmente à segurança marítima no Mar do Leste [o Mar do Sul da China, conforme chamado pelo Vietnã]”.
Ele também convidou outros países da ASEAN e indivíduos em todo o mundo a falarem contra as ações da China em águas disputadas e a apoiarem o Vietnã.
Nguyen Tan Dung não parou por aí. No domingo (11), cartazes sobre uma nova campanha de conscientização pública foram publicados em seu website, cheio de slogans patrióticos vietnamitas e imagens que condenam a China. A maioria deles está estrita em vietnamita, mas alguns em inglês dizem: “O Vietnã pede a paz, a China responde com a guerra!” e “China, saia das águas do Vietnã!”
O povo vietnamita se manifestou contra a China no sábado e no domingo. Mais de mil pessoas se reuniram em frente à embaixada da China em Hanói no domingo para protestar contra a plataforma de petróleo da China em águas próximas disputadas. De acordo com um veterano militar entrevistado pela AP, o protesto do povo vietnamita contra o regime chinês foi o maior na história do Vietnã.
O protesto seguiu um protesto semelhante fora do consulado chinês na cidade de Ho Chi Minh, quando cerca de 100 pessoas se reuniram para protestar contra as ações da China. De acordo com a AP, os protestos foram acompanhados por uma declaração amplamente divulgada no Facebook que dizia: “Diante o perigo da agressão chinesa que se aproxima do sagrado Mar do Leste, uma fonte de subsistência dos vietnamitas por gerações, estamos determinados a não ceder.”