Pretenso desertor chinês pode ter revelado a oficiais dos EUA detalhes de um golpe na China

16/02/2012 03:00 Atualizado: 16/02/2012 03:00

(Da esquerda para a direita) Zhou Yongkang, Secretário do Comitê Central Político-Legislativo do Partido Comunista Chinês (PCCh) em 2007; Bo Xilai, Secretário do Comitê Municipal de Chongqing do PCCh em março de 2011; e Hu Jintao, atual presidente chinês, no encontro com líderes da UE no Grande Salão do Povo em Pequim em 15 de fevereiro. (Da esquerda para a direita: Teh Eng Koon, Feng Li e How Hwee Young/AFP/Getty Images)De acordo com um proeminente website mantido por dissidentes citando fontes internas do regime, dois oficiais de alto nível do Partido Comunista Chinês (PCCh) conspiraram para interferir na ascensão de Xi Jinping ao ápice do PCCh e assumir o controlo das forças de segurança de modo a forçar Xi a abdicar do poder.

A informação acerca da conspiração foi provavelmente partilhada com os oficiais consulares em Chengdu por Wang Lijun, o ex-vice-prefeito de Chongqing, que provocou uma tempestade com uma recente tentativa de deserção.

“Wang Lijun está para ser investigado em Pequim, ele provavelmente já facultou informação acerca da conspiração de Zhou Yongkang e Bo Xilai para interferir na tomada de poder de Xi Jinping”, escreveu o Boxun.

Wang Lijun foi o braço direito de Bo Xilai, o chefe do Partido Comunista na metrópole centro-oeste de Chongqing. Zhou Yongkang é o atual chefe das forças de segurança do Partido Comunista. Xi Jinping é o vice-presidente do PCCh e atualmente visita os Estados Unidos.

“Eles prepararam um plano completo para atacar Xi”, diz o artigo do Boxun, de acordo com suas fontes, descritas como sendo de alto nível. “Este plano seria aplicado após o Ano Novo Chinês. Seriam lançadas diversas acusações e críticas sobre Xi na mídia estrangeira. Isto enfraqueceria o poder de Xi e ajudaria Bo a assumir a posição de secretário do Comitê Político-Legislativo.”

O Ano Novo Chinês este ano ocorreu entre 23 de janeiro e 6 de fevereiro. Wang Lijun chegou disfarçado ao consulado dos Estados Unidos em Chengdu ao anoitecer de 6 de fevereiro.

O Boxun é gerido por chineses pró-democracia e ativistas de direitos humanos residentes fora da China. Rumores online comentam que membros dentro do Partido que se opõem a Bo Xilai podem estar usando-o como um canal para publicar informação acerca das maquinações internas do Partido.

O website foi o primeiro a publicar notícias sobre a tentativa de deserção e a presença de dúzias de carros de polícia ao redor do consulado dos Estados Unidos em Chengdu em 6 e 7 de fevereiro, tudo isto confirmado mais tarde.

O Comitê Político-Legislativo é um órgão de poder chave dentro do Partido Comunista que está encarregado dos tribunais, procuradorias e forças de segurança na China, incluindo a polícia.

“Uma vez que Bo assuma o controlo da polícia armada e do sistema de segurança, ele forçará Xi a entregar o poder quando chegar o momento certo”, diz o artigo do Boxun.

O Boxun cita suas fontes dizendo que Wang Linjun provavelmente entregou provas sobre esta questão aos Estados Unidos.

As revelações do Boxun concordam em parte com as afirmações de Bill Gertz, um escritor especialista em assuntos de segurança nacional e sobre a China. No Washington Free Beacon, um website editado por ele, Gertz escreveu que, de acordo com oficiais norte-americanos, Wang providenciou informação sobre a corrupção entre os oficiais de alto nível, as ligações de Bo Xilai ao crime organizado e detalhes sobre a repressão aos dissidentes na China.

A narrativa de Gertz sobre “uma discussão acalorada” entre o ministro da Segurança de Estado e um oficial sênior de Chongqing do lado de fora do consulado norte-americano sobre quem deveria ter a custódia de Wang, citadas por um oficial sênior norte-americano, também está de acordo com o relato de uma cena idêntica reportada pelo Boxun vários dias atrás, informação essa vinda de fontes de dentro do Partido.

Gertz escreve que de acordo com suas fontes, Zhou Yongkang, o czar da segurança do Partido Comunista, tomou o controlo de Chongqing de Bo Xilai e não autorizou mais investigações ou ações contra Bo.

Gertz reportou que o embaixador dos Estados Unidos, Gary Locke, recomendou que fosse concedido asilo a Wang Lijun, mas a Casa Branca não aceitou devido a não querer perturbar as relações com a China tão perto da visita de Xi Jinping aos Estados Unidos.

Acredita-se que Wang tenha divulgado muita informação sobre as operações internas do Partido Comunista, que foram registadas e enviadas a Washington durante a noite. O Epoch Times reportou o envolvimento de Wang, desde 2006, na execução e extração ilegal de órgãos de prisioneiros, muitos deles provavelmente praticantes do Falun Gong detidos por suas crenças.