Uma gama de ideias tem sido concebida sobre como corrigir o atual desequilíbrio entre a liberdade de mídia ou acesso à informação na China e nos Estados Unidos: jornalistas americanos que trabalham na China são regularmente perseguidos e têm seus vistos negados, enquanto os jornalistas chineses – incluindo funcionários de propaganda empregados pelo regime chinês – circulam livremente pela América.
Para corrigir este desequilíbrio, uma pesquisadora norte-americana sugeriu num artigo recente que os Estados Unidos devem acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e mover uma ação contra a China para pressioná-la a abrir seu mercado de mídia.
Aynne Kokas, uma pesquisadora do Instituto Baker para Políticas Públicas da Universidade Rice, propôs a ideia num papel recente intitulado “Construindo uma web transparente: Mídias sociais transnacionais, cibersegurança e comércio sino-americano“.
“O governo dos EUA deve registrar uma queixa de comércio na OMC por causa do acesso preferencial aos mercados estrangeiros que as empresas chinesas recebem”, escreveu Kokas. E continuou: “O governo dos EUA deveria impor maiores restrições às empresas de mídia chinesas que querem levantar capital nos mercados dos Estados Unidos até que haja maior paridade de acesso entre os mercados.”
Censores chineses bloquearam as mídias sociais dos EUA, como Twitter, Facebook e YouTube, permitindo que versões “clonadas” – como Weibo, Renren e Youku, respectivamente –, que o regime comunista pode controlar, dominem o mercado nacional.
Websites chineses e empresas de mídia social – cujo sucesso algumas devem ao bloqueio chinês de qualquer concorrente estrangeiro – levantaram mais de US$ 43 bilhões no mercado de capital dos Estados Unidos. Outras formas de mídia, incluindo televisão e jornais, também sofrem com o comércio desigual entre a China e os EUA.
A China restringe regularmente os jornalistas estrangeiros que operam em seu solo. Um número de repórteres do New York Times foi forçado a deixar a China porque tiveram seus vistos negados, enquanto vários outros jornalistas e mídias ainda aguardam visto.
As autoridades chinesas têm efetivamente impedido as empresas de mídia dos EUA de competir na China por causa de uma série de restrições à internet e a licenças de imprensa e transmissão. De fato, nenhuma empresa de mídia estrangeira pode operar livremente na China.
Os meios de comunicação chineses têm acesso irrestrito ao mercado dos EUA, no entanto. Ao mesmo tempo, entre as centenas de jornalistas chineses enviados aos Estados Unidos e mundo afora anualmente, muitos operam como agentes de inteligência, segundo o congressista americano Dana Rohrabacher (R-CA). Ele disse que essas pessoas coletam informações sobre dissidentes no exterior e outros grupos de interesse para a liderança chinesa.
“Por que estamos dando vistos para espiões chineses?”, perguntou Rohrabacher no título de um artigo publicado no ano passado.