O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, criticou ontem (15) a “interferência” da União Europeia (UE), que no domingo criticou as detenções na Turquia de diversos jornalistas opositores ao seu regime.
“A União Europeia não pode interferir nas medidas tomadas (…) no quadro legal, contra elementos que ameaçam a nossa segurança nacional”, afirmou Erdogan, em declarações transmitidas pela televisão.
“Apenas [a UE] devem meter-se nos seus assuntos”, acrescentou.
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Em paralelo, a polícia turca prosseguiu ontem, entre fortes medidas de segurança, com os interrogatórios de mais de 20 jornalistas com ligações ao movimento do pregador islamita Fethullah Gulen, detidos desde domingo sob a acusação de participação em “organização terrorista”.
Cerca de 500 manifestantes concentraram-se ontem em frente à direção geral de segurança, onde ocorrem os interrogatórios, aguardando a libertação dos detidos, numa operação dirigida contra 31 pessoas.
Segundo a agência noticiosa Anadolu, três dos 27 detidos – guionistas e produtores de uma popular série do canal Samanyolu – foram libertados na manhã de ontem após interrogatórios.
Os detidos ocupam, na sua maioria, cargos de direção na mídia visada, apesar de também terem sido detidos diversos policiais, todos com supostas ligações com a Gulen.
As detenções de domingo assinalam uma nova etapa do conflito que opõe Erdogan à organização de Fetullah Gulen, designada “hizmet” (o serviço), desencadeado no final de 2013 e que implicou no fim da sua “aliança” com o Partido da Justiça do Desenvolvimento (AKP, no poder desde 2002) e liderado pelo atual chefe de Estado.
Apoiante incondicional do governo do AKP, e considerado muito influente na polícia e na justiça turcas, a confraria de Gulen entrou em rota de colisão com o executivo após a decisão de Erdogan, então ainda primeiro-ministro, de encerrar as escolas de apoio escolar privado, uma importante fonte de receitas do “hizmet”.
O movimento Gulen, até então o aliado mais forte de Erdogan e do AKP – e com influência nos meios judiciais, policiais e midiáticos – foi então acusado de formar um “Estado paralelo” e convertido no principal inimigo do governo.
Gulen vive exilado nos Estados Unidos desde 1999, quando foi acusado de tentar converter a República secular da Turquia, fundada em 1923, num Estado islâmico.
A sua rede é conhecida como um movimento religioso transnacional com atividades em diversos campos, incluindo saúde, educação e financiamento de meios de comunicação.
Ancara acusa agora o seu antigo aliado de atuar contra o governo em cooperação com a justiça e a polícia.
A mídia favorável ao AKP congratulou-se hoje com a operação, enquanto outros a definiram como um ataque à liberdade de imprensa e à democracia.
“O dia negro da democracia”, declarou ontem em manchete do diário Zaman, cujo diretor, Ekrem Cumanli, é um dos detidos.
Os interrogatórios deverão estar concluídos a partir de hoje, antes de a justiça decidir sobre a libertação ou detenção dos suspeitos.
Editado por Epoch Times