A barragem com rejeitos de mineração que se rompeu em 5 de novembro do ano passado, matando 17 pessoas com uma torrente de lama, não será reconstruída, segundo o presidente da empresa Samarco, dona da instalação.
Ricardo Vescovi, em uma entrevista publicada no sábado (26/12) pelo jornal Folha de São Paulo, disse que não há intenção de reconstruir o lugar, considerando tudo o que o acidente representa para a população e para a empresa em seus 38 anos de existência.
O presidente calcula que levará pelo menos seis meses ou até um ano para saber exatamente o que aconteceu no dia da tragédia.
Vescovi negou que resíduos de mineração da Vale – acumulados junto à barragem de Fundão, que se rompeu – tenham contribuído para desestabilizá-la. Afirmou que esta probabilidade é pequena, já que a pilha de rejeitos está intacta, assegurando que os resíduos não continham metais pesados.
Ele acrescentou que os resíduos de minério de ferro não são tratados com metais pesado, por isso a lama da Samarco pode ser considerada não tóxica e inerte. A ONU, porém, sustenta que os rejeitos são tóxicos.
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Vescovi também negou que as barragens do Fundão e sua vizinha Germano estivessem unificadas, ao contrário do que disse o responsável da Samarco pelo meio ambiente, Euzimar Rosado, no dia do acidente, especificando que foram autorizados a levantar as paredes de 920-940 metros. No dia da tragédia, Fundão operava a 898 metros.
O deslizamento de terra que soterrou a cidade de Bento Rodrigues é considerado a maior catástrofe ambiental da história do Brasil, segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
A torrente de lama e resíduos de mineração percorreu mais de 650 km no leito do rio Doce, através dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, antes de desaguar no Oceano Atlântico, onde também causou danos ambientais.
Na quinta-feira (24/12), a Samarco anunciou que irá pagar 25.600 dólares para cada família dos 17 falecidos, como uma antecipação de sua indenização, até chegar a um acordo com os fiscais de Minas Gerais.